Estagiária amiga

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(Foi o que aconteceu)

Anny e Nuvem estavam completamente desesperados! Tronco estava sangrando incessantemente pelo corte recém aberto dele e desmaiado!! Ligaram para a ambulância, que demorou cinco preciosos minutos para chegar!!

(Com Tronco)

Recobrou a conciencia aos poucos. Conseguiu perceber que respirava. Ouviu um "bip ... bip ... bip" rouco, mesclado com vozes abafadas. Sentiu uma grande dor em peito, braços e cabeça. Mas algo estava errado ... sentia que alguém segurava sua mão direita. Não conseguia abrir os olhos. Tentou se levantar, mas a dor aumentou tanto quando fez a tentativa que tudo o que conseguiu foi gemer de dor:
— Você teve um desmaio por perda repentina de sangue, como que quer levantar!? — ouviu uma voz feminina e jovem
Abriu uma fresta de seus olhos. Enxergou um borrão rosa-shock com uma guirlanda de flores azuis:
— Onde ... eu ... estou? — conseguiu dizer
— No hospital ... um lugar que você provavelmente não conhece, pelas marcas de cortes dos seus braços!
Abriu de vez os olhos. Uma menina de no máximo quinze anos de cabelo rosa-shock solto com a tal guirlanda de flores sorria alegremente para ele. Segurava sua mão de maneira carinhosa:
— Se eu viesse aqui cada vez que me mutilo, não me deixariam mais entrar de tanto que eu enxeria o saco!
— Você ... se mutila!?
— "Não! Esses cortes foram feitos por bolinhas de pingue-pongue!"
— ... Com que bolinhas você joga!!?!
— Não intende nada de sarcasmo, né?
Ela suspirou:
— Sarcasmo não é saudável!
— Que bom, combina comigo!
— Por quê?
— Todos dizem que não é saudável ser meu amigo ou minha amiga ... "comentários tão gentis!"
Foi a vez dele de suspirar:
— Mas não importa, já virou rotina!
— Sinto muito pelo que fazem com você ...
Tronco estreitou os olhos:
— Quanto ... você sabe ... sobre mim!?
— Bom ... seu nome é Tronco Gatti e tem dezesseis anos. Seus pais eram Cristal e Marco Gatti e morreram, respectivamente falando, de uma parada cardíaca e atropelado! Acusado pelo assassinato da avó Rosa Rosepuff Gatti. Foi preso por sete meses e solto após perceberem a ausência de digitais na faca! Transferido para a escola Mundo Verde faz cinco meses. Faz acompanhamento psicológico e a polícia está de olho em você. Mesmo depois de ser solto, sua namorada, Marília, não quis voltar com você. Trabalha como assistente de cozinha no "Italianas" fazendo pizzas!
Depois de ouvir o nome "Marília", não prestou mais atenção:
— Tronco ...?
Tentou se sentar, e com a ajuda da menina, conseguiu:
— ... Tudo bem?
—  ... Ela está bem?
— Marília? Sim, é a chefe das líderes de torcida ... e sim, sei que soa um pouco estranho!
— A Anny e Nuvem, onde- ...
— Te esperando no corredor.
     Suspirou aliviado:
— Quem é você?
— Papoula de Oliveira, mas pode me chamar de Poppy!
     Entrou em estado de shock. Os olhos arregalados e a boca semiaberta. Se arrastou na maca até um pouco mais longe dela:
— O que foi?
— Você é filha do policial Pepe?
— ... Qual o problema?
— "Nada, ele simplesmente me odeia, odiava a minha família, me prendeu e também o meu avô, não quis investigar o atropelamento do meu pai e é ... ou melhor, era namorado da minha mãe; terminaram porque ele a traiu com a sua mãe! Nada não!!"
     Poppy paralisou no lugar, não mexia um músculo. O pai dela ... realmente fizera tudo isso!!? Tronco sentiu um frio muito estranho ... e só então percebeu que estava com o peito completamente nu:
— Onde ... deixaram o meu casaco!!?
— Serve aquele?
     Apontou para uma cadeira do lado, com a blusa cinza ensanguentada e o casaco com uma mancha mais escura na manga direita. Tentou se esticar para pegar, mas a dor o impediu:
— COMO EU POSSO MUTILAR O BRAÇO E DOER O CORPO TODO!!!?!
— Não foi pela mutilação, foi por ter perdido muito sangue! E outra coisa; você anda tendo estresse demais, seus músculos se contraíram!
     Tudo aquilo que ela fez Tronco ficar mais deprimido. Lembrou do jardim, destruído! Legal, pensou. Preso no hospital, dolorido e sem camisa quando o meu jardim; a única coisa que me importa materialmente; está arruinado!!
— Que me deixassem morrer ...! — sussurrou para si
— Como assim!!? Nunca!!
— Primeiro, não se meta nos meus sussurros; segundo, eu quero morrer!! Acabaria com tudo de ruim que me acontece, e ninguém sentiria saudade!!
— ... Esses tais de Anny e Nuvem sentiriam! Pelo que me disseram, as famílias deles também!! Se matar é covardia!!
— Eu sou covarde!!!
A outra sentiu muita pena:
— Mas eu não dis- ...
— Eu sei que você não disse!! Essa é a realidade! Sou covarde por não poder revidar daquele filho da hnhd do Creek, por chorar enquanto durmo, abaixar a cabeça enquanto me batem, trabalhar sozinho para ninguém afirmar que fiz o que eu não fiz e principalmente ...
Segurou as lágrimas:
— ... Por terminar com a Marília daquele jeito horrível ... — sussurrou
Poppy o observou atentamente. Seus olhos refletiam dor, tristeza, sofrimento e ... culpa? Que culpa seria essa? Ele realmente assassinou a Rosepuff e se sente culpado? Ele começou a tremer um pouco:
— Por favor, me dê o meu casaco que está frio?
     Ela se esticou e entregou a peça de roupa, e ele a vestiu rapidamente:
— Obrigado ...
— De nada ... por que você se corta? Só por curiosidade ...?
     Tronco a fitou hesitante. Suspirou fitando a ponta dos seus pés, que iam de um lado para o outro na maca devagar:
— Assim ... me livro um pouco da dor ... que acumulo dentro de mim ... para não ... surtar do nada ... na frente de todo mundo ...!!
     A porta do quarto se abriu e um médico apareceu com uma prancheta na mão:
— ... Em torno de uma hora, estará liberado, senhor Gatti.
— Obrigado, doutor. — disse Tronco
— Papoula, faça os exames básicos para termos certeza.
— Claro, doutor! — respondeu Poppy
     O homem foi embora. Poppy pegou o estetoscópio e colocou no ouvido; aproximou do peito dele:
— O que vai fazer!?
— Ver seus batimentos cardíacos, posso tentar te ajudar a sair daqui?! Então por favor, tira a blusa pra eu terminar logo!?
     Ele bufou e obedeceu. Ela colocou o instrumento onde deveria estar o coração dele. Passou para o lado oposto; com Tronco seguindo atentamente seus movimentos, caso tentasse seda-lo quando não estivesse olhando - como se ela tivesse um porquê para fazê-lo!
— Tenta virar de costas para mim?
Ele reprimiu a vontade de socar a parede e obedeceu. Sentiu o instrumento gelado nas costas. Se xingou mentalmente:
— Pronto, sem mais frio! — disse Poppy
Vestiu o agasalho na hora. Ela pegou o braço dele com cuidado:
— Preciso limpar direito isso aqui, mas- ...
— ... -Vai doer muito ... ok, já sei todo o discurso chato!
A menina, surpresa, pegou o algodão e molhou no álcool. Arregaçou as mangas compridas dele e passou. Maior surpresa quando Tronco não ficou dizendo "ai, ai, ai" a todo momento. Vez ou outra, apenas gemia baixinho por arder. O mesmo com o outro braço. Testou os reflexos dele, verificou a temperatura e deixou os amigos do garoto entrar:
— Você trabalha aqui?
— Faço estágio. Ser enfermeira não se resume a decorar técnicas e doenças difíceis dos livros ... é melhor aprender na prática!
     Nuvem e Anny levaram o garoto para a casa dele e Nuvem decidiu fazer companhia a ele. Tronco pensou muito em Poppy naquela noite, e em como o pai dela omitia coisas ... e Nuvem jogou a lâmina dele fora!

Notas da Autora: provavelmente ficarei louca subindo um capítulo por dia (apesar de eu já ser louca), então publicarei um capítulo novo com no máximo de três dias de prazo, ok? Ainda mais agora, com as P2 na semana que vem; amo vocês!

   Beijos e roteiros,
                                      Aliindaa.

Trolls| o delinquente roubou o meu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora