27 - sobre confissões e reviravoltas

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Austin caminha calmamente entre as pessoas boquiabertas e sobe no palco.

— Manda ver, cara! — Nathan grita, encorajador.

Ao ouvir a voz do garoto, Melissa se afasta de Zach com um sorrisinho frio na direção de Austin.

Ele, por sua vez, se aproxima dos dois enquanto o idiota do Zach limpa a boca suja de batom. E ainda está com o microfone.

— Sabe de uma coisa, Austin! Foi legal pegar sua garota desde a primeira vez que ela te deu bola. — confessa, deixando todos chocados. Outros até riem.

Austin apenas arqueia as sobrancelhas.

Disso ele já sabia.

Melissa nem se incomoda com o modo depreciativo de falar de Zach antes de tomar o microfone da sua mão.

— Minha vez. — ela sorri. — Bom, Austin, basicamente eu te traí durante todo esse tempo que ficamos juntos e você me dá pena. Eu deixava você me beijar só porque fazia os meus trabalhos e indiretamente também ajudava Zach com as colas. — sorri para o outro. — Foi muito divertido te enganar.

Austin revira os olhos, então encara Melissa com desprezo.

— Como você é patética! — a garota fica atordoada com sua reação. — Eu já sabia de tudo isso.

— Como?

— Eu ouvi tudo, Melissa. Quando fui a sua casa, te flagrei conversando com o otário do Zach sobre me enganar no baile de primavera. — continua. — ouvi a conversinha de vocês através da porta. Por que você acha que sua mãe te flagrou com esse cara? Quem você acha que avisou ela?

Melissa fica furiosa, e Austin apenas sorri da situação.

— Então foi por sua causa que a minha mãe nos descobriu, seu cretino! — ela sussurra, afastando o microfone da boca. — Ela cortou a minha mesada por dois meses.

— Que triste, não é mesmo? — Austin zomba, deixando-a surpresa demais para ter qualquer outra reação.

Zach o observa em silêncio, com vontade de espancar o garoto assim que ele deixar o clube.

Melissa parece se recuperar das palavras de Austin, então dispara no microfone:

— Eu te odeio, seu esquisito, nerd, idiota... — ela profere todos os insultos que o atormentaram durante anos.

Mas não agora.

As palavras de Melissa não tem o efeito esperado, então Austin se aproxima e toma o microfone de suas mãos, fazendo-a se desequilibrar um pouco.

A plateia lá embaixo está em suspense, aguardando o que pode acontecer. Até os professores e a senhora Sibyl não ousam dizer uma palavra, igualmente ansiosos.

— Oi, pessoal. Para quem não me conhece, eu sou o Austin. — ele fala no microfone. O som ecoa no ambiente silencioso. — Eu também tenho que falar algo com vocês.

— Cala a droga dessa boca! — Zach tenta se aproximar, mas Paul e Nathan sobem no palco rapidamente e o imobilizam.

Melissa, por sua vez, avança na direção de Austin, tentando atingi-lo, mas um grito de dor escapa de seus lábios quando Cristhine surge por trás e a puxa pelos cabelos, fazendo-a ficar quieta e com os olhos arregalados.

As pessoas lá embaixo assistem a cena e cochicham entre si, empolgados como se estivessem assistindo o filme mais esperado do ano. Zach luta para se soltar, mas isso é inútil, considerando a força de Paul e o esforço extra de Nathan. E o mais engraçado é que nem seus amigos ousam se aproximar; estão distraídos demais pela confusão para perderem tempo ajudando o outro.

— Fica quieta, sua traíra. — Cristhine sussurra no ouvido de Melissa quando ela tenta pisar os seus pés. — Senão vou fazer aquilo que prometi com o seu cabelo. — a garota fica quieta imediatamente.

— Como já se acalmaram os ânimos... – Austin diz com ironia, fazendo algumas pessoas rirem. — Quero fazer um comunicado importantíssimo. Vocês estão vendo essa garota aqui? — aponta Melissa. — Ela é a menina mais mentirosa e ruim que tive o azar de conhecer. Ela sente prazer em humilhar pessoas em público e dizer o quanto é superior. Uma vez, fomos a uma lanchonete e ela pôs o pé para a garçonete cair, de propósito. Quando perguntei por que ela fez aquilo, Melissa simplesmente respondeu: lugar de lixo é no chão.

Vários suspiros de horror e vozes falando ao mesmo tempo tomam conta do salão.

Melissa só quer desaparecer quando sente os olhares de desprezo sobre si.

— Eu já notava que ela não era uma boa pessoa desde que começamos a namorar, mas estava cego pela sua beleza para sequer dar importância a todo o resto. — Austin continua. — Mas me envergonho disso porque, embora essa garota seja linda, ela é horrível por dentro. — confessa.

Melissa abaixa a cabeça, tomada pela humilhação ao provar do próprio veneno.

Austin respira fundo, então diz: — Antes de terminar, eu queria deixar um recado para quem já sofreu bullying ou ainda passa por isso. Você não deve abaixar a cabeça para a humilhação que sofre. Fale com alguém sobre isso, denuncie para o máximo de pessoas que conseguir até deixar bem claro para quem o humilha que você não merece isso. Se for preciso revidar, revide; não para se igualar ao seu agressor, mas em defesa própria mesmo. Em alguns casos, até ignore. Só não deixe isso preso dentro de si. Eu já passei por esse problema e é horrível.

Ao terminar, uma série de aplausos e assovios de admiração enchem o recinto.

— Mandou ver, Austin! alguém grita.

— Falou bonito.

— Gostei dele...

Esses são alguns dos comentários, então Austin lança um olhar para Cristhine, que já soltou Melissa. A garota de cabelos loiros desce do palco de cabeça baixa e segue até suas amigas, enquanto Zach ainda luta para se soltar.

— Também já julguei alguém pela aparência. — Austin continua observando Cristhine. Sua voz é ouvida pelas pessoas lá embaixo, porque ele ainda não entregou o microfone. — Na primeira vez que a vi, achei-a feia e estranha. — Os olhos de Cristhine ardem, então disfarça, encarando o chão. — Eu só podia está cego para não notar o quanto ela sempre foi linda e adorável!

Ele ouve suspiros vindos da plateia.

Cristhine o encara com atenção.

— Ela me ensinou que certo tipo de roupa ou um comportamento não define você. O que te define é o caráter. — murmura. — Se você é uma boa pessoa, nada mais importa. Essa garota linda chamada Cristhine fez o meu irmãozinho Alby deixar de ser tão calado e se enturmar mais. — sorri. — E por incrível que pareça, ela trouxe alegria para a minha casa, e meus pais a adoram.

Cristhine sorri também, satisfeita com suas palavras.

Mas, de uma hora para outra, o sorriso dela desaparece, deixando Austin confuso. Com o semblante sério, ela desce do palco, passando pela multidão embasbacada em direção à saída.

Antes que ele tenha tempo de fazer alguma coisa, algo inesperado acontece.


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Cristhine - A Namorada De AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora