Gélido

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Meu toque cáustico
Meu beijo gélido
Minha pele pálida
Minha carne seca
Minha vida fresca
Vapores em seus dedos frios
Quente em sua boca molhada
Nela, nadei como fonte
Sentindo a vida ser saciada
Saciou-se tanto que secou
Congelou
Parou
No meio da rodovia
Meteu o pé no freio
Fez o carro morrer
Em transe
Pane
Desespero
Lembrei de você
E dos seus cálidos mistérios
Partiria sem nem nunca saber o por quê
Temendo a luz que irradia
E a vida em uma curta metragem diante da vista
Fiz o motor roncar novamente
Embreagem
Primeira
Freio de mão
Acelerador
Embreagem
Segunda
Acelerador
Embreagem
Terceira
Acelerador
Embreagem
Quarta
Voltando, de verdade
Voltando pra valer
Se a pressa não arrancasse
E eu realmente acreditasse em oportunidades
E no escuro...
Quando toco teu corpo e sinto a camada
A sua superfície
As suas fisgadas...
Mas ao te apertar em mim
Por entre os meus dedos
Você vira pó
Voltou antes de mim
Acelerou antes de mim
Arrancou sem mim
Sem sentir falta dos meus dedos cálidos
Temendo...
Meus beijos frios
Meus lábios gélidos
Do pó da minha carne fraca
Minha carne apressada

+++
01/10/2016
03:57 a.m.

Polliana Oliveira

Prelúdios de uma poeta livreOnde histórias criam vida. Descubra agora