Você pode pegar tudo o que eu tenho
Você pode quebrar tudo o que eu sou
Como se eu fosse feita de vidro
Como se eu fosse feita de papel
Vá em frente e tente me derrubar
Eu vou me levantar do chão como um arranha-céu
Demi Lovato
Scyscraper
👽
Em uma gélida terça-feira, Cristhine procura qualquer roupa dentro do armário, vestindo-se rapidamente.
— Garota burra! — xinga-se ao recordar o beijo que trocou com Austin na pista de patinação. Precisa se convencer de que tudo faz parte do lance sobre causar ciúmes em Melissa. — Idiota, estúpida, imb...
— Tá maluca? Deu pra falar sozinha agora? — Carly a assusta, enfiando a cabaça no vão da porta.
— Eu só estava treinando para uma apresentação da escola. — mente, jogando os livros de qualquer jeito na mochila.
Em silêncio, Carly estuda o cômodo, notando que está arrumado e cheiroso.
— Desde quando você arruma o seu quarto? — enruga o nariz, estranhando.
— Eu... bem. — murmura sem jeito.
Como ela poderia dizer à mãe que estava querendo impressionar certo garoto caso ele decidisse visitá-la?
— Você o quê? — a mãe pergunta, impaciente. Entra no quarto. — Está namorando?
— O quê? — arregala os olhos. — Claro que não!
Se bem que ela está namorando sim, mas nem de verdade é.
— É bem melhor assim. — a mulher se aproxima. — Homem não presta. Depois de destruírem nossas vidas, vão embora e sequer sabemos se ainda estão vivos. — Carly começa a soluçar histericamente, fazendo Cristhine se afastar em um pulo.
Às vezes, a mulher têm esses rompantes sobre o quanto odeia os homens e suas atitudes condenáveis. Isso explica o fato de Cristhine não ter interesse em se aproximar de um.
Segundos depois, o choro cessa como se nunca tivesse acontecido e a mulher abraça a adolescente, assustando-a. Carly não demonstra afeto desde que o marido foi embora.
— Minha filhinha. — Cristhine para de resistir, deixando-se ser abraçada. — Sou uma péssima mãe, não sou?
— Um pouco. — Cristhine responde sem titubear, fazendo a mãe rir antes de se afastar. — Mas continuo te amando apesar disso. — confessa, meio sem jeito.
Desde que começou a andar com Austin, não tem se reconhecido mais.
— Tudo bem, doçura. — Carly fala calmamente, deixando-a boquiaberta. — Vou tentar ser uma mãe melhor de agora em diante.
— Você poderia começar trocando essas roupas. — murmura com cautela, esperando uma explosão a qualquer momento.
Cristhine não tem nada contra a cor preta, aprecia, na verdade, mas parece que a cor não tem o mesmo efeito sobre a mãe, afinal Carly decidiu se vestir assim quando o marido a deixou, e isso de alguma forma simboliza um estado de viuvez proposital, como retaliação pelo abandono.
— Você tem razão. — concorda, surpreendendo a garota. — Agora vá para a escola. Você já está atrasada. — aperta-a em um último abraço antes de deixar o cômodo.
Cristhine apenas balança a cabeça, pega a mochila e sai.
***
Após receber um olhar de reprovação do professor de biologia, Cristhine para de caminhar, confusa.
Austin está sentado próximo à Melissa, exalando intimidade pelos poros. Nathan está sentado, um pouco distante, escrevendo furiosamente algo no próprio caderno.
Tentando disfarçar a surpresa, Cristhine passa por eles sem dizer uma palavra, sentando na última carteira da classe.
Força-se a esconder a decepção ao se dar conta de que Austin está com os fixos na garota ao lado.
Melissa lança um sorriso trunfante para Cristhine por sobre o ombro, fazendo-a pensar em escalpelamento público. Tentando afastar os pensamentos sanguinolentos, concentra-se na tarefa que o professor acabou de passar.
Pelo canto de olho, assiste o braço de Melissa estendido casualmente sobre o ombro de Austin.
Minutos depois, assim que o alarme soa, sai da sala a passos largos, tentando evitar certo casal.
— Cristhine! — ignora a voz de Austin, caminhando mais rapidamente.
Sente alguém puxar o seu braço, virando-a. — Por que você correu daquele jeito?
Parece que o garoto perdeu mesmo a noção do perigo. Já nem treme de medo quando está perto dela.
— Não é da sua conta! — segue até o próprio armário, enfiando alguns livros dentro, aliviando a mochila do peso anterior.
— Preciso conversar com você. — diz Austin com impaciência.
— Pode dizer. — fecha o armário de forma estridente, chamando a atenção de um grupo de alunos que param de conversar. — Perderam o quê? — levanta os braços de forma ameaçadora e eles se afastam, pressentindo o perigo.
Austin respira fundo.
— Posso falar agora?
— Claro. — resmunga.
— Quero te entregar uma coisa. — retira um pacote pardo da mochila. — O seu pagamento.
— Mas ainda nem é a formatura. — murmura confusa.
— Eu sei. — ele suspira. — É que... eu voltei com a Melissa. Mas não se preocupa porque, mesmo que o acordo tenha sido cancelado, vou deixar a quantia que combinamos.
Cristhine tenta disfarçar a decepção sem sentido que a inunda. Permanece em silêncio por um instante, então decide aceitar o dinheiro, enfiando-o na mochila.
— Valeu pela grana. Até que a farsa foi divertida no fim das contas. Agora eu tenho que ir. — diz com o sarcasmo habitual, sua marca registrada, antes de seguir calmamente pelo corredor.
Austin observa as costas da garota, ainda desnorteado com a calma dela.
Não era assim que ele esperava que o acordo terminasse.
Ou era?
Não se entende mais. Esperava sentir alívio ao se livrar da garota para ficar com Melissa, mas só o que sente é...
Um vazio inexplicável.
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Cristhine - A Namorada De Aluguel
Novela JuvenilO que fazer quando sua namorada te troca pelo quarterback do time da escola e seus pais querem conhecê-la no dia seguinte? Essa é a situação de Austin quando ele decide seguir o plano do melhor amigo e contratar uma garota para ser sua namorada de...