+TWENTY_ONE+

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O apartamento de Jungkook estava silencioso e escuro. À primeira, nem estranhei. Jungkook adora o escuro, principalmente a noite. Ele ficava à janela, apenas olhando para as estrelas, como se nada existisse à sua volta. Conversando com elas. Não que ele falasse ou murmurasse algo, mas eu gostava de pensar isso. Talvez conversando com sua irmã até. Talvez.

No entanto, algo não estava certo.

Não havia vestígios da sua pessoa ter sequer entrado dentro de casa. Pelos cálculos, quando ele saiu do esconderijo dos garotos, chovia torrencialmente. E isso fora á nada menos que uma hora. Ou seja, devia haver pegadas molhadas e vestígios de lama, ou pelo menos as sapatilhas que ele usava estariam à entrada.

Ignorei esse facto e chamei pelo seu nome. Sem resposta.

Fui à cozinha, pequena e aconchegante. De facto, ele não parecia estar no apartamento, senão notaria logo a minha presença. E acredite, Jungkook não se esconde das suas presas.

O que achei estranho era estar o diário dele aberto quase na lateral da mesa. Peguei nele e numa folha de linhas solta com rabiscos.

Apenas continha nomes de ruas aleatórias e coordenadas.

Ia guardando o diário no quarto quando, passando pela arrecadação, a vejo ligeiramente aberta. A minha curiosidade vem ao de cima e eu espreito. A porta secreta saltava logo à vista e uma luz alaranjada saía pela mesma.

Me agachei, ainda com o livro e o papel de linhas na mão durante alguns segundos, até ver aquele lugar. Deixei cair ambos os objetos instintivamente.

O local, outrora simples, causava arrepios na espinha.
Tinha papéis nas parede e linhas os marcando, como se estivesse procurando pelo mistério mais intrigante no mundo.

Olhei para o chão e o diário se destacava. A folha, no entanto, não. Isto porque ela era completamente igual às restantes espalhadas pelo chão, com coordenadas e palavras sem sentido.

Me sentei na cadeira, que pouco tempo antes prendia a minha única amiga, Lee. Suspirei.

Onde te meteste, Jungkook?

Levei a mão direita à cabeça, a massajando, com os olhos pressionados. De facto, ele fora a algum lado.

- 'Assuntos de família'... mas que porra?!

Abri o diário, esperando que houvesse um milagre capaz de me responder a todas as perguntas formuladas na minha mente.

E por momentos, senti pena.
Pena por deixar Jungkook se autodestruir e eu não fazer nada.
Senti pena de mim própria. Como sou fraca.

Parei os meus pensamentos causados pela baixa auto-estima e encarei uma página arrancada. Fiquei chocada ao encontrar, numa pagina marcada, algo que sempre esteve em frente aos meus olhos.

"Eu vou te apanhar mamãe." Estava sublinhado a tinta preta.

Ele foi à procura da mãe?

Fechei o diário. Me levantei rapidamente e caminhei, quase aos pulos e quase tropeçando pelo caminho nas folhas espalhadas. Comicamente me lembrava o Outono.

Olhei para o quadro cheio de fotos e mapas aleatórios. Uma rua ligava à outra e assim sucessivamente, mas eu não via nenhum ponto morto.

Até que me lembrei. Quem sabe melhor alcançar um detetive, que um detetive?

Peguei no telemóvel e digitei o número.

O nome Kim Taehyung apareceu na tela que iluminava o lugar. Já que, uma pequena lâmpada no canto da sala não iluminava por completo.

•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora