Parabéns Letícia!
Fiz esse capítulo como um presente atrasado kkkkk--------------------------------------------------------------
Segui o garoto até a parte mais desolada da cidade. Ele pareceu surpreso por eu ter realmente o seguido. Mas logo depois se apressou, claramente com um destino em mente.
Talvez ele achasse que eu não o ajudaria se parasse por tempo o suficiente para o questionar.
Apreensão começou a tomar conta de mim conforme a cidade se tornava cada vez mais decadente conforme prosseguimos.
Não demorou muito para chegarmos a um beco.
Não estávamos sozinhos.
Uma outra criança se agarrava a mão de um homem. Era uma garotinha, não muito mais nova que o garoto ao meu lado. Ela estava igualmente surrada e abatida, olhando horrorizada para o beco vazio.
Segui o seu olhar. Não havia nada mais do que lixo no chão. Mantas velhas e desgastadas estavam jogadas umas sobre as outras formando o que deveria ser uma cama. Não havia ninguém ali. Porém uma mancha de sangue ainda molhada provava que há pouco tempo tinha havido.
- Dana? - o menino que me trouxe perguntou atordoado.
A menina levou um momento para responder. Seu olhar grudado nos panos antes de se virar para o garoto.
- Irmão - sussurrou a garota - Ela não está mais aqui. Quando eu cheguei não estava, levaram ela...
A voz de alguma forma soou morta para um rosto tão jovem.
O menino olhou a garota atordoado por um segundo depois seguiu o olhar para as mantas sujas, quase com medo. Seu rosto ficou pálido conforme ele encarava a mancha de sangue fixamente.
Olhei para as crianças sem entender.
- Garoto? O que está acontecendo? Onde está sua mãe?
Minha voz pareceu chamar sua atenção.
Ele me olhou por um segundo antes de responder.
- Eu apenas fui buscar ajuda - ele engoliu em seco, a voz de repente trêmula - mamãe... Ela estava sangrando muito... Eu e minha irmã saímos para buscar ajuda... e então...
Eles parou, um soluço escapando dele antes que o engolisse a força.
- Pensei que haveria pessoas pra ajudar na taverna... Eles tem dinheiro lá... mamãe disse que pessoas com dinheiro podem quase tudo...
Olhei para o menino abalado sem entender nada. Ele não estava fazendo sentido.
- Sua mãe foi sequestrada?
Tomei um susto com a voz do homem ao lado. De alguma forma tinha esquecido sua presença ali.
Ele ainda segurava a mão da garota abatida. Olhei para ele por um momento... Ele parecia vagamente familiar.
E ele era bonito, muito bonito.
As roupas que ele usava não pareciam surradas como as do restante da cidade. Haviam vários adereços com ele. Vi dois anéis em seus dedos. Anelar e indicador respectivamente. Suas orelhas também estavam furadas com pequenas esferas de ouro. Ele se destacava na cidade em que a maioria das pessoas parecia mal ter o bastante para se alimentar.
Seu cabelo era de um louro pálido trançado nas costas, seu rosto angular e simétrico se encaixava perfeitamente com os olhos verdes, aumentando ainda mais minha sensação de reconhecimento.
Ele quase parecia... Lianof.
Senti todo a cor drenar do meu rosto conforme me dava conta. Não parecia exatamente Lianof.

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A herdeira do tempo
FantasyUma vez que algo esta feito, é impossível ser desfeito. Isso pode ser verdade para a maioria das pessoas. Mas não todas. Ana era uma herdeira, um dos humanos capazes de controlar algo que era impossível para pessoas comuns, e a sua herança era o te...