Naqueles dias, eu percebi que não era apenas o barulho da boate que me sufocava, a minha mente por si só, a solidão no meu quarto ou o silêncio ensurdecedor do meu bairro durante a madrugada. Tudo isso me deixava com a sensação de estar sem ar; mas o pior de tudo era a ausência de Yoongi.
Sua ausência de deixava sufocado.
O que era estranho, cômico e o exato oposto do que ele provavelmente sentia. Depois daquela noite, eu pensei muito e cheguei na conclusão de que talvez ele se sentisse sem espaço comigo, até porque eu realmente poderia ser muito evasivo. Mensagens demais, sorrisos demais, palavras demais, sempre me importar demais, ligar demais, ser eu demais.
Estávamos falando de Min Yoongi. Ele não costumava ficar, estava acostumado com a liberdade e com o fato de fazer o que quiser da sua vida.
E, eu juro: achava que estava indo bem! Tentei deixar ele encontrar o tempo e momento certo para se abrir, deixava que ele fizesse o que bem queria e tentava medir a quantidade de mensagens desnecessárias. Pela primeira vez, eu estava contente com meu auto-controle, que era difícil de manter já que, porra, eu estava apaixonado.
Mas depois de tudo que eu vi, foi como se eu percebesse que minhas tentativas de ser melhor por Yoongi não fossem nem um pouco eficazes. Eu me senti idiota, burro e ridículo, porque eu me esforçava! E aquela cena foi como uma alavanca que jogou toda a minha confiança fora.
Nunca tive grandes problemas com autoestima, mas então eu comecei a pensar que ele só estava fazendo aquilo porque eu não era bonito o bastante. Nunca tive problemas com minha classe social, mas comecei a me indagar se tudo seria diferente se eu fosse rico. Envergonhado quanto à minha família? Nunca fui, mas será que ele não me queria só porque meu pai era homofóbico? Ou seria por que eu trabalhava num restaurante, tinha amigos que não estavam formados ou, sei lá, beijava mal? E se eu fosse o maior compilado de coisas ruins, e por isso ele decidiu me deixar de lado?
Me odiei por pensar aquilo. Sempre achei ridículo a ânsia que muita gente tem de ser alguém que verdadeiramente não é, mas eu não conseguia parar de desejar aquilo também; porque talvez, só talvez, o Yoongi não ia beijar outras pessoas. Talvez, se eu fosse diferente, ele se apaixonaria por mim.
Quando falei isso para Jimin, ele quase deu um tapa na minha cara. Deu o maior sermão alegando que eu era a melhor pessoa do mundo e que o errado era Yoongi por não me enxergar direito, e eu decidi concordar.
Porque eu não queria me martirizar e nem ignorar todas as minhas filosofias de vida. Estava tudo bem em ser pobre, trabalhar em um restaurante e não ser o maior exemplo de beleza. Estava tudo bem em ser eu.
Mas acontece que eu sempre acreditei que Yoongi sabia me enxergar. A forma que ele me tocava, os beijos que distribuía, os sorrisos e as carícias; era impossível que tudo aquilo fosse superficial e que ele fosse um poço de sociopatia, incapaz de sentir qualquer tipo de sentimento.
Yoongi não era assim, e isso que doía. Não sabia se era só uma ilusão, mas os dias que passei com ele me revelaram um homem cheio de particularidades lindas, pensamentos geniais e carinho sem igual.
Mas, caralho, por que ele tinha que fazer merda e pisar no meu coração? Era injusto!
E eu vivia daquela forma: faculdade, meu quarto e restaurante nos finais de semana. Durante a noite, quando eu não conseguia dormir por pensar demais, me arriscava a pular pela janela e caminhar pela vizinhança quieta.
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End Game || yoonseok.
Fanfiction"Acima de estudante de jornalismo, um péssimo filho na visão do pai, garçom, amigo de três gazelas barulhentas, viciado em cultura nerd e em videogames, Hoseok provavelmente era apaixonado por Min Yoongi." Hoseok já havia se acostumado a enco...