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Nota de Autora

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– Por favor, responde-me, Ryan... – pedi, um pouco desesperada por ele não me ter dado uma resposta.

Olhei-o com nervosismo, observando-o enquanto ele passava as mãos pelo cabelo e evitava o meu olhar. As chamas percorreram toda a cera disponível e apagaram-se.

Porque é que eu estava nervosa? Para começar, não era só nervosismo. Tinha sido surpreendida. Em segundo, por muito mau que eu soubesse que era, eu não gostava de me dar com pessoas com notas baixas. Considerava-as demasiado infantis para perceberem o que a escola significa. Saber que andava a passear com um rapaz de dezoito anos, mas que, contudo, andava no nono ano do ensino básico, era uma ironia gigante.

– É complicado – finalmente falou, o que me tranquilizou um pouco. Suspirei de frustração, voltando a fixar o meu olhar no seu quando finalmente ambos se cruzaram, pedindo silenciosamente por uma explicação. Como assim complicado?

– Complicado? – inquiri. Agora que o observava bem, Ryan podia perfeitamente ter dezassete anos quando o conhecera. Porém, eu pensara apenas que ele fosse um rapaz de, no máximo, quinze anos, que atingira a puberdade mais cedo que os restantes.

– Eu não considero que tenha chumbado ano algum – disse, e eu franzi o sobrolho.

– Como é que chumbas tantos anos e consideras que não chumbaste nenhum?

– É complicado, já disse – repetiu, parecendo tanto nervoso como frustrado. Talvez até triste. – Tem a ver com o meu passado e eu não gosto de falar disso.

– Podes dizer-me – tentei encorajá-lo. – Podes confiar em mim.

Ele sorriu, mas depois sacudiu um pouco a cabeça e vislumbrei o seu sorriso a desaparecer num ápice. Olhou para mim, voltando logo de seguida a fixar o bolo de aniversário improvisado.

– Por que é que devo confiar em alguém que não confia em mim? – demandou, focando a atenção na minha reação por um segundo, mas depois voltando a baixar o olhar.

Paralisei. Ele tinha razão. Não lhe contei o segredo que ele me pediu que contasse e agora eu estava a pedir-lhe que expusesse o dele. Por um lado, parecia algo injusto, mas, por outro, se pesássemos na balança, era justo que ele me dissesse a razão de me ter omitido tal coisa. Como podia eu ter a certeza de que não me estava a mentir e de que tinha mesmo dezoito anos?

Após minutos de reflexão, a verdade de que era uma injustiça eu estar a perguntar-lhe aquilo invadiu a minha mente, e não consegui encontrar uma resposta para a sua pergunta.

– Eu... – comecei, apesar de saber não ir continuar. Não tinha nada para dizer, por mais que quisesse.

A minha tentativa de falar foi interrompida por o empregado trazer a conta. Ryan pagou em dinheiro, não proferindo qualquer palavra, e levantou-se. Percorremos o centro comercial até à paragem de autocarros completamente em silêncio, ele parecendo absorvido nos seus pensamentos. Caminhava com o olhar posto no chão, como se se encontrasse a leste dali.

Quando o autocarro chegou, Ryan pagou os dois bilhetes, provavelmente por ainda sentir que o devia fazer por ter sido ele a convidar-me. Se o clima entre nós estivesse diferente, eu teria ripostado, mas naquele momento não me pareceu que fosse ajudar em nada.

Nem Todos Os Espelhos RefletemOnde histórias criam vida. Descubra agora