Capítulo 13

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Ela se moveu lentamente em direção a luz e sua forma foi aos poucos discernível.

Era uma mulher.

Talvez uma das mulheres mais bonitas que eu já tinha visto.

Ela caminhou preguiçosamente em direção ao grupo. Um longo cabelo negro era sacudido suavemente pela brisa conforme ela se aproximava, somado a isso,ela usava um vestido vermelho com uma fenda na perna direita que se abria escandalosamente acima do joelho. No entanto, não era isso a primeira coisa que chamou a atenção quando ela se moveu na nossa direção. Todos estavam concentrados em seus pés.

Ela estava descalça. E em seu pé direito, chacoalhando a cada paço, estavam pequenos sinos dourados que balançavam, tilintando a cada passo junto com o seu caminhar.

Era o som que tínhamos ouvido.

Ela parou, seu rosto estranhamente sem emoção conforme ela analisou o grupo, quase próxima o bastante para estar ao alcance das espadas dos guardas, entretanto, não parecia que isso a incomodava. Seu rosto estava estranhamente vazio, sem mostrar a menor tensão ou medo diante das lâminas afiadas ou mesmo a menor surpresa por a cena de fuga que interrompeu. Era como se ela não se importasse.

- Não importa o tempo que passe, herdeiros nunca mudam, sempre se esgueirando e tramando por aí - ela inclinou suavemente a cabeça para o lado enquanto afirmava isso. Não parecia zangada, era como se apenas constatasse um fato. Como uma mãe que recriminava uma filho que aprontava.

A rainha observava a mulher a sua frente em uma espécie de choque antes de perguntar com uma voz cheia de autoridade:

- Quem é você? - ela olhou em volta procurando por qualquer pessoa que poderia ter acompanhado a mulher. Não havia mais ninguém.

Os guardas também pareceram notar isso, porque apesar de não terem largado suas espadas, suas posturas estavam mais relaxadas.

A mulher ignorou a pergunta da rainha. Ela não parecia afetada em nada pelo seu tom de voz conforme seu olhar passou de mãe para filho antes de fixar nos guardas que estavam a sua frente.

- Tão poucos... realmente, não sei dizer se uma fulga assim foi muito inteligente ou muito estúpida - O relaxamento da mulher me fez mais tensa. Algo estava errado. Ela não deveria estar tranquila assim, não com esses guardas armados. A reação da mulher estava totalmente errada.

- Quem é você? - A rainha perguntou com a voz tensa, pude notar pelo seu tom que ela também havia captado a anormalidade no ar.

- Quem eu sou? - A mulher sorriu como se a pergunta fosse engraçada - A quanto tempo não me fazem essa pergunta?

Perigo.

Era Isso.

Essa era a sensação que essa mulher emanava. Isso que estava me incomodado.

Perigo como eu nunca havia sentido antes parecia escorrer dela em ondas. Era como sentir o cheiro de sangue em um grande predador.

- Não interessa a vocês saberem essa resposta - continuou a mulher no silêncio da noite, as formas do gramado se tornaram subitamente sinistras, as sombras no chão feitas por elas pareciam quase ter vida própria - Mesmo que eu respondesse, não haveria sentido - Ela deu de ombros, como se deixasse a questão de lado.

- Como rainha - O tom da mãe de Lianof se ergueu no silêncio, quase como se ela quisesse quebrar o cenário - Eu ordeno que você volte.

- Infelizmente... você não tem o poder para me ordenar a nada - ela olhou as espadas dos guardas apontadas em sua direção - Bem, eu acho que não há como evitar um pouco de derramamento de sangue. Uma pena, não gosto de sujar minha roupa.

A herdeira do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora