A semana passou de forma quase melancólica e monótona. Claro que, na segunda, eu tive que contar para os meus amigos sobre o que havia acontecido na casa de Yoongi e eles insistiram e berrar nos meus ouvidos durante o resto do dia, mas foi até suportável.
O fato de meus amigos mais novos não precisarem ir ao colégio os fazia acreditar que a minha casa era o mais novo ponto de encontro dos quatro mosqueteiros - como minha mãe dizia. Mas, mesmo que eles ficassem a tarde toda na usufruindo dos dotes culinários da minha progenitora e do meu videogame, eu não podia dar atenção ou cair em suas provocações.
Eu e Jimin estávamos atolados de coisas da faculdade para fazer, porque aparentemente nossos professores faziam parte de uma seita que tinha como objetivo principal destruir nossas vidas sociais. Seminários, trabalhos, monografias, provas e resumos estavam prestes a nos levar à um hospício, sem brincadeira.
Aquilo contribuía para que eu e Yoongi nos afastássemos um pouco, mesmo que trocássemos mensagens sempre que algum tempo livre surgia em nossas agendas ridiculamente lotadas.
Não posso mentir, não para mim mesmo: depois da noite com o Min, eu fiquei com medo de me tornar descartável. Pode parecer ridículo, eu sei, até porque minha confiança nele vem crescendo a cada dia e Yoongi sempre dá evidências de que também gosta de mim, ou ao menos não me vê como mais um qualquer.
Mas eu também sabia que, depois daquele dia na boate, aquela maldita insegurança aparecia às vezes e quase esmagava as minhas artérias. Me deu medo de ser só mais um dos ficantes do loiro e, agora que ele havia conseguido o que queria, ia me largar e fingir que nada aconteceu - que era o que ele fazia com os outros.
E aquela maldita distância obrigatória fazia aquele medo crescer um pouco; e se Yoongi se esquecesse de mim? E se conhecesse alguém mais interessante e decidisse que eu era um literal zero à esquerda?
Conversei com meus amigos e minha mãe sobre isso, e eles conseguiram me convencer a tirar aqueles pensamentos doentios da minha cabeça. E, bem, por mais que fosse obra do meu subconsciente, eu tinha noção de que era meio ridículo pensar daquela forma. Até porque, ele continuava mandando seus "bom dia, Hobi" e perguntando como meu dia havia sido mesmo que soubesse que eu só responderia "foi uma merda".
Aliás, pelo que ele havia me dito através das mensagens, seus dias na empresa não estavam sendo lá grande coisa. Ele chegava tarde da noite e teve a virar a madrugada duas vezes - e, mesmo que relutasse em contar isso para mim, parecia que não queria esconder, o que aumentava minha confiança em si.
No final de semana, tentei focar minha atenção no restaurante para não fazer nenhuma besteira. Desde o dia da formatura meu pai estava insuportável, como se lembrasse de maquiagem cada vez que olhasse para mim. Eu não queria admitir, mas aquilo me machucava um pouco. Não só por ele deixar quase evidente que sentia uma espécie de repugna por mim, mas também por ser cegamente homofóbico, como um espelho e a prova viva de que a maior parte da sociedade era doente como ele.
De qualquer forma, Jungkook pediu para trabalhar no estabelecimento e eu fiquei encarregado de o ensinar as regras básicas, e aquilo foi fundamental porque Jeon parecia saber lidar com as babaquices do meu pai, e havia me dado conselhos indispensáveis que eu nunca imaginaria. Além disso, o filho da puta já fazia as coisas no restaurante melhor que eu, provando ser bom em tudo. Exceto em português, é bom ressalvar.
Na segunda-feira, depois das aulas da manhã e de ser abandonado pelo meu melhor amigo - que provavelmente ia dar uns amassos no seu namorado -, Yoongi me enviou uma outra mensagem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
End Game || yoonseok.
Fanfiction"Acima de estudante de jornalismo, um péssimo filho na visão do pai, garçom, amigo de três gazelas barulhentas, viciado em cultura nerd e em videogames, Hoseok provavelmente era apaixonado por Min Yoongi." Hoseok já havia se acostumado a enco...