C25 - Fim?

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Meus joelhos estavam trêmulos, percebi quando tentei correr, mas apenas não tinham força para isso. Estavam prestes a desabar no piso liso do corredor. Meu coração batia rápido e pude sentir um arrepio percorrer toda minha espinha.

O baque dado pelo segundo soco do homem me fez voltar ao momento presente, fez com que aquela reação paralisante finalmente cessasse. Busquei por um rosto amigo em meio aos alunos que assistiam àquela carnificina. Podia-se ouvir uma agulha cair no chão, todos boquiabertos. Uma garota se desmanchava em lágrimas, talvez tivesse estudado com ela no terceiro ou quarto ano. Seu nome estava tão distante... Talvez começasse com M ou N. Talvez Maria ou Marina.

"Droga, Camila. Isso não importa."

A voz irritada de Lauren berrou em minha mente.

Estava congelada novamente. Acho que é isso que o medo faz com as pessoas. Me livrei do bloco de concreto em meus ombros para dar o passo a diante.

— O que está acontecendo aqui? Onde está o diretor? – minha voz foi alta, ecoou pelo corredor e pelos ouvidos de todos ali.

O homem deu dois passos em direção ao corpo pálido e tão bem moldado de Lauren. Ela não se moveu, apenas ergueu seu queixo para encarar os olhos do mais alto, muito muito mais alto.

Ela parecia algum deus ou qualquer tipo divindade. Desenhada por anjos e esculpida por demônios. Tão sagrada que os punhos daquele coitado nunca arranhariam seu orgulho.

"Caralho, Camila"

O espaço entre o corpo de Lauren e o do homem era estreito, mas o bastante para que o meu se enfiasse subitamente no meio dos dois.

— Olá, senhor, sou Camila Cabello. Eu sou a autoridade na falta da direção.

— Saia da minha frente. – ela encara Lauren por trás de meu corpo.

O toque em minha cintura me era tão familiar quanto o contato com a água morna na qual costumo me banhar. Lauren estava ali, não só aqui dentro de mim.

— Chancho, o que houve? – a voz de Dinah berra em algum lugar do tumulto.

— Vagalumes, Dinah. – minha voz fraquejou, mas tive certeza que me ouviu. – Eu posso ajudá-lo, senhor?

— Saia da minha frente, apenas.

— Eu sou a responsável pela integridade física de todos os alunos desta escola na falta de um superior.

— Faz o que ele manda. – Lauren sussurrou.

— Eu sou responsável – repeti tentando inflar meus pulmões para parecer maior. – pelos alunos, senhor. Deve reportar a mim.

— Eu não converso com crianças.

— O senhor deve reportar a mim na falta de uma autoridade. Por favor, se afaste.

— Eu não vou falar de novo.

— Eu também não, senhor. Se afaste.

— Não antes de acabar com essa sapatão imunda.

— Eu sou responsável pela integridade dos alunos, senhor, isso inclui todos os alunos.

— Lucy não falaria o mesmo. – Lauren se gabou.

— Eu vou matar vo...

Outro baque, desta vez ele explode em minha cabeça e em meus ouvidos. Meus sentidos se abalam, minha visão tenta voltar ao rosto do homem, mas estava embaçada demais para obter clareza. Levo minhas mãos até o rosto e esfrego os olhos.

Enquanto Houver SolOnde histórias criam vida. Descubra agora