Quinta 13:38
Eva tinha noção de quando as palavras eram necessárias e de quando elas só serviam para deixar o ambiente mais pesado, e era para isso que elas serviam nesse instante, só para piorar a situação. Então ela se contentou em segurar sua mão e oferecer um sorriso acolhedor, que foram muito bem recebidos por Chris.
Ele podia sentir seu olhar as vezes se direcionando até as mãos arroxeadas dele, porém Eva se repreendia dizendo que não era a hora.
Eles atravessaram o portão principal e se depararam com um jardim enorme e pomposo demais. Eva não conseguiu evitar e deixou um "Uau" escapar pela sua boca, já Chris apenas retorce o nariz. Eles sobem a pequena escadaria que dava de frente para uma enorme porta de madeira, uma campainha, que parecia ter sido retirada de um filme assombrado, chamou a atenção de Chris e então apertou-a. Seu coração estava um pouco fora do ritmo, mas ele se controlava. Eva se encontrava perdida, porém uma ideia se passava pela sua cabeça de quem morava lá, e isso a deixava um pouco desconfortável. Alguns minutos depois uma senhora, de pele esbranquiçada e cabelos grisalhos cobertos por um pano, surge em suas frentes.- Posso ajudá-los?
Ela esfregava as mãos com um pano de prato velho.
Chris demorou um pouco para achar as palavras, mas logo se recompôs.- O Max tá em casa? - sem conseguir evitar ele pressiona um pouco a mão de Eva.
A senhora tira o pano da cabeça e arregala os olhos.- Você que é o Christoffer Schistad?
Um pouco confuso ele olha pra Eva, que apenas dá de ombros.
- É... Sim... - ele inclina a cabeça. - Você me conhece?
- Apenas por fotos e história muito bem contadas pelo senhor Maxwell. Vamos, vamos entre.
Sem entender o que havia acabado de acontecer, eles passam pela grande porta de madeira, se deparando com uma casa divina por dentro, chão de porcelana, com parardes brancas, um grande lustre pendurado por cima da mesa, exageradamente grande, de jantar. Bem estilo mafioso, pensou Chris.
A moça os guiou até uma sala pequena, com um sofá e uma televisão.- Sintam se a vontade, o senhor Maxwell vai chegar logo da viagem.
Depois de dar um sorriso, Chris e Eva se encontravam sozinhos.
Os dois estavam um do lado do outro, ele evitava os olhares interrogativos dela, mas ele sabia que não iria durar muito.- O que houve com as suas mãos?
Ela pegas suas mãos com cuidado, ele admira por alguns segundo esse gesto de preocupação.
- Eu perdi uma luta feia... - ela levanta a cabeça com os olhos arregalados em sua direção. - Mas tá tudo bem, você tinha que ver o volante, ele com certeza saiu ferido.
Ela não evita de bater no seu braço com raiva, mas também aliviada.- Merda! Me assustou.
Eles riem.Ele se aproxima e passa o braço em volta do pescoço dela, que se aconchega em seu ombro.
As vezes só bastam alguns segundos, só isso, para tudo cair ou levantar, Eva e Chris tinham noção disso.
Ele sempre foi acostumado assim, a se preparar para o sentir o pior. Não sabia muito bem como lidar quando as coisas davam muito certo, quando isso de "dar tudo muito certo" aparecia em sua vida ele não sabia muita das vezes como lidar com isso. Ele não queria, mas se sentia assim em relação a Eva, está tudo indo tão bem, que sua cabeça não consegue evitar de criar paranoias de coisas que podem acontecer para tudo dar errado. E era só isso que suas paranoias precisavam, apenas de segundos, para que tudo isso desse errado.
Superei muita coisa, pensou ele, mas não me imagino superando nós dois.
A moça aparece novamente, mas desta vez ela estava acompanhada. Maxwell se encontrava logo ao seu lado, seu terno chique e um tanto brilhante irrompem a pequena sensação de paz que se encontrava na sala, a tensão no ar é quase palpável, pelo menos era assim que Chris e Eva se sentiam, já a moça de cabelos grisalhos mantinha um sorriso quase acolhedor, quase.- Christoffer... - a voz de Maxwell sai embargada pela surpresa de vê-lo na sua casa, ele quase não acreditava.
Chris segura a mão de Eva, antes de dizer:
- O que você quer? O Devon me contou da sua busca sobre mim, sua intenção é me fuder?- Christoffer, eu sei que você me odeia... - ele começou, mas logo foi interrompido.
- Eu não odeio você... - Maxwell ficou sem reação ao ouvir tais palavras serem pronunciadas por seu filho, mas a "alegria" durou pouco. - Porque pra odiar você eu teria que me importar, e eu tô pouco me fudendo pra você.
Maxwell não julgava Chris pelo seu ódio, ele entendia a raiva, ele queria contar, ele queria dizer o motivo de ter ido embora, queria pedir desculpas e explicar tudo, mas mesmo assim ele temia que Christoffer o odiasse ainda mais. Seu medo de ter o perdido totalmente entristecia seu coração.
- Me deixa em paz, ou as coisas vão piorar. - Chris dizia com os dentes trincandos, Eva nunca havia visto tanta raiva em uma só pessoa.
Depois de dizer isso, ainda segurando as mãos de Eva, ele passa diretamente por Maxwell, puxa a porta com força, atravessa o jardim em passos largos e pesados, seu coração batia acelerado em seu peito, por um segundo acreditou que Eva até poderia ouvir seus batimentos. Quando chegam perto do carro Eva solta as mãos de Chris bruscamente para poder chamar sua atenção, os dois param de andar e se olham, olhares as quais os dois não sabiam identificar. Eva esfrega as mãos no rosto, enquanto ele a observa sem saber o que pensar direito.
- Sem meias verdades... Cansei... - essas palavras de Eva o atingem em cheio. - Eu fiquei com você Chris, te defendi, confiei em você... Mereço a verdade.
- Talvez... - ele não sabia o que dizer. - Não sei, talvez tenha ido tudo muito...
- Rápido? Eu... Isso é sério? - sua voz aumenta.
- Eva, para.
- Parar com o quê? Porque eu realmente não sei mais o que eu tô fazendo.
- Isso é ridículo...
Lá estavam eles, os malditos segundos pelos quais Chris tanto temiam.
- Eu só acho que mereço sua confiança.
- A questão não é essa...
- Então qual é?! - grita. - Me fala!
- Eu tenho medo caralho! - ele grita de volta. - Quando eu contar a porra da verdade, não vai ter mais volta, você vai me conhecer de verdade, vai ver o quão ferrado e fudido eu sou! Eu sou danificado Eva, as pessoas que costumam me conhecer, também costumam fugir.
Eva ouvia cada palavra com atenção, seu coração se partia a cada frase, ela entendia, sabia que no final tudo voltava ao abandono que ele havia sofrido. Quando o pai de Eva foi embora, ele fazia algumas ligações às vezes, fazia perguntas típicas e banais, ela respondia sem ignorância ou deboche, bom nem sempre, mas ela sabia que mesmo que o seu pai fizesse isso para aliviar sua própria consciência, ela ao menos tinham as ligações e também tinha sua mãe. Chris nunca foi de demonstrar fraquezas, pelo menos não a todos, mas depois que o conheceu um pouco, descobriu coisas sobre ele que ela nem imaginava, ele havia ficado aqui sozinho com a mãe doente, pois seu pai o havia abandonado, depois ficou sozinho, pois havia convencido a sua mãe a ir se tratar em outro lugar. Ela entendeu.
Suas mãos encontram o rosto de Chris, ela o beija intensamente.- Eu quero que isso dure... - seus olhos se encontraram. - Lembra? Foi o que você me disse, e respondi que também queria. Minha resposta ainda é a mesma, e a sua?
Chris segura sua cintura e a puxa contra o seu corpo, ele a beija.
- Eu também quero... - ele estala a língua. - Só você pra me fazer passar por isso.
- Você ama... - Eva diz sorrindo, com os braços envolvidos no pescoço de Chris.
- É... - ele morde os lábios - Amo mesmo.
Um sorriso iluminado surge no rosto de Eva, e no de Christoffer também.
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Risco De Sentimentos
RandomChris&Eva Eva. Chris. Como descrevê-los? Bom, com certeza, não como um casal normal, na verdade nem sequer eram um casal, nem mesmo amigos. Seu drama com o Jonas mexe fortemente com ela, e como em um perfeito filme clichê, quem estava lá para salv...