#12 Boa noite

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Sexta 14:38

Chris

Toda essa confusão que está acontecendo faz o meu coração se retrair fortemente, as lembranças dela me arrasam de todas as formas. E, para a minha desgraça, tudo se repete mais uma vez. Eu que achava que estava tudo resolvido, que uma coisa como essa nunca aconteceria de novo, mas como o ferrado que eu sou essa família dos Klør me persegue mais uma vez e dessa vez a culpa é minha, e por causa disso a Eva está metida no meio disso, no meio dessa loucura que eu chamo de vida.
Tento ser o mais descontraído possível, não quero que ela perceba a gravidade da situação. Ela não merecia isso, como a outra também não merecia, mas dessa vez eu vou fazer certo, sem confusão, sem discussão, sem perder a cabeça. Vou conseguir o que esse fudido do Ivan quer e vou tirar a Eva dessa maldita merda.
Estaciono em frente ao portão de casa, destranco o carro e descemos.
- Você mora sozinho?
Ela olha a minha casa como se fosse feita de ouro, com certeza meu pai exagerou na dose da casa quando deu para a minha mãe, antes de abandoná-la.
Penso na minha mãe.
- É...
Ela me olha divertido.
- Tem certeza? Parece que você tem dúvidas.
Eu lanço um sorriso malicioso.
- Por quê? Pretende fazer alguma coisa a sós comigo?
Ela revira os olhos e bufa.
Ponho a senha do portão e ele abre automaticamente, andamos até a entrada de casa, assim que abro a porta a Eva deixa escapar um "Uau". Entramos, ela parecia uma criancinha admirando uma casa feita de doces.
Ela anda até ao estande que continha fotos minhas com a minha mãe.
- Você sempre foi irritantemente bonito assim desde criança. Saco. - ela solta um som de frustração.
Eu começo a rir.
- Eu não sei se agradeço ou fico magoado. - digo me fazendo de ofendido.
- Magoado.
Eu reviro os olhos.
Eva não é bem o que eu esperava que fosse, ela não é daquelas que ficam ofendidas a toa, ela não se importa de comer o que quiser por querer manter as aparências, ela não se importa se as pessoas ligam ou não para o que ela veste, ela simplesmente é quem ela quer ser. Gosto disso nela.
Eu vou até o meu quarto, pego uma mochila qualquer e ponho o necessário, enquanto arrumo a mochila, resolvo trocar de roupa, tiro a minha blusa, seguido da minha calça, escolho uma outra calça qualquer.
- Nossa.
Viro para trás e vejo a Eva encostada no batente da porta de braços cruzados e, não pude deixar de notar, levemente vermelha.
- Aproveitou bem o espetáculo? - provoco, vestindo a calça.
- Muito. - Ela mostra um sorriso cínico.
Só de pensar na festa em que fomos irritantemente interrompidos. Suspiro.
Ela entra no meu quarto e se senta na cama, enquanto eu termino de colocar a blusa, ela avalia o meu quarto com muita atenção.
- Se alguém me contasse que um dia eu estaria sentada na cama do Penetretor Schistad, eu não acreditaria.
Eu sorrio.
- Pode admitir é o seu sonho se realizando.
Ela pega um dos meus travesseiros e joga na minha direção, eu desvio.
Mulheres e essas manias de atacar almofadas e travesseiros em mim.
Ela respira fundo, eu podia ver, pois bem na sua testa estava escrito "Muitas perguntas", e eu sei que devo respostas a ela. Observo ela acariciar levemente os lençóis da cama, colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha, ela morde os lábios suavemente. Droga. Essa garota consegue ser linda de uma forma simples.
Recebo uma mensagem do William.
"Consegui metade! Vê se consegue o resto."
Eu relaxo um pouco com a mensagem.
- Está tudo bem?
- Sim, é só o William.
Ela se levanta.
- O que está acontecendo Chris?
Eu respiro fundo.
- Esquece Eva, já disse. Melhor você não saber.
Ela passa às mãos no cabelo e revira os olhos. Merda.
- Qual é o seu problema? Sabia que eu quase morri? Ele podia ter me machucado de verdade! - eu fico passivo diante desse discurso dela, sei que ela tem um pouco de razão, mas eu sei o que estou fazendo. - Olha, não estou pedindo para me contar tudo, só quero saber a gravidade da situação.
Ela já não gritava mais, mas sim implorava para saber mais sobre isso, coisa que eu prometi a mim mesmo não contar, pois eu sei que se ela souber de algo vai ser pior. Eu ando na direção dela e seguro os seus ombros, olho firmemente em seus olhos.
- Eu prometi que não iria deixar ninguém te machucar, e eu estou cumprindo a minha promessa.
É só isso que estou fazendo, sem sentimentos, sem envolvimento, apenas cumprindo uma promessa de alguns meses atrás, além de protege-la também ganho uma consciência "limpa", isso pode soar um tanto egoísta, mas tirar a Eva do meio disso me deixaria conscientemente tranquilo.
Ela relaxa os ombros e desvia o olhar.
Termino rapidamente de pegar o que preciso e saímos em direção a sua casa.

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23:57

Eva

Estávamos jogados no sofá da minha casa vendo um maluco no pedaço, havíamos tirado no pedra, papel e tesoura, se ele ganhasse veríamos jogo e seu eu ganhasse assistiríamos o que eu quisesse, obviamente eu ganhei. Ele não admitiria, mas eu sei que está gostando de ver, às vezes eu o observava rindo e como ele era bonito quando sorria, coisa que eu só via quando ele estava rodeado de meninas prontas para tirarem a roupa dele.
- Vai dormir aonde? - pergunto, sem encara-lo.
Ele dá de ombros.
- Posso dormir no sofá.
- Melhor você dormir no meu quarto. - ele vira completamente na minha direção. - Caso a minha mãe resolva chegar mais cedo.
Ele franze o cenho e coça o espaço entre as sobrancelhas.
- Achei que ela iria ficar fora.
Eu me ajeito no sofá.
- Só não quero que ela encontre um garoto no sofá da sala.
Ele ri.
Assim que convenço ele a dormir no quarto comigo, meu cérebro volta a raciocinar com clareza.
Socorro! Eu acabei de oferecer a minha cama ao Christoffer!?
Meu coração pula enquanto eu penso em qual é o meu problema.
Depois de mais uns dois episódios, resolvemos ir dormir.
Entramos no meu quarto, ele entra no banheiro para fazer sei lá o que, enquanto em arrumo a cama desesperadamente. Monto uma pequena barreira no meio da cama e deito de costas para o lado que eu deixei para ele, estava fora de cogitação eu encara-lo. Ouço a porta do banheiro sendo destravada, minha respiração foge um pouco do ritmo, sinto a cama se mexendo enquanto ele se ajeita para dormir.
- Boa desculpa. - ouço sua voz rouca, mas continuo de costas para ele. - Sabe, essa que você usou da sua mãe, só para deitar na cama comigo.
Eu bufo.
- Boa noite. - Tento soar desinteressada, mas soou mais como completamente sem jeito.
- Boa noite, Monh.
E apesar de toda a confusão que aconteceu para que isso aqui, esse pequeno e bobo momento acontecesse, eu curti cada segundo.

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