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Quando você chegou, foi como uma véspera de Natal. Mas quando você partiu, teve um velório. O sepultado foi o meu coração.
| 05/04/2016
Mateus e Laura se casaram. Foi assim, de repente. Quando ela saiu do hospital, ela já tinha um anel de noivado no dedo, e três dias depois, eles se casaram em um cartório. Eu fui testemunha, assim como você, Bernardo. Enquanto estávamos ali, você parecia incomodado com alguma coisa, talvez você não gostasse de casamentos.
Mas quando os dois assinaram o papel, você sorriu. E eu também sorri por minha prima.
Eles viajaram para Goiás Velho, minha antiga cidade, e cidade onde mora meu tio e minha mãe. Eles foram contar que estavam grávidos, e que bem, Laura também tinha se casado. Acho que eles pensaram que o melhor era oficializar a relação, para o meu tio, não matá-lo.
Laura era filha única de Eugenio e Berenice. Eugenio, único irmão da minha mãe, e viúvo. Meu tio continuava a morar na fazenda que tinha com a sua falecida esposa e a qual Laura tinha crescido
Eu puxei os genes da família em ser turrona e ser burra. Porque quando você bateu na minha porta às 23 da noite de um sábado, eu não devia ter deixado você entrar.
— Oi — cumprimentei, com você ainda na porta.
— Olá — respondeu, sorrindo.
— Você quer alguma coisa? — indaguei, cismada.
Você ergueu o braço que tinha uma garrafa de vodka. Você parecia estar querendo fugir de alguma coisa. Escutava o seu celular tocar.
— Você quer beber comigo? — convidou. — Sei que é um pedido estranho, mas é só isso que eu quero... Você pode me estrangular se eu fizer alguma coisa. — E sorriu.
Eu encarei você, Bernardo.Olhei o seu rosto fino e sem barba. Sua boca carnuda. Suas sobrancelhas grossas, seu cabelo arrepiado e o seu piercing. Eu não deveria deixar você entrar, isso nós dois sabíamos. Mas eu abri totalmente a porta para você.
Fui para a cozinha e peguei dois copos americanos, limão e gelo.
— Limão é para tequila. — Você disse.
— Limão é bom com tudo — exclamei, tirando o lacre da vodka.
Escutei o toque do seu celular, Far Away. Eu encarei você, enquanto o toque não parava.
— Havia muito tempo em que eu não escutava essa música — contei. —, ela é triste.
— Às vezes, a tristeza nós dá algo bonito — retrucou.
Você chupou uma banda do limão que eu tinha acabado de cortar e virando a dose que tinha colocado para nós. Eu chupei a outra banda do limão e gostei do sabor do ácido e depois o calor da vodka quando eu a ingeri. E sorri.
O seu olhar em mim era duro. E muito perigoso.
— Isso foi... — sussurrou, sua voz era rouca, e você não terminou de falar.
Dei de ombros, e novamente, o seu celular tocou.
— Atenda — aconselhei, pelo visor eu li o nome do seu pai.
Você pegou o celular que estava no balcão onde estávamos nos apoiando e desligou a chamada e depois o celular. Eu coloquei outra dose para nós dois e viramos. Algumas doses mais tarde, nós estávamos com a garrafa de vodka parcialmente vazia, e uma série ruim passando na televisão. O sofá da minha casa era pequeno para mim, e quando o dividimos, ele me fez ficar muito perto de você... E eu não achei ruim.
Esse foi o início do fim.
Eu dormi com a sua respiração constante acima da minha cabeça. E quando eu abri meus olhos, no dia seguinte, estava deitada no sofá, com você parcialmente entre o sofá e o chão. Eu comecei a rir, meu corpo sacudia o sofá e você terminou de cair no chão.
A sua mão que eu não havia sentido, estava na parte de trás das minhas costas, e eu caí por cima de você, quando me puxou.
— Um ótimo jeito para acordar de um porre — cumprimentei, ainda rindo.
— Concordo — murmurou, beijando minha cabeça.
Eu me levantei toda atrapalhada, e acidentalmente pisei em você. Você arfou e xingou, e depois se colocou em pé. Acho que tinha acertado suas bolas. Eu voltei a rir.
— Isso foi... Intenso. — Você disse, um pouco vermelho.
— Me desculpa! Eu não quis machucar você aí...
— Você queria me machucar em outro lugar, docinho?
— Não — discordei. —, não queria machucar você de forma alguma!
E você riu da minha cara.
— Menos quando você debocha de mim — resmunguei, indo escovar meus dentes.
Você me seguiu, indo para o meu quarto. Você empacou na porta quando o viu.
Acho que você ficou assustado com o tanto de pôsteres de personagens e da estante abarrotada de histórias em quadrinhos. Eles eram os meus orgulhos. Eu tinha pôsteres de alguns animes e livros. Eles tomavam conta da minha parede principal toda.
— Eu comecei a colecionar HQ quando era bem pequena — expliquei. —, a maioria eu consegui lendo para crianças na minha antiga cidade... Fiz um projeto literário lá.
Você andou no meu lugar de paz. Parecia errado ver você ali. Todo de preto, tatuado e descabelado. Se estivéssemos em um conto de fadas, esse era o momento em que o vilão invadiria o quarto da mocinha. Mas nesta, era apenas o demônio entrando no paraíso.
. . .
Como eu fico vendo as reações de vocês nos comentários:
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