Mesinha

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Não tem uma vez, passando por essa rua silenciosa,
Que não te imagino sentado em frente àquela mesinha
Olhando pra mim
Não tem uma vez sequer em que não penso em como agradeceria ao designer daquela cadeira
Por tê-la projetado tão bem fechada e estruturada
Eu caíria, não fosse pelos apoios
De tanto te admirar
Seus olhos verde-azulados
Ou talvez azul-esverdeados
Ou talvez eu, amarela-roxeada, de tanto transpirar
Você não chega, tarda, não vem
Retorna, responde
Não vem
Então eu me sento sozinha naquela cadeirinha de ferro, bem feita
Ouço sua voz
Seus olhos radiantes
A maneira como sua língua toca seus dentes quando ri
Suas mãos na minha
A mesa é pequena
Dá pra se apoiar nela, vir me beijar
Seus lábios quentes nos meus, fervendo
Sua língua macia no meu céu da boca
No topo dos meus pensamentos, minhas emoções
Mas o celular não toca mais
Você não vem
Ainda ouço sua voz, cada vez mais longe
Mas sabe de uma coisa?
Ainda bem que a cadeira é forte
Porque a sua ausência tem um efeito tal qual o impacto dos teus olhos

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17/03/2018
12:43 a.m.

Polliana Oliveira

Prelúdios de uma poeta livreOnde histórias criam vida. Descubra agora