Capítulo Treze

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Daniel

Olho para o lado, na direção em que Vinícius está sentado e o analiso por um tempo. Sua atitude de não gostar de ser tocado é totalmente estranha para mim, e algo me diz que eu não vou gostar de saber o porquê disso. No pouco tempo que estou com ele, percebi que é um garoto machucado e quero fazer de tudo para que ele conheça o amor... pois é isso que vou dar a ele, amor.

Outra coisa característica dele é o silêncio e o olhar sempre baixo. Ainda não me conformo com as condições em que meu irmão estava vivendo e faço questão de voltar naquele lugar, só que com uma ordem de justiça para tirar aquele diretor de lá. Alguma coisa me diz que ele está por trás de coisas que não vou querer saber, mas que preciso.

- Eu quero que confie em mim Vinícius, eu sei o quanto é difícil estar sozinho. - Falo para ele, enquanto deixo minha atenção na estrada.

- Você não sabe. - Ele diz em tom baixo, com amargura na voz.

- Eu também cresci em um orfanato Vini, nunca fui adotado e só sai de lá com 18 anos. Tudo bem que lá era bem diferente do lugar onde você cresceu, mas isso não me impediu de me sentir sozinho em vários momentos da minha vida. E sinto até hoje um vazio pelos nossos pais. - Falo para ele em tom firme.

- Te garanto que você foi bem feliz.

- Por que diz isso? - Pergunto, mas ele não me dá nenhuma resposta e volta ao seu silêncio. Resolvo deixá-lo em seu canto por agora, mas não vou desistir de desvendar o que há em sua alma.

Levamos uma hora e meia para chegar em casa, quase na hora do almoço. Assim que estaciono meu carro na garagem do prédio, percebo o olhar de curiosidade de Vinícius e um pouco de deslumbre.

- Agora você mora aqui comigo, eu divido apartamento com meu melhor amigo, o Eduardo, que você vai conhecer agora. Tem também meu namorado que você vai conhecê-lo, mas não vai ser hoje. - Falo depois de sairmos do carro e caminhamos em direção ao elevador. Ele carrega sua pequena mochila, apertada em seus braços, que percebi suas únicas coisas estarem ali.

- Você é gay? - Ele pergunta com surpresa na voz.

- Sim, algum problema para você? - Pergunto com calma e analiso seu rosto.

- Não, ninguém te maltrata por isso? - Ele pergunta baixo e seu rosto demonstra um misto de surpresa e curiosidade.

- Eu não deixaria ninguém me maltratar por ser quem sou. Sempre vai ter pessoas que não compreendem e te julgam por serem preconceituosas. Mas cabe a você não aceitar isso e viver sua vida como deseja de verdade. - Falo para ele, que assente com a cabeça.

Vamos para o elevador, e assim que as portas se fecham, eu aperto o botão do meu andar. Assim que chegamos, abro a porta do meu apartamento e deixo Vinícius entrar na minha frente. Vejo Eduardo sentado no sofá, e ele logo levanta quando nos vê chegar.

- Oi! Eu sou o Eduardo. - Du fala e chega perto de Vinicius com a intenção de abraça-lo, e antes que eu diga algo, Vini se afasta e se coloca atrás de mim com uma distância grande.

- Esse é o Vinícius, depois vocês se conhecem melhor Du. - Falo sorrindo para ele, que me olha confuso, mas assente com a cabeça.

- Vem Vini, vou te mostrar seu quarto. - Falo olhando para ele, que assente com a cabeça sem dizer nada e me segue em direção ao corredor em que fica os quartos. Abro a porta do quarto que fica de frente ao meu, e peço para ele entrar. O quarto está com uma decoração neutra, pois é apenas um quarto de hóspede.

- Você vai poder decorar do jeito que quiser, essa casa agora é sua, então não sinta vergonha de fazer ou pedir nada. Vou deixar você descansar um pouco enquanto faço o almoço e depois venho te chamar. Fique a vontade. - Falo para ele, que continua em silêncio e saio do quarto o deixando para trás.

Uma Nova Chance | Livro 01 [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora