thirty six - open arms.

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    Acredito que só senti na pele o que realmente é frustração quando cheguei em casa e tive que cobrir meu pescoço com as mãos e correr para o quarto alegando que precisava usar o banheiro.

    Ainda assim, para ser sincero, eu prefiro mil vezes fingir que comi alguma coisa indigesta no almoço do que deixar meus pais verem os chupões que Yoongi deixou em meu pescoço - nada contra minha mãe, mas ela com certeza ia ter um ataque e ficar falando coisas sobre camisinha, e eu não estava afim de escutar. Pelo menos não naquele momento.

    Ainda assim, comer coisas indigestas não te fazem segurar o pescoço; isso era uma desculpa que só justificativa o fato de eu sair correndo para o meu quarto. Levando isso em conta, depois que eu passei base e pó no meu pescoço para tentar esconder os hematomas arroxeados e ainda coloquei uma blusa de gola, sabia que teria que escutar aquelas perguntas um tanto inoportunas.

    Meu dia tinha sido ótimo, eu não precisava que meu pai o destruísse. E, para ser franco, minha mãe também. Ela é um verdadeiro anjo, mas como até mesmo anjos têm defeitos, acaba tentando forçar uma família feliz e pacífica que ela mesma sabe que não somos.

    É como se eu e meus pais estivessemos sempre esperando uma simples coisinha para explodir e acabar com a nossa relação. Mas minha mãe sempre segura as rédeas para mim e meu pai. O problema é que ela acaba machucada, e eu também.

    Ser filho único só piora essa situação, acredite. Meus pais não são do tipo super protetores, mas têm aquela habilidade estranha de manter o ambiente num clima desagradável.

    — O que há com o seu pescoço, Hoseok? — Meu pai indagou, e eu fechei os olhos involuntariamente como se já esperasse por aquilo.

    Eu esperava, de fato.

    — Nada — Respondi, forçando um sorriso.

    — Por quê? O que tem o pescoço? — Minha mãe indagou, já apresentando um semblante preocupado.

    Ela não estava na sala quando adentrei a casa correndo, tampando minha pele exposta. O levantar daquela questão obviamente a deixaria em alerta.

    — Não tem nada, mãe — Reafirmei, sorrindo em sua direção.

    — Ele chegou em casa com as mãos no pescoço, como se estivesse escondendo alguma coisa ou tentando se estrangular.

    Ah, claro. Como se não tivesse uma linha tênue diferenciando uma tentativa de estrangulamento de um adolescente tentando esconder de seu pai homofóbico os chupões que ganhou de seu namorado.

    A vontade de mandá-lo ir se foder foi grande, mas mantive o amor à minha vida. Minha mãe, entretanto, ergueu as sobrancelhas bem feitas e se aproximou de mim com rapidez, deixando a beira do fogão como se fosse o mais novo The Flash.

    — O que houve, Seok? Conte para mim!

    — Mãe, não aconteceu nada! Eu já disse! — Exclamei, tentando me comunicar com ela através de meu olhar.

     Tudo bem, dessa vez eu havia me esquecido de avisar que iria para a casa de Yoongi, mas não é como se fosse difícil perceber. Eu estava feliz, de banho tomado e provavelmente com o cheiro da colônia do meu namorado impregnado em cada cantinho da minha pele. Definitivamente não estaria assim se tivesse passado o dia na faculdade, como menti para o meu pai.

    Mesmo assim, parecia que algum tipo de preocupação materna a impedia de enxergar o óbvio. Ao invés de simplesmente acreditar no que eu havia dito, minha mãe abaixou uma parte da gola da blusa que eu usava e, eu juro, o gelo que senti no meu interior não foi brincadeira.

End Game || yoonseok.Onde histórias criam vida. Descubra agora