Capítulo Quatro

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Daniel

Acordo na segunda feira bem disposto, faz uma semana que eu havia assinado contrato com a agência Ferraz e hoje eu começo a trabalhar em uma campanha de uma marca bem famosa de roupas. Mas como o ensaio fotográfico será só a tarde, decidi ir fazer uma visita para o orfanato onde cresci. Gosto de ir lá sempre, matar a saudades de um lugar que me acolheu com todo amor e carinho. Também faço doações periódicas para o orfanato para ajudar na manutenção e nas necessidades das crianças que lá residem.

Levanto da cama, e vou em direção ao banheiro fazer minha higiene matinal e tomar um bom banho para despertar. Depois de banho tomado, escolho uma roupa casual e me visto. Enquanto termino de me arrumar, me vem à cabeça o senhor Ferraz. Desde que o conheci não consegui parar de pensar nele um segundo sequer, não sei o que ele fez comigo, mas estou disposto a descobrir, mesmo ele não dando brechas para uma aproximação. 

Interrompo meus pensamentos quando já estou pronto, e vou para cozinha com a intenção de tomar meu café da manhã. Vejo Du também já pronto para ir a faculdade, e lhe dou um beijo na bochecha, desejando bom dia.

- Vou no orfanato hoje. - Falo com ele, e depois dou uma mordida na minha maçã.

- Ah! Queria ir, mas tenho aula. - Fala desanimado.

- Outro dia combinamos para você ir junto comigo, as crianças vão amar. - Falo sorrindo.

Terminamos nosso café e eu me despeço de Eduardo, saindo do meu apartamento, indo pegar meu carro. Durante o caminho, passo em um supermercado e compro alguns doces para dar para as crianças. Chego ao orfanato e sinto uma sensação nostálgica tomar conta de mim. Apesar de perder meus pais e vir parar aqui, vivi bons momentos nesse lugar.

Estaciono meu carro em frente ao orfanato, e saio levando as sacolas com doces. Entro e já avisto a madre superiora supervisionando algumas crianças que estão brincando no jardim, que fica em frente à construção. Logo ela me vê e abre um grande sorriso, vou em sua direção e alguns segundos depois estamos nos abraçando.

- Estava com saudades filho! - Ela diz passando a mão em meu rosto.

- Eu também madre, desculpa ter demorado para aparecer, mas estava trabalhando bastante. - Falo me justificando.

- Eu entendo filho, vem tomar um café comigo e me contar as novidades. - Ela me puxa em direção a sua sala, e sou parado no meio do caminho algumas vezes para dar um beijo em algumas crianças. Chegamos a sua sala e logo ela nos serve um café quentinho.

- Trouxe alguns doces para os pestinhas. - Digo e entrego as sacolas para ela que me agradece.

- Agora me conta, como está indo sua vida?

- Bem madre, assinei um contrato recentemente com uma grande agência e estou feliz por isso. - Falo com entusiasmo.

- Que bom Daniel, você merece, e é ótimo no que faz. Mas sinto que tem algo a mais.

- Você me conhece mesmo hein dona Tereza. - Falo sorrindo para ela.

- Eu te criei menino, assim como tantas outras crianças... sempre vou conhecer vocês como a palma da minha mão. - Ela diz me olhando profundamente com um olhar terno no rosto.

- Eu sei! Bem, é que conheci um homem, especificamente meu chefe. Desde que o vi, me senti super atraído a ele, senti uma conexão bem forte. Isso já tem uma semana e eu não consigo parar de pensar nele, sabe? O problema é que ele é cadeirante. - Desabafo a ela, pois sei que não vai me julgar, já que sempre soube da minha orientação sexual.

- Você tem algo contra ele estar em uma cadeira de rodas? - Pergunta séria e eu logo me apresso em responde-la.

- Não madre! Para mim ele continua sendo um homem normal, como qualquer outro... e muito bonito por sinal. - Falo e dou um pequeno sorriso.
- O problema é ele se sentir menos por estar nessa situação. Eu percebi que ele se menospreza por isso. E olha que nem mantemos uma conversa por muito tempo. - Falo a ela e solto um suspiro frustrado.

Uma Nova Chance | Livro 01 [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora