C16 - Queda Livre

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— Quem fez isso com você? – encarava seu rosto através do espelho.

— A gravidade. – ela zombou.

— Não brinque agora, me conte a verdade.

— Eu cai da escada. – ela explicou.

— Quer que eu acredite nisso?

— Essa é a verdade.

— Não é o suficiente para mim, você pode esquecer que somos qualquer coisa se não me disser a verdade bem agora. – ameacei.

— Então não somos nada, porque eu já disse a verdade. – ela rebateu antes de deixar o lugar depressa.

Pensei em segui-la, mas do que adiantaria? Sempre conseguia se esquivar de minhas perguntas. Um grande mal estar preenchia meu corpo, o bom humor que havia adquirido nos momentos com a garota já não estava presente emeu rosto que mais poderia ser comparado com uma carranca.

Lauren e suas coisas já não estavam mais em sala quando as aulas retomaram. Passei todo o tempo com minha cabeça baixa pensado no que poderia ter acontecido, Lauren era do tipo que conseguiria muito bem de defender, sabia disso graças ao episódio com Austin. Por que estaria machucada? No sábado ainda me parecia tão bem.

Meu pai iria me buscar então tive de passar alguns minutos do lado de fora da escola ao término da aula. Ele logo percebeu que não estava nada bem, mas não queria falar sobre isso e ele entendeu rapidamente e não fez as perguntas inconvenientes que sempre ouvimos quando não queremos tocar em determinado assunto.

Ao chegar em casa apenas subi as escadas rumo ao meu quarto, onde fiquei grande parte do dia assistindo à documentários sobre a produção em massa das indústrias alimentícias, o que me parecia uma ideia excelente. Só fui me lembrar que apesar do descaso com os consumidores e animais, eu precisava me alimentar, então desço às escadas rumo à cozinha, onde minha mãe fazia o jantar.

— Olá, meu amor. – minha mãe disse quando vinha depositar um beijo em minha testa. – Está com uma carinha ruim.

— Só estou pensando demais.

— Sobre o que?

— Lauren.

— Como vocês estão? – ela perguntou administrando suas múltiplas panelas no fogo.

— Eu acho que bem, mas estou preocupada com ela.

— O que houve?

— Lauren disse que machucou, mas tenho minhas dúvidas.

— Acredite no que ela quer que você acredite e torne as coisas mais fáceis para vocês duas. Ela adora você, acha que se pudesse te falar a verdade não diria?

— Você tem razão. – concordei arrancando uma uva do cacho que se punha mais para enfeitar a mesa dali.

— E como Dinah está? – ela perguntou se juntando a mim na mesa e provando uma das uvas também.

— Acho que está namorando. – respondi colocando mais uma das frutas em minha boca.

— Sério? Com quem?

— Uma garota de nossa turma, a melhor amiga de Lauren.

— Traga ela qualquer dia desses, quero conhecê-la. Ela a faz feliz?

— Dinah anda mais alegre nos últimos tempos, você precisa ver. – um tom de diversão surgiu ao me lembrar da felicidade que Dinah exalava.

A campainha toca, me preparava para me levantar para abrir a porta quando meu pai gritou que abriria.

Enquanto Houver SolOnde histórias criam vida. Descubra agora