A vida era simples. Amar, confiar e entender era o que complicava tudo. Assim como você.
| 05/11/2016
Você voltou a não atender às minhas ligações, Bernardo. E eu decidi que não ia mais procurar você. Tínhamos já conversado e brigado sobre isso. Sobre os seus sumiços. E eu estava farta de me preocupar com você.
Fiz durante todo dia companhia para Laura e Berenice, já que Mateus tinha ido arrumar um problema no banco em que ele trabalhava. Ele estava no último período do curso de administração, e estava seguindo os passos da família dele.
À noite, quando terminava um trabalho de física, eu me assustei quando batidas fortes soaram na porta. Laura, Mateus e Berenice haviam ido visitar a família de Mateus.
Eu abri a porta com receio de quem poderia ser.
E ali, mal conseguindo ficar em pé, sem capacete na mão, estava você. Seus olhos estavam vermelhos, e seus passos eram trôpegos. Eu estendi minha mão para segurar o seu antebraço quando você quase caiu, Bernardo.
Você cheirava a álcool mesclado com cigarro, e diferente das outras vezes, àquilo não me excitou. Antes de eu fechar a porta, eu vi sua moto mal estacionada na minha garagem, com o farol acesso e a chave na ignição.
Eu deixei você sentado no meu sofá e fui pegar sua chave da moto e tentar achar o seu capacete. Eu vasculhei a garagem e não o achei, e o fato de você ter, provavelmente, dirigido bêbado e sem proteção me deixou puta.
Passei um braço abaixo dos seus ombros e levei você para o meu banheiro. Você sorria, e seus olhos pareciam entorpecidos. Eu tirei suas botas, suas calças, sua jaqueta e sua cueca. Liguei o chuveiro e coloquei na temperatura mais baixa, antes de puxar você para debaixo dele.
Você me puxou para dentro também, Bernardo. E quando você tentou colocar seus lábios nos meus, eu empurrei você para longe de mim.
— Qual é o seu problema? — indaguei, quando saí de dentro do box do chuveiro pingando água e tirando minhas roupas molhadas.
Escutei a sua risada antes de você começar a vomitar ali dentro. Eu quis bater mais ainda em você, Bernardo.
Depois de você ter terminado de vomitar, e eu ter banhado você como um bebê, eu o sequei e levei até o meu quarto, onde consegui uma cueca e vesti você. Depois, coloquei você na cama, e fui arrumar a bagunça que você tinha feito no meu banheiro.
Quando Laura, Mateus e a filha deles chegaram, eu estava sentada no sofá, com as luzes apagadas tentando aliviar a minha dor de cabeça.
— Tudo bem, Ayla? — Mateus indagou, quando me viu parada ali.
— Tudo maravilhoso — retruquei, com uma careta.
Laura pegou Berenice no colo de Mateus e veio até onde eu estava, no sofá, e se sentou ao meu lado. Logo, Berenice jantava.
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O que Restou de Nós
RomanceHá uma música do Ed Sheeran que diz: "amar pode doer, às vezes". Talvez ele tenha composto essa música pensando em nós. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS | Copyright© 2018. PLÁGIO É CRIME. +18