23| o problema dos acidentes

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Eu olho para o meu eu, antes de você. Ele era menos rabugento. 

| 23/07/2016

Às férias estavam acabando, e eu tinha pegado o turno da tarde na biblioteca. Tive que conseguir mais dinheiro desde que o meu carro enguiçou no meio da avenida mais movimentada da cidade. Ele estava na manutenção, e pelo o que o mecânico havia me falado, ele precisava de muita coisa.

Faltava pouco para o meu turno acabar, estava arrumando a sessão de livros contemporâneos quando o meu celular começou a tocar. Eu sorri ao ver que era minha mãe, e o atendi.

— Oi, mãe! — cumprimentei, pondo livros na prateleira.

— É a filha da Aparecida? — perguntou algum desconhecido.

— Sim — respondi. —, o que houve com ela?

A pessoa não me respondeu logo de imediato.

— O que aconteceu? — indagou, agarrando alguns livros.

— Ela... Ela sofreu um acidente — respondeu, e os livros que eu segurava caíram no chão. — Ela... Está na mesa de cirurgia.

— Estou indo! — murmurei, desligando o celular e indo pegar minha bolsa.

Saí correndo da biblioteca, e fui para casa. Eu estava em pouco tempo, abrindo a porta e entrando, ofegante e suada. Laura, Mateus e você assistiam um filme, e as três cabeças viraram para olhar para mim.

— O seu pai está em Goiás Velho? — especulei, tentando manter a minha respiração.

— Não, ele está na cidade vizinha, vendo alguns gados, por quê? — Laura perguntou.

— Ligue para alguma rodoviária e consiga uma passagem para mim! — pedi, correndo para pegar minha mochila.

Juntei minhas coisas rapidamente e voltei para a sala. Mateus e Laura conversavam no celular. Eu sentia o meu corpo tremendo.

— Não há viagem para agora à noite. — disse Laura.

— Nesta também não... — falou Mateus.

E eu comecei a chorar. Laura levantou do sofá, andou até onde eu estava e me abraçou.

— O que aconteceu, Ayla?

— Minha mãe... Minha mãe sofreu um acidente! — contei, tentando parar de chorar.

— Ela está bem? — indagou você, Bernardo, levantando-se.

— Eu não sei... Disseram-me que ela estava fazendo cirurgia... Eu não sei como ela está...

— Nessa que eu liguei por último, o ônibus mais cedo que saí é às 05h00min da manhã — disse Mateus.

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