Risco De Sentimentos

#18 Cafeteria

Sexta 7:09

Chris

O gosto forte do café feito por mim desce esquentando todo meu corpo, e eu estava precisando desse café. As pessoas dizem que café as fazem acordar, mas o efeito em mim é absolutamente ao contrário, pois o café me acalma de todas as formas, e eu precisava me acalmar.
Cada detalhe de ontem se repete mais uma vez na minha cabeça, as palavras ditas por mim ontem não param de se repetir na minha mente.
"Quero que isso dure."
Um sorriso idiota se forma no meu rosto, e percebo que não me arrependo de tê-las dito.
Ouço um barulho de carro estacionar em frente a minha casa, levanto do sofá e vou até a janela, o carro para em frente a minha porta e eu não consigo identificar o carro, continuo olhando, a porta se abre e essa pessoa que eu bem sei quem é desce do carro.
Como ele sabe onde eu moro?
Infelizmente eu não sabia a resposta, mas acalma que havia se instaurado em mim some imediatamente, eu abro a porta da sala e vou de encontro com ele antes que ele resolva se oferecer para entrar, assim que ele me vê ele para de andar, e eu também.

- Filho... - assim que ouço sua voz meus olhos automaticamente reviram.

- O que você quer?

- Só quero conversar com meu filho...

- Para de me chamar assim. - digo fazendo cara de nojo.

Ele coça o queixa e respira fundo.

- Posso entrar?

Penso na Eva lá em cima no meu quarto, não quero que ela participe disso.

- Na verdade não. - ele tenta dizer algo, mas eu corto. - Olha, eu realmente não quero conversar agora, mas já que essa merda e tão "importante" pra você, me encontra na cafeteria da rua Svelton.

- Às cinco?

- Tá, tanto faz.

Dou meia volta e entro em casa, olho pela janela e o vejo entrando no carro se distanciado, viro para trás e vejo Eva parada diante de mim.

- Quem era Chris?

- Não quero falar sobre isso. - falo um pouco ríspido. - Desculpa, eu não...

- Esquece.

Ela pega a bolsa no sofá e vai em direção a porta.

- Eva, sério?

Ela não me responde, bate a porta da sala e vai embora.

- Mais que PORRA!

Pra quem só queria tomar um café, essa manhã começou muito fodida pro meu gosto.

8:14

Na aula de educação física eu podia me distrair de bastante coisa, então eu aproveitava o basquete para pensar que eu só sou um garoto normal no ensino médio com problemas menores, tipo espinhas. Ok, isso é bem idiota, mas me ajuda a não perder e cabeça.
Quando o treino acabou nos dirigimos até o vestiário, joguei uma água rápida no meu corpo, me vesti e saí da quadra.

- Chistoffer! - viro pra trás e vejo o Jonas vindo na minha direção. Ótimo! - Quero que arranje uma parada pra mim, pode ser?

- Pra quando?

- Hoje a noite.

Confirmo com a cabeça e volto a andar.

- Ela sabe? - paro, pois sei exatamente do que e de quem ele está falando, confesso ter ficado irritado com o comentário, o seu ar cheio de marra é nítido, o que me deixou mais irritado. Sem me virar de volta na sua direção eu volto a andar. - Melhor conta antes que ela descubra.