thirty nine - epiphany.

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quem é vivo sempre aparece, né? rs

me desculpem pela demora, gente :(

se não lembram do que aconteceu no último cap., aconselho vocês a voltarem só um pouquinho para reler, tudo bem? desculpa, mais uma vez.

~×~×~×~×~×~×~

Quando criança, eu tinha muito medo de me sentir sozinho. Até mesmo dormir sem o carinho da minha mãe era como tortura; eu queria ter uma companhia. Queria me sentir protegido, de alguma forma.

A questão é: o quão difícil é sentir-se seguro? Por mais que eu estivesse rodeado de pessoas que amo, que tivesse a certeza de que tudo estava bem, a sensação de vulnerabilidade era real. Era como estar sempre em alerta, e eu raramente conseguia controlar isso.

Conforme fui crescendo, esse tipo de pensamento foi se esvaindo aos poucos. Me sentir seguro e protegido continuou sendo raro, mas deixou de ser algo que me incomodava como um todo. Me conformei com o fato de que estamos sempre sozinhos, e que estamos constantemente expostos a seja lá o que o destino reservou para o nosso futuro.

E, quando eu parei no meio do jardim da minha casa, sendo alvo do olhar mais enojado e raivoso que já presenciei do meu pai, eu notei que precisava me sentir protegido. Pelo menos por uma fração de segundos, só para não ter a impressão de que tudo estava perdido.

Porque foi isso que eu pensei: fim. Não que minha vida fosse acabar, mas sim que tudo que eu prezo estivesse prestes a escorrer entre meus dedos. Naquele momento, eu podia perder Yoongi, podia perder a ajuda da minha mãe, podia perder o restinho de sanidade que me mantinha positivo.

As coisas acontecem sem que você espere, e isso é o pior de tudo. É uma questão de segundos para que o mundo caia completamente sobre suas costas.

Isso é triste, é injusto e é covarde. É como se a vida estivesse nos treinando, e, devo ressaltar: eu nunca passo nesses testes. A prova disso? Aconteceu quando eu não consegui conter as lágrimas.

Meu pai não precisou dizer mais nada, assim como minha mãe e Yoongi. Sem nenhum gatilho evidente, eu comecei a chorar como se estivesse voltado ao passado. Naquele momento, eu estava tão vulnerável que me senti o Hoseok de anos atrás, chorando depois de ser deixado sozinho no quarto.

Não solucei e não emiti nenhum som gutural. Eu apenas chorei e senti medo, puro medo.

É aterrorizante que as coisas saiam do seu poder dessa forma. Bastou algumas horas para tudo sair de seu devido lugar, e ter que arrumar isso sozinho parece impossível.

Mesmo sem conseguir dizer uma simples palavra, eu estava escutando muito bem, como se todos os meus sentidos concordassem em apenas aguardar algo que, uma hora ou outra, teria que acontecer.

Eu teria que escutar as palavras do meu pai. Teria que enfrentar todo o repúdio que ele sente por mim.

Ainda assim, naquela pequena fração de segundos, enquanto estávamos todos quietos, eu absorvi cada sentimento implícito no olhar do meu pai. Diante daqueles olhos e daquela presença esmagadora que me fez sentir minúsculo, juro que senti meu coração se quebrar.

Diferente do que eu acreditava, não são apenas relações amorosas que podem te deixar tão frustrado e desolado como estou agora. É ainda pior, para ser franco; porque não conseguir receber um mero olhar de aprovação do meu pai mexeu muito com cada partícula do meu corpo.

Chega a ser engraçado como o coração não faz nenhum barulho quando se quebra - hipoteticamente falando -, mas nos traz uma dor imensurável.

Doeu, de verdade. Não conseguir sustentar aquele olhar por mais de alguns segundos machucou, e milhares de pensamentos fizeram minhas lágrimas tornarem-se ainda mais abundantes.

End Game || yoonseok.Onde histórias criam vida. Descubra agora