Risco De Sentimentos

#13 Sorvete

Segunda 8:53

Eva

Esse fim de semana foi um dos mais estranhamente bizarros que poderia ter, não porque foi ruim, mas porque foi bom, e o mais estranho disso tudo é que um dos motivos dele ser bom foi o Chris.
Se alguém perguntar eu nego.
No sábado ele me levou para comer pizza, sim você leu direito. Segundo ele a última coisa que ele queria fazer era ir para casa, não sei o motivo, mas ele me levou até uma pizzaria e conversamos a noite toda. De sábado para domingo ele dormiu fora, mas me mandava mensagens perguntando se eu estava bem e outras que envolviam sacanagens, que eu fiz questão de ignorar, no meio da tarde de domingo ele apareceu lá em casa de novo, ficamos jogando vídeo-game e conversando aleatoriamente.
Resumindo, passei um fim de semana com o Penetrator Chris e não foi perturbador, repito não foi perturbador. Só de pensar um sorriso idiota se forma no meu rosto, mesmo contra a minha vontade, não quero a Vilde me enchendo o saco me perguntando sobre isso, já que Chris me pediu para não contar a ninguém sobre toda essa confusão.
Apesar disso, pedi claramente a Chris para não contar a ninguém sobre a história dele dormir lá em casa ou sobre sairmos juntos. Não sei bem o por quê, mas sei que quanto menos souberem melhor.
Nosso professor de química explicava sobre alguma coisa que eu obviamente não entendia nem um pouco, distraída com tantas outras coisas minhas notas tem caído de uma forma significativa, preciso urgentemente estudar essa matéria, e muitas outras obviamente.
Sana estava ao meu lado e me olhava de forma estranha, ela me analisava de cima a baixo com esse olhar penetrante que só a própria Sana poderia ter.

- O que foi? - pergunto, sentindo o nervosismo percorrer todo o meu corpo.

- Você está radiante... - ela põe a mão no queixo. - E nem está bêbada. - eu rio. - O que é que você tem?

Eu me ajeito na cadeira.

- Não tem nada Sana, você que está estranha.

Dito isso ela respira fundo e para com as perguntas, mas posso ver em seu olhar que ela não deixaria isso passar em branco.
Depois da aula de química fomos até o nosso cantinho de sempre na janela que ficava entre as escadas, Chris e Vilde discutiam sobre uma das festas que iria ter nessa semana, enquanto Sana e Noora falavam sobre alguma coisa que eu não fazia ideia. Eu olhava distraída para o pátio da escola e pude ver os Penetretors lá embaixo conversando e rindo, meu olhar involuntariamente para em Christoffer, ele estava com um sorriso enorme nos lábios e seu cabelo estava jogado para trás de forma bagunçada.
Por que você está pensando nele mesmo?
Me obrigo a desviar o olhar e tentar focar em alguma conversa que as meninas estavam tendo, porém ouço uma notificação no celular.

Convencido: Acha que eu não vi você me observando?

Eu: Então você estava prestando atenção em mim? Hmm...

Convencido: Hahaha! Preciso falar com você.

Eu: Sobre?

Convencido: Vai descobrir quando me encontrar na sorveteria do Ice's.

Eu: Só vou pelo sorvete.

Convencido: Não se atrase Monh.

- Eva!

Tiro os olhos do meu celular e vejo os olhares das meninas em cima de mim.

- O quê?

Elas trocam olhares entre si.

- Nós estávamos falando sobre a festa da Iben, você vai? - Vilde me pergunta.

Eu pisco algumas vezes, meio confusa, antes de responder.

- Talvez, sim... Quem sabe?

Elas trocam olhares entre si, de novo, e voltam a conversar aleatoriamente, mas posso sentir o olhar da Noora em cima de mim. O sinal toca.
Graças à Deus!
De uma forma exagerada, eu junto as minhas coisas e corro para próxima aula, que, para minha alegria, ficava bem longe de Noora e do seu radar incomparável ou de Sana e os seus olhares penetrantes.
Talvez eu não seja assim tão boa em disfarçar como eu pensei que fosse, nesse caso eu posso me considerar um pouco ferrada.

****

13:42

Eu estava atrasada, não de propósito, mas porque o professor de matemática resolveu me prender dentro da sala de aula e me dar um longo discurso sobre como eu deveria me esforçar mais, ele tem razão, mas confesso não ter dado a atenção devida para o seu discurso, minha cabeça só pensava em sorvete... Ok! Era em Christoffer, mas em minha defesa eu apenas gosto de passar um tempo com ele, só isso! Não tem nada de errado em gostar de passar um tempo com ele, afinal ele é o meu amigo agora, eu acho.
Entro na loja e posso vê-lo sentado de frente para a porta de entrada, assim que me vê ele bate o dedo indicador e o dedo médio no pulso e finge estar irritado, solto uma leve risada e ando em direção a mesa a qual ele está me esperando.

- Em minha defesa - começo, enquanto me ajeito na cadeira, - o professor de matemática me odeia.

Ele sorri. Acabei de descobrir uma das coisas que eu mais gosto em Chris.
Aff! Foco Eva Kiigv Monh!
Ele para de sorrir e sua expressão fica um tanto mais séria, nunca vi o Chris com esse tipo de seriedade no olhar. Me deixa um tanto desconfortável.

- Eva, eu acho que nunca falei isso pra você, sabe desde o dia em que toda essa doideira começou. - ele apoia as mãos na mesa, seus olhos fixam suas mãos. Pela primeira vez, em todo esse tempo em que o conheço, eu nunca o vi tão desconfortavelmente vulnerável. - Eu obviamente não fiz de propósito, mas se você está aqui enfrentando tudo isso é por culpa minha e você não merece isso Eva. Sinto muito.

Eu não acredito no que eu acabei de ouvir, Christoffer Schistad acabou de me pedir desculpas, repetindo senhoras e senhores ele me pediu desculpas. Essa situação é tão inacreditavelmente inesperada que a única coisa que eu consigo fazer é da um sorriso tímido. De todas as coisas que aconteceram nessa semana, esse momento histórico vai para o topo da lista.
Ok... Talvez eu esteja exagerando. Mas um pedido de desculpas vindo dele? Fala sério! Nem Sherlock Holmes descobriria essa.
Ok, Eva! Já chega de piadinhas por hoje.
Ele finalmente levanta a cabeça e me olha de fato desde que chegamos aqui.

- É, isso aqui vai para o topo da minha lista. - dou um sorriso.

Ele franze o cenho e me olha confuso.

- Como assim? Que lista? - ele me pergunta e acaba relaxando um pouco. Que bom.

- De momentos históricos. - ele ri, mas ele não apenas sorri, ele realmente está rindo.

- Você não existe Monh. - diz enquanto se levanta. - Vem, a gente ainda não pediu os nossos sorvetes.

***

14:52

Chris

Nós andávamos pelo calçada, enquanto saboreávamos o nosso sorvete.
Eu nunca poderia imaginar um momento mais clichê do que esse aqui. Folhas das árvores caindo, brisa leve, - o que é raro em Oslo - caminhar e tomar sorvete, automaticamente fiz uma careta pensando nisso, nem estou me reconhecendo mais, é de fato assustador, mas por outro lado eu nunca me senti tão leve, neste momento eu não sou o Penetretor Chris, cheio de problemas, confusões e dívidas, eu só sou o Chris que está aproveitando um momento bom com alguém legal, Eva.