Trolls| o delinquente roubou o meu coração

Cuidando com carinho

— Casa bonita a sua. — disse a garota

     Não era para menos. Deu de cara com uma sala rústica e clássica apesar da televisão na mesa. A cozinha ao alcance da visão deles, estava limpa como um brinco! Uma escada de madeira com o corrimão do mesmo material estilo barroco. Olhou para o chão. Estava tão polido que chegava a ser quase um espelho:

— Você ama organização, certo?

— Eu gosto de ver a casa bem limpa, isso sim! E uma casa dessas carece bastante cuidado por ser mais antiga.

— Desde quando a sua família tem esse "barraco"

— Deixa eu pensar ... — olhou para cima — ... Quando os meus avós se casaram.

— WHAT THE HELL!!? — abriu bem os olhos

— Eu sei ... me trás tanta recordação boa ... — sorriu sem querer

Foi e apontou para o sofá:

— Por exemplo; quando eu tinha cinco anos ganhei uma fantasia de super-homem de natal, achei que ela me daria super poderes ... pulei do sofá e dei de cara no chão!

— ... Eu sou uma pessoa má se eu der risada?

— Nem um pouco.

— Nesse caso ... hahahaha!

Ela não parava de rir, e aos poucos, ele foi contagiado:

— A desgraça alheia é engraçada ... a que ponto chegamos, Brasil!? — disse a garota tentando se acalmar

— Sempre foi assim ... — limpou uma lágrima invisível

— A mais triste verdade ...

Ficaram se olhando por alguns minutos. O cabelo dele ainda estava molhado, caindo nos olhos dele. Isso era de alguma forma fofo para a menina. O jeito que a olhava de lado, como se quisesse uma explicação; o sorriso pequeno, como se quisesse esconder o que sentia; sua paranoia hilária ... Já o rapaz amava ter aquela inocência em sua vida; os abraços constantes, dos quais fingia não ser muito fã; das músicas animadas, das quais ele ficava hipnotizado com a voz dela; da alegria que sempre tinha ao começar um novo dia; do seu otimismo, que sempre achava um motivo para fazê-lo sorrir ... Marília nunca tinha o feito louco dessa forma! O máximo foi ficar sem palavras quando colocava uma roupa bonita. Sua ex não o fazia feliz – agora sabia! A rosada podia não se vestir na última moda e dar beijos quentes ... mas o apoiava e defendia, sempre disposta a ajudá-lo e sentir o carinho que tanto precisava. Quando recobraram a consciência, estavam cara-a-cara com o outro. Os olhos de ambos bem abertos, se suavizaram ao encontrar os olhos do outro.

Suas mãos se encontraram. Entrelaçaram seus dedos lenta e carinhosamente, encararam tal feito, agora semi-fechando as pálpebras:

— Estão frias ... — sussurrou

— Mesmo com o meu agasalho, sempre estão. — sussurrou se aproximando

— Posso escutar?

— O que?

— Seu coração.

Se soltou e colocou seu ouvido onde supostamente estaria tal órgão, o abraçando também:

— Eu acho o som tão lindo ... e pensar que essas pequenas batidas são praticamente o que nos mantém vivos ... é o lugar onde as pessoas que amamos habitam ... não sei quanto a você, mas pra mim ... é mágico! — disse sonhadora

— ... Isso foi ... fofo ...

— Que bom ... praticamente todos os outros caras acham melodrama demais! Tenho sorte de ter conhecido você! Você é ... diferente.