Tronco quase morre afogado

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     Se passaram três dias desde a festa. O que nosso querido amigo fez? Trabalhou bastante na pizzaria. Porém, seus colegas notaram que estava levemente distraído. Em que pensava? Alguns achavam que numa garota. Querem saber a verdade? Sim, pensava numa garota! Lembrava de Poppy. Algo nela despertou nele uma alegria. Tal garota não parava de falar sobre seus planos de ser médica ou pediatra, como estava sendo o estágio e sua fissuração por recortes e glitter. Ele escutava atentamente a tudo, mantendo o contato visual inconscientemente. Ambos olhavam nos olhos do outro enquanto conversavam. Apesar dos nomes feios e das pequenas surras, ficava um pouco animado para levantar da cama de manhã.

     Era uma quarta-feira, e a escola abriu a piscina do campus. Todos os alunos ficaram animados ... porque estavam fazendo 40ºC!! Bom ... todos, menos um! Tronco não queria entrar nem por decreto! Poppy não insistiu nada. Imaginou que fosse porque todos veriam suas cicatrizes nos braços. E teve um pretexto, pois no dia, acordou com um pouco de gripe.

     Os adolescentes foram para os vestiários, malas de piscina à mão. Tronco poderia até não entrar, porém, era obrigado a ficar no banco dentro das grades que delimitavam a piscina. Ficava vendo como todos iam e viam, pulavam e mergulhavam, totalmente consentrado. Viu de esguelha Marília entrando para logo virar a cabeça e ganhar um leve tom rosado nas bochechas.

vermelho pelo calor ou o que? — disse uma voz feminina

     Virou. Poppy tinha um maiô amarelo comprido até os joelhos e de manga curta, o cabelo rosa preso num rabo-de-cavalo bem alto e sem sua guirlanda de flores azuis:

— ... Fui traumatizado!

— Dramático! — riu —  Certeza que não vai entrar? Está uns 40º!

— Até queria, mas os meus ... — apontou para o braço — E eu acordei meio gripado ... e ... VAI QUE EU PEGUE AMEBÍASE!!!

— ... Ok, me explique! Como você pegaria amebíase nadando?

— E se a água estiver contaminada e eu acidentalmente engoli-la!?! — disse paranóico

— ... Vou fingir que não ouvi ... tchau, vou entrar na água. — saiu acenando

Pulou, fazendo com que espirrasse água nele:

— GERMES!!! — gritou tentando secar seu casaco

     Depois de cinco minutos, deixou aquilo de lado. Sentiu um calor infernal que aumentava cada vez mais. "Aguenta ... você não está nem com curativos, aguenta!" pensava desesperado. Teve uma ideia. Foi até um banheiro e se trancou. Tirou seu agasalho, deixando suas cicatrizes à amostra. Pegou papel e enxugou um pouco do suor. Se olhou no espelho. Suas olheiras estavam menos marcadas. Sorriu. Estaria melhorando!!? Lavou o rosto, colocou o casaco novamente e saiu.

Passou a secar Poppy com o olhar. Parecia fazer novas amigas. Conversava com Mili, Lola e Ruby enquanto jogavam uma bola de praia. Sentiu um par de braços se enrolarem gentilmente entorno de seu pescoço:

— Não vai entrar, lindo? — ouviu uma voz feminina num tom levemente paquerador

— Não enche o saco, Marília! — respondeu frio

— "Nossa ... minha nossa ... assim você me mata" ... — cantou (mal e) dramática

— "Relevante"! — comentou cruzando os braços

— Vai ... me dá mais uma chance ... — disse começando a mexer no cabelo dele

— Tire as suas mãos de mim! — exigiu começando a se irritar

— Vai, gato ... você sabe que não resiste ... — sussurrou no ouvido dele paqueradora

— Se você não desgrudar de mim neste exato momento, não me importo com que você seja mulher, vou de dar um tabefe! — ameaçou

Trolls| o delinquente roubou o meu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora