Ano do silêncio

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No ano do silêncio
Ouvia-se apenas pingos d'água
Apenas gotas de chuva
A estrada toda encharcada
Nessa estrada havia curvas
Curvas muito bem delineadas
Havia testa, bochecha, lábios
Nariz, olhos e queixo
Todas as curvas molhadas
Estrada perigosamente molhada
À cada esquina havia aviso:
"Cuidado! Dia chuvoso."
Mas ninguém lia
Aquele era o ano do silêncio
O silêncio repleto de mágoas e tristezas
O silêncio do cansaço e do desgaste
A única maneira de eliminar a solidão
Era molhando a estrada
Escorregando nas vias
Fazer o meu carro virar
Eu mesma já tinha capotado
Não há muito que consertar
Ou eu destruo a estrada
Ou deixo ela molhar

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10/11/2017
10:55 a.m.

Polliana Oliveira

Prelúdios de uma poeta livreOnde histórias criam vida. Descubra agora