A primeira coisa que notei foi a escuridão, estava envolta em névoa em momento e no outro breu completo me cercava, nem uma única faixa de luz era visível. Levantei minha mão diante dos olhos e mal pude distinguí-la. Eu voltei? Estou trezentos anos no passado ou fui capturada no castelo? Não, tenho certeza que escapei, lembro dos momentos antes de tudo virar uma névoa confusa. Ergui minha mão direita e como pensei, estava vazia, livre do colar, isso geralmente acontecia quando eu usava minha herança através de objetos, eles desapareciam, já que nessa época ele também existia e estava em outro lugar, provavelmente com o dono, seja o que for que aconteceu tive sucesso em voltar, este era o passado, mas a pergunta é, que lugar é esse?
Levou mais uns momentos para minha visão se adaptar e pude ver que nem tudo era escuro, no teto rochoso do que parecia ser uma caverna havia uma pequena brecha pelo qual escapava um feixe de luz da lua iluminando precariamente o que parecia ser grades. Dei uma volta completa, grades me cercavam de todos os lados. Ótimo, pensei com ironia, de alguma forma consegui vir de trezentos anos no futuro direto para uma prisão, simplesmente maravilhoso.
Ouvi um som de movimento proximo de mim e pulei com o susto, forcei os olhos e notei que não estava sozinha, provavelmente teriam muitas pessoas amontoadas na cela, dormindo, pelo escuridão, provavelmente teria aparecido no meio da noite.
Me aproximei das grades e passei a mão cuidadosamente sobre elas, tentando encontrar a entrada, não que tivesse esperança que estivesse aberta, mas não custava nada tentar. No mesmo momento que minha mão encostou na primeira barra uma fraqueza me atingiu tão fortemente que pensei que cairia de joelhos, mas que material era esse? Tentei novamente com o mesmo resultado, sentindo a frustação crescer em mim e junto com ela o temor, tinha vindo parar em um lugar estranho onde não conhecia ninguém e caí diretamente em uma cela, cercada de estranhos e pior, presa. E quando eles acordassem... não seguiria com essa linha de pensamentos. Continuei tateando as barras apesar da fraqueza que me assaltava, continuaria tentando, não tinha mais nada a fazer, e continuei seguindo-as com as mãos até que o cansaço de todas os momentos fugindo e correndo junto com o estresse das últimas horas se abatessem sobre mim e eu fechasse os olhos, cedendo ao tão necessário sono.
***
Acordei não muito tempo depois com vozes próximas a mim.
- De onde ela surgiu? - falou uma voz não muito distante.
- Não tenho ideia, amanheceu e ela estava aí - respondeu uma segunda voz.
- Ela é um deles?
- Lógico que não! Deve ser alguém importante, a roupa esta suja mas dá pra notar que é um material fino, e olhe a coroa.
- Acha que é uma princesa de algum reino?
- Não sei, mas deve ser alguém rica, o que fazemos?
Abri os olhos lentamente e a primeira coisa que notei foi que já não estava tudo escuro, dessa vez pequenos raios de sol saiam pela brecha no teto. Segui a origem do som das vozes que me acordaram e notei dois homens me observando de fora da cela. Virei o rosto e pela primeira vez dei uma boa olhada ao meu redor.
Estava no que parecida uma caverna e dentro dela haviam celas, muitas, contei pelo menos seis, organizadas em duas fileiras, uma em frente a outra, ocupando grande parte da já não muito extensa caverna e em cada uma delas havia um amontoado de pessoas com os braços cercados com algemas pesadas coladas as grades, como se só a celas não fossem contenção suficiente. Tinham olhares exaustos, derrotados e diferente do que tinha pensado na noite anterior, não pareciam ter nenhum interesse em mim ou na minha súbita chegada ali, como se o aparecimento de uma pessoa da noite para o dia entre eles não fosse motivo o suficiente para chamar sua atenção . Ou talvez só estivessem focados demais em permanecer vivos para se importar com algo mais.
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A herdeira do tempo
FantasyUma vez que algo esta feito, é impossível ser desfeito. Isso pode ser verdade para a maioria das pessoas. Mas não todas. Ana era uma herdeira, um dos humanos capazes de controlar algo que era impossível para pessoas comuns, e a sua herança era o te...