11 A cela

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Jennifer

Minha cabeça roda, roda e não paro de me culpar por tudo. Megan está presa, Eithan está preso... O que está havendo aqui? O cara se acha um deus? Vai ser difícil sair dessa. Pra não dizer impossível.

Primeiro dia.
Uma refeição. Cela fria com cama de cimento... Ainda bem que tem banheiro. E nada mais.

Se eu fosse de ficar chorando, iria me lamentar muito. Porém, dentro do meu coração , sinto que ali tinha algo mais, algo que ninguém poderia ver.

Pouca água. Pouca comida...A tirar pela tortura, é muito importante  para o Capitão que eu sinta medo desse lugar. Se eu não estivesse tão fraca, iria sorrir muito porque aquele desgraçado não conseguiu me fazer sentir isso.

Talvez tenha que me matar. Rio sem força pela ironia do meu pesamento.

"Já está fazendo isso."

Como será que está Meg? E Eithan? Será que Meg está passando pela mesma tortura?

Segundo dia.

Pior dia. Sem notícias, sem comida , sem água. Sem horas. Minto: um prato de comida e um copo d'água.

Terceiro dia.

Esse dia não é pior que ontem, porque hoje já estou dormente. Puxo as pernas para fora da cama. Meus cabelos cheiram mal, minha roupa, nem se fala... Tenho que chegar ao banheiro, beber água da torneira.

Sei que é possível suportar mais . Não consigo coordenar os pensamentos. Preciso ao menos rezar mentalmente.

Me levanto, forçadamente, no escuro do quarto, trocando os pés e tropeçando em mim mesma e caio diante da porta do do banheiro batendo a cabeça. Sinto a vista escurecer, ouço ainda alguém chamar meu nome longe de mim.

"Jennifer, Jenny. Ó meu Deus! Jenny acorde..."

Quando abro os olhos estou flutuando sobre Kodiak. Posso ver todos os recantos, sobre a costa aparentemente quente. Aqui nessa região do Alaska não existem fronteiras com os Cruéis. Posso ver um pouco da cidade existente, abandonada.

Pega de surpresa , vi um cruel saindo de uma das habitações. Tomei um susto enorme, porém continuei a  observá-lo a fazer sinal a outros. Como era possível? Eles tinham comunicação? Estão sobrevivendo ao frio?

"Sim eles têm. "

Uma voz ,conhecida minha , respondia em meus pensamentos. Olhei em volta e não vi ninguém. Olhei novamente para baixo , senti segurando em meu ombro uma presença familiar. Não havia medo ou qualquer coisa do tipo; parecia que já tinha passado por aquilo.

" Jennifer, você não está só. Fique calma.os tempos serão difíceis, mas preciso de você aqui."

Sou puxada de sua presença. Vou caindo , caindo, caindo...

Estou sendo sacudida durante a queda , como se estivesse correndo numa estrada escura.

Escuto uma voz forte que faz meu peito aquecer e encher-se de esperança.

" Soldado! Chame o Sabre Eithan ! Sala de enfermagem ! Urgente!"

" Mas Senhor, o Sabre Eithan está na cela principal!"

"Soldado! Faça o que estou ordenando senão é você quem ficará lá!"

Tento abrir os olhos mas não consigo. Meus lábios se movem sem voz; a garganta seca .

Escuto apenas os barulhos de botas no chão enquanto sou sacudida , carregada em braços que me aquecem. O aconchego é igual o dos meus pais.

Em outro momento, os braços me colocam em uma cama dura. Sinto uma mão correr em minha cabeça , como se ajeitasse os cabelos e , delicadamente, alisasse meu rosto. Movo novamente os lábios e sinto algo quente, um rosto aproximar-se de mim, querendo ouvir meu sussurro.

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