Um dia sozinho

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Ele queria morrer! Estava faltando exatos 2 minutos para começar a aula e nem sinal de Poppy. Mordia o polegar para não ter um momento de paranóia sentado em seu lugar da classe, porque realmente era uma das piores situações para ter um. Quase todos haviam chegado, até mesmo Marília e seu grupo de "amigas", mas nem sinal dela!

Sentiu seu bolso do agasalho vibrar; pegou o celular que estava nele e depois leu a mensagem. "Tronco, pode avisar a professora Kira que eu não vou pra aula?" foi o que a garota mandou pelo WakZap. Escorregou para a ponta da cadeira, suspirando de alívio.

     A professora logo chegou e começou a dar a aula normalmente, e logicamente que ele avisou-a que a colega não viria. O sinal bateu e correu para atrás da escola, passando pela turma do Creek antes que se dessem conta de onde ele estava indo. Sentiu um vazio dentro de si enquanto mastigava seu sanduíche natural. Então se deu conta de um único detalhe muito importante, mas que passou despercebido.

     "Faz tempo que não me sinto tão mal assim" pensou surpreso. Sim, a maldita depressão ainda o fazia ficar deprimido a maior parte do tempo, mas ... daquele jeito excesivo não vinha por um mês, até mais do que isso! "A Poppy está me curando" deduziu ... alegre?! Sim! Pela primeira vez em um ano, estava alegre!

     De repente, não achou que tinha areia na boca, como costumava sentir o sabor do seu lanche, mas um fio de gosto! Um sabor mínimo, mas especial para alguém que não diferenciava comer terra de qualquer outra coisa! "Esse ... era o meu lanche favorito" lembrou. Recordou dos inúmeros intervalos que passou feliz, brincando na infância e jogando verdade ou desafio quando mais moço. Não recordava isso com melancolia como de costume, mas alegria! "Ah, Poppy ..." pensou dando um lindo sorriso, "... MUITO OBRIGADO!!".

     Andou até a sala, ignorando os olhares de desaprovação e desprezo que seguiam-no. Avistou uma amiga:

— Anny?

— Tronco! — abraçou-o — Coincidencia, essa!

— ... Essa é a Flor?

     Só então percebeu a presença da coelhinha de pelúcia verde:

— Estamos trabalhando em ensino religioso as lembranças e valor sentimental ... trouxe a Flor porque é a coisa inanimada que mais gosto na vida! — justificou-se a menina

— Wow ... saudade de ter 12 anos ...

— Não vou ter muitas saudades não! — retrucou a outra negando com a cabeça — Vida de pré-adolescente é pior que novela!

     "Nem quero ver quando for adolescente ..." pensou, rindo internamente. Se despediu dela e voltou para a sala. Ninguém falou com ele de cara, mas ficaram com muito medo de vê-lo sorridente assim – e, na verdade, apenas sorria! A professora chegou e a aula recomeçou. Na aula de matemática, estavam revendo álgebra:

— (...) Se 2 é igual a A e A é igual a B, quanto é A . B ?

— Dois? — chutou Mili timidamente

— Não, querida. Mais alguém?

— Três! — disse Ruby levantando a mão

— Não- ...

— PATO DONALD!! — gritou Murilo

     Prof Kira fechou os olhos, segurando a cabeça e suspirou pesarosamente enquanto quase toda a sala rua com gosto:

— Mais alguém? — inesperadamente, uma mão se levantou de maneira tímida — Tronco?

— ... A resposta é quatro ... certo? — encolheu-se, com medo de ter errado uma conta tão simples

Trolls| o delinquente roubou o meu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora