Heitor Ferraz
Se estou feliz de voltar a ser CEO de uma grande empresa? Definitivamente não! Mas pela insistência dos meus pais resolvi voltar. Um dos motivos pelo qual eu sempre me esquivava, era o de que eu não queria ver o olhar de pena das pessoas sobre mim. Quando sai do hospital há dois anos, depois de meses internado, preso a uma cadeira de rodas... senti como se minha vida estivesse acabada. E os olhares de pena que recebia não ajudava em nada. Muitas vezes eu só queria ter morrido naquele acidente.
E pensar que tudo isso só aconteceu por culpa de uma pessoa que apenas queria meu dinheiro. Uma pessoa que eu pensava me amar, mas que nunca teve o mínimo de respeito por mim. E isso se confirmou, quando dois meses após eu sair do hospital, fui contemplado com um convite de casamento de Bruno e Renato. E foi naquele dia que tentei me suicidar pela primeira vez... tentei tirar minha vida por alguém que novamente não merecia.
Depois de um ano recluso em casa, resolvi aceitar a fazer fisioterapia para agradar meus pais, pois via diariamente a dor estampada em seus rostos a cada dia. E depois que comecei meu tratamento, me senti um pouco mais vivo. No começo da minha paraplegia, eu dependia de alguém para tudo. Nem ir ao banheiro eu conseguia pois tive a retenção de fezes e urina, e uma coisa tão simples se tornou impossível para mim. E isso cada vez mais me fazia se sentir humilhado, mas depois dos meses de tratamento e acompanhamento médico adequado, consegui algumas vitórias. Meu corpo antes magro e sem força depois do acidente, adquiriu alguns músculos e mais forças, principalmente nos braços para poder me locomover na cadeira. Pude voltar a fazer minhas necessidades básicas como uma pessoa normal e finalmente consegui minha independência de volta. Já que desde que tinha ficado paraplégico morava de novo com meus pais, mas depois de poder me virar sozinho, comprei um apartamento mais acessível para mim e passei a morar sozinho novamente.
Mas apesar de todas essas pequenas vitórias e conquistas, eu ainda não aceito o fato de ter que ficar preso a essa cadeira para sempre. E tenho ainda mais raiva de mim, por saber que se eu tivesse começado o tratamento antes, poderia ter maiores chances de no futuro poder voltar a andar. Não como antes, mas com auxílio de muletas, ou de outras formas o que já seria uma grande coisa.
Deixando meus pensamentos de lado, me analiso em frente ao espelho. Estou vestindo um terno todo preto e me acho ao menos apresentável. Hoje é infelizmente segunda feira e estou pronto para um dia de trabalho.
Saio do meu quarto e vou em direção à cozinha, com a intenção de tomar meu café da manhã. Mesmo se não estivesse com fome, não poderia me dar ao luxo de negar uma refeição, já que como cadeirante tenho que ter uma alimentação rica em fibras, pois o risco de infecções urinárias e incontinência das entranhas são riscos enormes... e como já passei por isso, melhor não arriscar.
Termino meu café e logo já estou saindo do meu apartamento em direção a garagem. Avisto meu carro adaptado e involuntariamente solto um suspiro, nem de longe são os carros esportivos aos quais eu sempre dirigia. Mas não posso reclamar, isso agora faz parte da minha vida. Destravo o carro e paro minha cadeira ao lado da porta depois de aberta, passo minha maleta para o banco do carona e logo passo meu corpo da cadeira para o banco do motorista. Desmonto minha cadeira de rodas e a coloco ao meu lado no banco, logo começando a dirigir em direção a agência Ferraz.
Alguns minutos depois, já avisto a construção moderna e elegante onde fica localizada a sede da nossa empresa. Sigo em direção ao estacionamento e encontro uma vaga reservada a cadeirantes, onde estaciono. Antes não daria valor a uma vaga dessas, mas hoje em dia é indispensável para mim, assim como a outros cadeirantes. Coloco a cadeira montada novamente ao lado de minha porta e logo já estou fora do carro. Tomo o elevador, digitando o número do último andar onde fica a presidência e assim que o elevador para em meu andar, tomo um fôlego profundo antes das portas se abrirem e me deparar com a cara de espanto de muitas pessoas ao me verem.
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Uma Nova Chance | Livro 01 [DEGUSTAÇÃO]
RomanceEm Uma Nova Chance você irá conhecer e se apaixonar pela história de Daniel e Heitor. Duas almas que vão se encontrar pelo caminho da vida, e que irão descobrir ser o encaixe perfeito um do outro. Daniel é um modelo famoso e que busca encontrar o ve...