65. transformando a autumn

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SPRING RIVER

— A minha abóbora é a melhor. — Summer vangloriou-se.

— Não é nada! Acho que você não viu essa obra de arte ainda. — Taylor sorriu, apontando para a sua abóbora.

— A minha está um lixo. — Autumn reclamou.

— Anime-se, Atum! É Halloween! — cantarolei, animada.

— Esse é com certeza o melhor feriado. Poder assustar e torturar pessoas sem motivo? Qual é! — Winter se animou. Confesso que nunca tinha visto ela tão entusiasmada assim.

— Eu não consigo te levar a sério nessa fantasia de Spring, Winter. — Autumn gargalhou.

Winter vestia um vestido florido rosa junto a uma peruca preta, se assemelhando a mim. Ela também carregava um buquê de flores junto a um gato de plástico.

Talvez ela esteja uma Spring melhor do que eu mesma.

— Cheguei! – Johnson se aproximou, segurando uma sacola. Ele vestia uma fantasia de mágico.

— Trouxe o que eu pedi? — Winter sorriu, maléfica.

— Claro. — Jack sorriu enquanto tirava um frasco que continua um líquido verde, diabólico.

— O que é isso? — perguntei, arrancando o frasco das suas mãos.

— Ei! — Winter o tomou de mim. — Você verá em breve. E se a polícia ou qualquer um te perguntar, isso não é meu.

Arregalei os olhos enquanto a risada de Wint ecoava pelo meus ouvidos.

— E pra Spaby.. um livro de magia. — Johnson retirou o pequeno livro da sacola.

— Você trouxe! Mal posso esperar para usá-lo. — dei pulinhos, animada.

— Do que você está vestida, afinal? — ouvi a voz de Nash atrás de mim, me fazendo arrepiar.

— De gênio. E fica quieta, Winter.

— Mas eu não disse nada! — a agora morena retrucou.

— Mas pensou. — desci da bancada que eu estava atualmente sentada, levando minha abóbora até a porta.

Nash me seguiu, com sua típica feição preocupada.

— Você tem certeza que está bem? — ele perguntou.

— Eu já disse que sim. Agora pare de me perguntar isso e de uma voltinha.

Nash estava engraçado naquela fantasia de ninja.

Graças a Deus eu não tinha o deixado se vestir de pão.

— Ainda prefiro a fantasia de pão.

Ri, ao passo que todos já saiam de casa.

Autumn continua jogada no sofá, mexendo em alguma coisa no seu celular.

— Autumn! — despertei-a. — Vai arranjar alguma fantasia! Ou eu vou jogar um feitiço em você.

— Manda ver, bruxinha.

Sorri, procurando algum feitiço no pequeno livro para recitar.

Abátalagem, que Autumn vire um animal selvagem! — fechei os olhos, fazendo movimentos com as mãos. — Pronto, agora vá vestir uma fantasia antes que você vire um lobo.

Autumn riu, se virando até o quarto.

— Spring, você vem? — ouvi a voz de Nash da porta.

— Só um segundo.. estou esperando a Autumn. — olhei no meu relógio imaginário, sentindo suas mãos na minha cintura.

— Ótimo. O que acha de fazermos alguma coisa enquanto isso? — sua voz expressava malícia.

— No Halloween não. Vai que eu fico possuída fazendo sexo.

Nash gargalhou.

— Olha, um cachorrinho. — o menino apontou para a pequena figura caminhando até mim. — De onde ele surgiu?

— Boa pergunta, eu.. — estendi minha mão para fazer carinho no animal, mas logo após gelei.

Eu não podia ter feito aquilo.

Céus, eu fiz aquilo?!

— Nash.. — chamei, assustada. Ele apenas murmurou, entretido. — Essa é a Autumn.

— O cachorro? É a Autumn?

— Ai, meu Deus.. eu transformei a Autumn num cachorro! — peguei-a no colo. — Me desculpa, ouviu, Autumn? Eu vou arranjar um jeito de desfazer isso. — a acariciei.

Começamos andar vendo todas as crianças fantasiadas correndo pela rua, roubando doces umas das outras, algumas se batendo pelo doce.. Ah, o Halloween é lindo.

— Gostosuras ou travessuras?— eu, Nash e mais algumas crianças fofinhas que apareceram perguntamos em uníssono. Um velho gordão com uma fantasia de vampiro abriu a porta e meus olhos se arregalaram.

— Nash... — sussurrei disfarçadamente. — É o velho das galinhas... — Ele coçou a cabeça segurando o riso.

— Boa noite, criançada! — o velho falou tirando os chocolates do bolso. — Um para cada um, senão não sobra para as outras crianç.. — ele parou de falar, olhando seu pote vazio. — Aaron, meu filho, traz mais doces aí!

Engoli em seco, vendo o mesmo se aproximar.

Fazia algumas semanas que eu não via ele. Sinceramente, eu tinha medo dele, e ainda mais no Halloween, onde ele parecia mais sombrio.

Toda a doçura que ele costumava ter foi substituída por uma cara fechada.

Ele me olhava nos olhos, amargurado.

Nash, por outro lado, estava tenso. Eu sentia isso.

— Vai querer os doces ou não? — o velho estendeu as balas, cortando o silêncio.

— Deixa pra próxima.

Pelo menos agora eu sei que Aaron tem galinhas. Isso daria um bom nome pra senha de armário.

Olhei para os meus braços, me Autumn não estava mais lá.

— CADÊ A AUTUMN?! — gritei. — Oh meu Deus, eu perdi a minha melhor amiga!

— Spring, você não transformou ela em cachorro. — o menino revirou os olhos.

Sai de perto dele, caçando a Autumn pelas ruas escuras e enfeitadas.

— Autumn? — chamei-a. Vi uma lata de lixo de mexendo, então pressupus que a cachorra estivesse ali dentro.

Eu tinha a leve impressão de que alguém estava me seguindo. Quando a luz foi ficando pouca ao passo que eu me aproximava da lixeira, vi claramente uma sombra atrás de mim.

— Spring! — a ruiva sorriu. — Você disse que ia me esperar. Estive te procurando à noite toda.

Era Autumn. Vestida de bruxa.

Logo, a cachorra saiu da lixeira e pulou na garota.

— Mas você não..?

— Eu o que? — Ela perguntou fazendo carinho no animal, não dando muita importância.

— Nada. Vamos voltar. E eu acho melhor você me explicar de onde surgiu essa cachorrinha.

Seguimos o caminho até a rua movimentada, mas mesmo assim, eu tinha uma sensação que algo me seguia.

Ou alguém.

SPRING ➶ n. grierOnde histórias criam vida. Descubra agora