twenty one - tell me how.

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          Ultimamente, deparar-me em locais que eu não imaginava estar tornava-se cada vez mais recorrente. E hoje com certeza não seria diferente, justificando o motivo de eu estar sentado numa cadeira desconfortável no meio de uma sala de espera hospitalar esperando notícias de alguém que eu não conhecia.

         Depois daquela ligação, ainda na casa de Yoongi, o mais velho assumiu uma expressão séria, fria e distante. Independente da notícia que ele havia recebido, esta certamente não era nada boa. E o pior de tudo foi ele sequer se esforçar para me explicar.

         Dentro do carro, eu tentei anima-lo ou apenas esboçar um sorriso naquele semblante que quase me fazia estremecer. Arrisquei elogiar a nova coloração de seus cabelos e até contar piadas que não faziam sentido, mas que, se estivesse em seu estado normal, Yoongi provavelmente ia rir e fazer algum comentário idiota.

         Mas nada funcionou. Suas únicas respostas eram um sorriso fraco e breves acenos de cabeça, parecendo completamente alheio a tudo que eu dizia.

        A única coisa que eu sei que ele escutou foi minha sugestão, que agora, pensando bem, não fazia muito sentido. Tudo bem que o hospital realmente era mais próximo que a minha casa, mas por que eu tinha que pedir para vir aqui acompanha-lo?

         Estava sozinho na sala de espera quase deserta, aguardando notícias de alguém que eu nem sabia quem era. Yoongi não teve cabeça e nem voz suficiente para me explicar o que havia acontecido, o que me ajudava a indagar qual era o intuito de eu estar aqui.

          Não quero parecer egoísta, aliás. Se estava ali, deveria ajudar Yoongi a lidar com tudo aquilo que estava acontecendo - mesmo que eu não soubesse de fato o que estava acontecendo.

          Mas estava inserido na minha natureza ter pensamentos egocêntricos. Parecia uma criança mimada ao colocar minhas vontades e perguntas acima de tudo que ocorria ao meu redor, mas a solidão naquela sala fria e vazia fazia com que inúmeros pensamentos invadissem minha mente mesmo sem querer.

           E não eram todos apenas sobre o Min - embora as questões "o que ele quer de mim?" e "por que estou me entregando tanto a ele?" estivessem sempre vívidas na minha mente. Minhas preocupações iam além do motivo de eu estar naquele hospital enquanto poderia estar em casa, e eram muito mais sérias do que uma simples insegurança quanto à reciprocidade dos meus sentimentos - mesmo que isso também me afligisse.

           Eu pensava sobre meus amigos;  a "briga" com Jimin e Jungkook mexia comigo de maneira quase absurda, e minha mente também lembrava de Taehyung, que provavelmente se sentia sozinho por algo que era minha culpa. Se eu ignorasse aquilo tudo que aconteceu no Mc Donald's, então nada disso estaria acontecendo, certo?

           Certo. Porque eu poderia apenas guardar as coisas para mim e fingir que estava tudo bem. As coisas seriam mais fáceis e eu não estaria tão carente da atenção do meu melhor amigo de verdade.

        E, eu juro, queria que meus devaneios parassem ali. Mas toda a melancolia do ambiente me fazia divagar e pensar na cobrança da faculdade, no restaurante que era como um inferno para mim, na homofobia do meu pai e até na política do país.

          Estar ali não fazia bem pra mim. Foi então que eu percebi que minha mente se transformava em algo torturante; eu não podia mais ficar sozinho com os meus pensamentos. Precisava de um refúgio, e meu subconsciente sabia que aquela tal fuga não era um lugar específico.

          Era uma pessoa. Min Yoongi.

        Quando me dei conta desse fato, confesso que quis pedir para que me internassem ali mesmo e me dopassem com qualquer coisa que deixasse um lapso na minha memória.

End Game || yoonseok.Onde histórias criam vida. Descubra agora