Capítulo Quatorze

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Daniel

Olho para Vinícius dormindo, e vários pensamentos nada bons rondam minha mente. Depois de acordar assustado de um pesadelo, ele ficou um bom tempo chorando. Não falou nada, mas me deixou ficar ao seu lado o acalentando e só dormiu depois que eu prometi ficar ali ao seu lado.

Acordo no dia seguinte depois de ter adormecido ao seu lado, e fico um tempo o observando até me levantar e ir para o meu quarto. Verifico o relógio e constato que já está quase na hora de ir para a agência, então sigo para o banho, deixando um pouco das minhas preocupações e tensões se derramarem junto a água em meu corpo. Saio do banheiro e vou em direção ao meu closet, colocando uma roupa simples para trabalhar, não estou com muito ânimo para me produzir.

Depois de pronto, pego meu celular e vou para cozinhar comer algo. Du ainda deve estar dormindo, então me sentei sozinho à mesa e peguei apenas uma maçã para comer. Mesmo que eu quisesse me livrar do peso que está sobre mim, eu não consigo e isso está acabando comigo.

Antes de sair de casa, Vinícius aparece  na cozinha coçando os olhos de sono. Ele me vê e hesita um pouco em sentar na mesa, mas depois de alguns segundos acaba o fazendo.

- Bom dia! - Falo estudando sua face enquanto ele pega um pão para comer.

- Bom dia! - Ele diz baixo e logo em seguida enche sua boca com uma grande mordida do seu pão.

- Eu já estou saindo para trabalhar, qualquer coisa me ligue. Tem meu número na agenda ao lado do telefone. Virei vir almoçar em casa e provavelmente meu namorado também. Tudo bem para você? - Pergunto enquanto me levanto da cadeira, e olho para ele esperando sua resposta.

- Sim. - Ele responde apenas, e balanço a cabeça seguindo rumo a porta de saída.

Meia hora depois eu já estou entrando na agência, e cumprimento algumas pessoas. Depois que comecei a namorar Heitor, muitas pessoas me olham com olhares julgadores. Chego até ouvir pelos corredores que eu sou apenas um interesseiro por estar com ele. Como se ele não fosse digno de que alguém o ame, apenas por ser cadeirante. Me irrita tanto os comentários pejorativos que eu ouço às vezes em relação a ele. Odeio essas pessoas que se acham superiores e com poder de julgarem os outros sem saber realmente sobre suas vidas.

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Heitor Ferraz

Hoje madruguei no trabalho a fim de agilizar alguns contratos que estamos fechando, e também para pensar em uma solução para o que Daniel disse. Consegui o contato do advogado que veio procurar Dani pelo seu irmão, e quero que ele nos ajude no que queremos fazer. Também já acionei meus advogados, e espero só conversar com Dani mais profundamente para começar a resolver tudo.

Ainda não tinha de fato conhecido Vinicius, mas sinto uma curiosidade depois de tudo o que ouvi. Pelos fatos citados, ele não é uma pessoa que será  fácil de lidar, e eu não o culpo, já que ele se comporta assim para se proteger de algo... só falta descobrir de que.

Mal vejo as horas passarem durante a manhã e só me dou conta do horário, quando vejo Daniel entrando na minha sala com um sorriso para mim. Nunca pensei que sentiria tanto a falta de uma pessoa, como senti a dele. E nós só estamos há um dia sem se ver, mas eu já estou dependente dele... dos seu toques, dos beijos, as palavras de amor e carinho, simplesmente tudo dele.

- Bom dia, homem de preto! - Ele fala fazendo graça por minha roupa ser totalmente preta, e sorrio com seu jeito bem humorado de levar a vida.

- Bom dia gatinho! - Falo e afasto minha cadeira da mesa para ele poder sentar em meu colo, o que ele faz assim que me alcança. Apenas quebro a distância entre nós dois e selo seus lábios nos meus devagar, o que não dura por muito tempo, já que ele aprofunda nosso beijo. Aperto seu corpo junto ao meu e assim que paramos nosso beijo, ele deita sua cabeça em meu peito e eu o abraço apertado.

- Me conta como você está. - Peço a ele, pois sinto que ele está em um turbilhão.

- Eu nem sei mais! Aconteceu tudo tão rápido que ainda estou processando tudo. - Ele diz suspirando e deixo um beijo em seus cabelos.

- Eu te entendo meu amor, você só precisa de um tempo para absorver tudo isso. - Falo em compreensão.

- Sim! Sabe, eu amei descobrir que tenho um irmão, passei a vida achando que minhas únicas ligações de sangue estavam mortas, mas aí veio isso e é incrível. Mas quando eu vi que ele guarda demônios dentro dele... isso me pertubou. Ele é apenas um adolescente e parece que já viveu uma vida inteira de marcas. Eu só queria que tudo tivesse sido diferente.

- Eu sei, mas agora a única coisa que você pode fazer é apoiar ele e mostrar que você vai ser o seu porto seguro. A pessoa em quem ele sempre vai poder confiar. E o mais importante, demonstra amor por ele... pois isso, infelizmente ele nunca sentiu. - Falo com franqueza a ele, que levanta a cabeça do meu peito e me olha com os olhos brilhantes por lágrimas não derramadas.

- Vou fazer isso, mas também preciso resolver o problema daquele orfanato. Não conseguirei dormir direito enquanto sei que aquelas crianças estão naquele lugar horrendo. - Ele diz e eu concordo. Começo a falar para ele sobre a reunião que marquei com os advogados para tomar algumas providências.

Resolvi me juntar com Daniel para isso, pois sei que ele nunca tomaria birra de uma pessoa atoa. Ele é de longe uma das pessoas mais honestas e justas que já vi na vida.

Conversamos bastante sobre tudo e depois de alguns beijos, Daniel foi para sua sessão de fotos do dia. Volto minha atenção para meu trabalho, mas isso não dura muito ao que escuto uma gritaria do lado de fora e logo a porta da minha sala é aberta.

- Me desculpa senhor Ferraz, eu disse que ele não poderia entrar sem ser anunciado, mas... - Minha secretária fala aflita, mas eu só presto atenção na pessoa que teve a cara de pau de aparecer novamente na minha frente.

- Tudo bem, pode sair Marta. - Falo para minha secretária que assente com a cabeça, e fecha a porta ao sair.

- O que está fazendo aqui Bruno? - Pergunto, já sentindo minha cabeça doer por ter sua presença aqui.

- Ora, vim te ver. Aquela sua secretária é bem incompetente viu, ela não queria me deixar entrar. - Ele fala como se aquilo não fosse nada e se senta na cadeira a minha frente.

- Ela só está fazendo o trabalho dela. Eu só não estou entendo o porquê dessa visita, você sabe que não é bem vindo aqui. - Falo sério.

- Para com isso Heitor, esquece o passado. Eu quero você de volta! - Ele diz e eu tenho vontade de gargalhar com o seu teatro.

- Seu marido sabe que está aqui?

- Renato é um mosca morta, cometi uma burrada me casando com ele e deixando você. Eu te amo Heitor, nunca deixei de amar. - Ele diz, como se com isso eu fosse voltar me rastejando para ele.

- Sinto muito por você, eu estou muito feliz com Daniel. Alguém que me ama de verdade e que não me trai na primeira oportunidade. - Falo sorrindo irônico para ele, que expressa raiva em seu rosto.

- Eu sei que você ainda me ama, só está com ele por comodidade. Ele não é para você, eu sou! - Ele diz alto e isso já está me irritando.

- Vai embora por favor, antes que eu chame algum segurança. - Falo cansado dessa conversa.

- Tudo bem, eu vou... Mas antes preciso fazer uma coisa. - Ele diz e vem em minha direção. Fico confuso, mas me surpreendo quando ele me beija. Fico estático por alguns momentos, mas logo a consciência me volta e empurro ele de perto de mim.

- Que porra é essa? - Nem tenho tempo de reagir, quando vejo Daniel na porta parado olhando para mim e Bruno.

Era o que me faltava!

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Oi jujubas! Quem ai quer matar essa quenga do Bruno??

Bjs da Juh 😘😘

Uma Nova Chance | Livro 01 [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora