Aurora; A filha da Escuridão [revisão]

Capitulo 3;

Quando acordo vejo a porta da varanda, me pergunto se fui eu fechei na noite anterior ou não, como sou sonâmbula penso que posso ter aberto durante a madrugada, então desço para a cozinha para tomar o café da manhã, ao me aproximar da geladeira observo um bilhete, que provavelmente foi deixado por Cal, nesta manhã.

"Aurora como você sabe meu trabalho é imprevisível, ontem à noite meu chefe me ligou me pedindo para ir na sede da empresa, na antiga cidade que morávamos, e precisarei ficar por lá por uma semana, para não te causar nenhum tipo de desconforto, vou sozinho e ficarei na nossa antiga casa, pedi para a vizinha ficar atenta a qualquer necessidade que você tenha, fique bem, e até logo.

_ Cal"

Vou passar uma semana sozinha, com uma desconhecida "tomando conta" de mim, não me parece ruim, só é estranho como ele consegue fazer amizade com a vizinhança tão rápido. Bem, eu imagino que a semana não vai passar tão devagar e logo Cal estará de volta e assim vamos comemorar meu aniversário juntos, mesmo que atrasado.

Infelizmente não faço ideia do que fazer durante esse dia de sexta-feira, e o dia de sábado, domingo talvez eu durma o dia todo para me preparar psicologicamente para a segunda, e dar início novamente a uma escola, completamente nova onde provavelmente não vou conseguir me enturmar, afinal. Vai ser uma estranha entrando em uma turma que já formada, no fim do ano.

Enquanto eu como, ouço a campainha tocar, e vou atender imaginando que seja a vizinha que meu pai pediu para me ajudar no que eu precisar, quando abro a porta vejo um garoto com o cabelo bagunçado e óculos, parecendo que ainda estava de pijama, segurando um pote, claramente de mal humor, encaro ele esperando dizer alguma coisa, mas aparentemente ele não dormiu durante a madruga e deve estar dormindo em pé, então me pronuncio.

- Olá, quem seria você?

- Ah oi, minha mãe pediu para te trazer esse bolo que ela fez pra você e para o seu pai. Bem-vindos e tchau – diz ele me entregando o pote e saindo.

- Obrigado, eu acho – digo a última coisa fechando a porta e sussurrando ao mesmo tempo.

Aquele garoto é meio estranho, mas tudo bem, dou uma olhada no pote, e nele tem um bilhete para meu pai, aparentemente não foi ele que fez amizade rápido, mas sim o seu charme atraiu a atenção da coroa. Como não é como se ele estivesse aqui para ler o bilhete ou comer o bolo, eu acabo devorando tudo sem pensar duas vezes, e bem, não iria me importar se os dois acabassem se relacionando, contanto que o filho dela ficasse longe de mim e ela fizesse bolo toda vez que fosse ver Cal, eu estaria totalmente feita.

Volto para o meu quarto, e decido passar um tempo olhando a vista da varanda, daqui consigo ver o céu azul e limpo, com poucas nuvens e a floresta profunda que me da calafrios quando fico observando por muito tempo, olhando para baixo vejo o meu futuro jardim, onde pretendo plantar umas tulipas e algumas rosas, uma bela piscina, talvez eu dê uma mergulhada depois do almoço, e fique até enjoar. Paro de observar a paisagem quando começo sentir uma sensação de que tem alguém me observando, começo olhar por tudo até que vejo o garoto que veio entregar o bolo. Assim que ele percebe que eu vi, que estava me observando saí da janela e fecha tudo, acho estranho essa situação, até perceber que eu ainda estava de pijama, e não querendo ser chata mas já sendo, eu imagino que um cara como esse nunca viu uma garota do jeito que eu estou.

Saio da varanda, e decido assistir um pouco na sala, acho que realmente vou precisar me acostumar com a solidão, ou minha própria companhia. Na tv não tem muitos programas legais para assistir, então fico rodando a Netflix, até encontrar um filme de terror bacana para ver agora durante o dia. Por estar sozinha, e ficar sozinha durante um tempinho não vou poder assistir filmes assustadores de madrugada, a sensação de insegurança vai ser imensa, principalmente por estar em uma casa completamente nova. O filme que eu escolho é tão horrível, que acabo capotando no sofá, perdendo até a noção de tempo, acordo sentindo um carinho tão bom que chega me dar calafrios. Congelo quando lembro que eu estou sozinha na casa, então me viro de olho fechado para o outro lado, e ouço um sussurro tão baixo que não consigo distinguir as palavras, mas por algum motivo isso alivia o meu medo.