+THIRTY_THREE+

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O coração bate forte, mas não o sinto, não diretamente. As pulsações nas veias do pescoço e pulsos são mais fortes que o tambor repetitivo no próprio peito.
E o pai nem é meu.

Não consigo ver a expressão de Jungkook, e mesmo que conseguisse, não me atreveria a querer ver. Não quero ficar com essa expressão na minha memória. Já muitas suas lá tenho. Não quero mais nenhuma para a coleção.
Afasto qualquer recordação que poderia vir a ocupar a minha mente, e consequentemente, a minha visão.
A minha curiosidade sobrepõe a tormenta, e por isso não perderia a cena por nada.

Tenho o impulso de abrir a porta do carro para ver a cena de perto, sou impedida. Impedida por mim própria.

Jungkook foi bem explícito. Não sair do carro.

Jungkook, encontrado bem à frente, não expressava o seu choque. Talvez não houvesse nenhum, talvez ele ainda nem tenha processado a situação no geral. Mas processou, e bem.
Ao contrário de Jimin, olhos três vezes maiores que o seu estado atual, lábios entreabertos e respiração descompassada; Yoongi, que apesar do seu som de choque, pouco o expressava, mas o seus corpo falava por si só: o lábio superior tremia ligeiramente, estava gélido, petrificado, agarrado ao cinto de couro, escondendo a arma; Jungkook estava tenso, as pálpebras tremiam e os olhos extremamente intimidantes, cheios de ódio e uma surpreendente tristeza. Tomara que não fosse assim, pensava ele. Tomara que fosse diferente.
Mas Jungkook já esperava por isto, pela choque, apesar do não prever totalmente o estado do seu pai, Aouviu claramente as palavras da menina que preenchia a sua mente. Só a ignorava pois era mais fácil enfrentar depois. Mais tarde.

O senhor Jeon se ajeita na cadeira de rodas, já muito usada.
Estava a ficar abafado dentro do carro, pelo que o clima se tornou ainda mais tenso. O meu corpo claramente reagiu: uma gota de suor no canto da testa, porém no pique do lábio superior, não. Ainda não.
Tal como Jimin, a sua irmã começou a respirar de forma irregular, mas o choque não era tanto, ainda que a dose não fosse pouca para seu desagrado.

O homem já nos seus quarentas, em estimativa, tinha umas rugas no conto de ambos os olhos, desde os cantos do nariz até se dispersar e perder por entre os cantos da boca e as bochechas. A sua aparência era estranhamente convidativa, com fato preto bem engomado, camisa social branca e uma gravata de tecido invejável, do tipo que jamais poderei comprar.

Ele encara os três vultos que fazem por se ver e os seus olhos brilham. Com certeza não é de felicidade.
O homem então acena para o suposto guarda-costas e este puxa a cadeira no segundo seguinte.
A menina quase necessita conter o pequeno riso romper pelos seus lábios, porque após ver a sua face, não associou às histórias horríveis, como se fosse alguém totalmente diferente. Não o temia nem entendia o temer do homem musculoso, esbelto e bem mais alto e capaz que ela.

- Ora, ora.
A sua voz ecoa a rua, o carro tranca automaticamente atrás de si e os faróis brilham um alaranjado. Pareciam holofotes sendo preparados antes de uma performance. E que espetáculo.

Jungkook pressiona os dentes, sem ranger, tornando a sua face mais predominante, os músculos da cara tensos.
Jimin fica de garganta seca mas recompõe-se, olhando de raspão o amigo órfão à sua esquerda apenas para encontrar um Jungkook aparentemente calmo e depois para Yoongi que, no seu oposto, já continha um sorriso medonho predominante no canto direito da face, mostrando o desejo por adrenalina e antecipação.

- Vejo que vieste visitar a tua mãe. Bom menino sempre foste.
Ele parece estudar o menino de cima a baixo, o homem que se tornara, de perto. A primeira vez que o via a sete metros de distância, em muito tempo.
Acaba a frase com um sorriso que contrasta a sua cara e a menina remexe no lugar.

•Psycho• >> JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora