Capítulo 15

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Gente desculpe a demora. Sério, foi mal mesmo, estive muito ocupada e com vários problemas pessoais, além disso sou universitária, tenho sempre muito trabalho em mãos.

Me perdoem.

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Andei em direção ao convés do navio com uma determinação até então desconhecida dentro de mim.  Em vez dos típicos vestidos usados durante os meus dezoito anos devida, agora eu usava parte da moda local. O par de calças entregue por Zayra essa manhã. 

Quando ouvi a história de Zayra tive certeza, essas pessoas confiavam uma nas outras, se eu continuasse entre elas como uma incógnita, seria duvidoso se alguém confiaria em mim.

Confiança deve ser conquistada, foi isso que Lianof havia dito. 

Era necessário conhecer alguém para se confiar. Ninguém confiaria numa desconhecida. Então pela primeira vez desde que cheguei aqui, formei um plano sólido.  Eu iria revelar algumas coisas. Porém, eu passei um considerado tempo analisando o que era seguro e o que definitivamente não era. Tudo seria feito nos meus próprios termos.

Eu escolheria que segredos contar, e contaria ao próprio Lianof sobre eles.

Quando enfim cheguei ao convés o encontrei lutando contra seu segundo em comando, Aldren.

Tive que parar e prestar atenção. Os dois se moviam como se escutassem uma melodia invisível para outros ouvidos. Era de tirar o fôlego.

Tive que admitir, na primeira vez que vi a enorme arma que Lianof carregava, duvidei da agilidade que ela poderia ter, mas observando melhor agora, era mais que visível que toda minha preocupação foi em vão.

Lianof se movia com uma agilidade incrível enquanto girava  a arma com perfeição, desviando dos golpes enquanto atacava, sem perder tempo algum na troca de ataque para defesa. Não havia hesitação. Os movimentos eram fluidos e cheios de vida.

Um parceiro de luta normal já teria caído, mas Aldren ao que parecia, não precisava se preocupar. A espada que sempre parecia guardada sobre seu ombro, brilhou enquanto era manuseada. Era como se a arma fosse uma extensão do seu braço.

Os dois estavam perdidos na luta. Não era um simples exército ou uma brincadeira, os golpes pareciam ter tanta força que faíscas eram produzidas a cada contato . Estremeci com um impacto particularmente sonoro, não queria imaginar o estrago que isso causaria em contato com alguma parte do corpo.

— Ana! — uma voz me chamou.

Me virei e encontrei Zaiyra sentada na amurada do navio, seus pés balançavam tranquilamente e por um momento temi que um vento mais forte a derrubaria no mar. Ela não parecia muito preocupada ao acenar para mim animadamente.

Parecia que seu jeito animado havia voltado.

Inclinado ao lado dela com uma expressão de tédio, estava Desri, que eu agora sabia, era seu marido. Seu cabelo preto balançava levemente com a vento. Ele inclinou a cabeça em reconhecimento ao me ver, fora isso seu rosto não revelava mais nada.
  
De acordo com Zayra, ele fazia parte da aristocracia de Wafir, no norte. Seus modos em geral lembravam muito o de um nobre. Se eu o visse em Arabela o teria classificado como do tipo político, definitivamente perigoso, não era alguém fácil de ler.

Sentados um ao lado do outro, Zayra, com seu jeito animado e descontraído, era a exata antítese de Desri, com sua personalidade fria. Não havia maneira de associá-los como um casal. Simplesmente não combinava. Mas olhando com mais atenção era possível notar que o braço de Desri estava na zona de alcance de sua esposa, e enquanto parte da sua atenção estava na luta, ele sempre mantinha um olho nela.

A herdeira do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora