79. trancados

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SPRING RIVER

— Spring, eu posso explicar! — Nash me seguiu, escancarando a porta do freezer. Uma leve brisa gelada passou por todos os cantos do meu corpo. — Não é nada do que você está pensando!

— Me deixe em paz.. me deixe em paz.. — andei em círculos. Minha cabeça estava definitivamente explodindo.

O que diabos eu estava fazendo ali?

Acontece que, em situações desesperadoras, eu não agia com a lógica.

— Você pode parar por um minuto e me ouvir?

— Ouvir o quê? Você tentando se desculpar de algo que fez consciente? Mesmo depois de eu te suplicar para não mentir?! Eu repito, Nash, eu posso ser tonta, mas eu não sou burra. — cuspi mansamente, segurando o rio que se formava nos meus olhos.

— Eu não tive a intenção!

— Do que teve intenção, afinal? Quebrar meu coração? Parabéns, você conse..

Fomos interrompidos por um barulho sútil de porta fechando. Arregalei os olhos, olhando para o freezer que já estava fechado.

— A porta! Droga! — Nash gritou. Corremos sem hesitar à mesma, tentando falhamente abri-la.

Ela já tinha emperrado e nos trancado no freezer, ligado.

Nash desistiu de tentar abri-la, escorregando pelas paredes de gelo e abaixando a cabeça. Continuei tentando abrir a porta, desesperada.

Droga, Spring, você é uma burra. Se tivesse apenas ido para a casa isso não aconteceria.

— Spaby, não vai abrir. Estamos trancados. — ele suspirou.

— Como pode falar isso?! Vamos virar frangos congelados nesse lugar! Tem que ter um jeito! Precisa ter! — gritei. Nash apenas segurou meus pulsos, me impedindo de fazer qualquer movimento.

Deslizei junto à ele pelas paredes em silêncio. Ficamos sentados no chão frio, enquanto minhas lágrimas invadiam minha face.

— Você quer conversar agora? — ele perguntou, depois de um tempo. — Temos um tempo até morrermos congelados.

— Não. Alguém vai nos tirar daqui. — solucei.

O silêncio prevaleceu, e com ele, o frio avassalador. Todos os meus pelos do meu corpo se arrepiaram, evidenciando o quão gelada eu estava e o quanto ficaria nas próximas horas.

— Spring..

— Semana passada, você disse que me amava. Você mentiu? — perguntei, firme.

— Como pode me perguntar uma coisa dessas? Eu..

— Você mentiu? — repeti.

Eu me sentia gelada, vazia e mórbida.

— Não. Eu te amo e sempre vou te amar.

Aquelas palavras aqueceram meu coração literalmente frio.

— Precisa ter um jeito de desligáramos isso.

Nash se levantou, olhando para os cantos da sala.

— Ali! Estou vendo! — ele apontou para um grande aparelho no qual saía gelo.

Ele se pendurou no pequeno frigorífico, e começou a bater no aparelho.

— Pare de bater! Vai es..

Não demorou um segundo que eu terminei de falar e foi ouvido um barulho como se o aparelho estivesse pifado.

— Merda! — Nash gritou. Ao contrário do esperado, o ar frio não parou, apenas se intensificou.

SPRING ➶ n. grierOnde histórias criam vida. Descubra agora