#19 Namoro?

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Eva

Sexta 20:03

Minha mãe finalmente se encontrava dentro de casa, ela me explicou que ficou presa no trabalho, para me compensar ela encomendou pizza e comprou um enorme pote de sorvete de morango, eu percebi que ela se sentia mal por ter ficado fora por muito tempo, então eu a perdoei rápido, sei que ela não tem culpa, e também sempre sou muito fraca em relação a comida.
Enquanto assistíamos juntas ao meu seriado favorito, Um Maluco no Pedaço, minha mente se distraiu até Christoffer, eu não o via desde hoje de manhã, o que me preocupava, acho que no fundo eu esperava que ele viesse até mim, talvez eu esteja esperando demais de alguém como ele, mas não consigo evitar de desejar isso bem lá no fundo. Trouxa!
Ouço a campanhia tocar.
- Eu atendo.
Tiro os cobertores e levanto, assim que abro a porta o vejo diante de mim, com o nariz e os olhos vermelhos, eu nunca o tinha visto nesse estado, ele tinha chorado. Saio e fecho a porta atrás de mim, vou até ele e sem pensar duas vezes eu o abraço com ternura, ele começa a chorar bem fraco, enquanto apoia sua cabeça entre meu pescoço e meu ombro, ouço pequenos soluços vindos dele, isso parte meu coração de todas as formas, a única coisa que consigo pensar é que quero fazê-lo se sentir melhor, mas não sei como, e me sinto uma idiota por isso. Quando se acalma, ele põe as mãos na minha cintura e me a afasta com cuidado.
Depois de um tempo preparando um café na cozinha, volto para a frente da casa, sento ao lado dele em cima da escada e lhe entrego a xícara de café, ele respira fundo antes de tomar um grande gole de café, ele apoia os braços em cima das pernas e sorri fraco.
- Quando eu era pequeno, minha mãe ficou doente. - ele abaixa o olhar até as suas mãos entrelaçadas. - Quando o meu pai viu que ela só piorava, ele deve ter entrado em pânico e foi embora.
Não consigo esconder minha cara de raiva quando o ouço falar isso, se tem uma coisa que eu entendo é sobre um pai abandonar um filho, com certeza é uma das coisas pelas quais ninguém deveria passar.
- Ele abandonou você?
É uma pergunta besta, já que foi isso o que ele acabou de dizer, mas não pude evitar de fazê-la, digerir isso é mais difícil do que parece.
- É, enfim, depois de um tempo, uma tia minha que mora na Inglaterra descobriu que minha mãe estava mal, então depois de insistir muito, consegui convence-la a ir pra lá se cuidar, minha mãe me deixou com a mãe do William. - ele para e respira um pouco. - Aconteceu muita coisa na família do William que nos levou a morarmos sozinhos, aconteceu muita coisa que me levou a fazer o que eu faço hoje. - ele vira pra mim. - A minha vida é uma bagunça do caralho.
Ele olha nos meus olhos esperando alguma reação da minha parte, o que demorou um tempo, já que para processar cada coisa que ele se dispôs a me contar foi um processo um tanto lento.
- Por que você resolveu me contar isso agora? - pergunto.
- Porque eu confio em você, eu poderia ter te contado antes, mas...
Ele para e esfrega as mãos no rosto.
- Mas o quê?
- Eu tinha medo, tinha medo que você desistisse, eu sei que é um pouco egoísta, mas eu gosto quando você está perto.
Eu sorri quando ele disse isso, saber que esse era o motivo, saber que ele confia em mim, saber que ele se importa é mais do que eu podia acreditar, mas lá estava ele me dizendo todas essas coisas. Me aproximei e o beijei com calma, ele sorri e depois seu sorriso some por um tempo.
- O que foi? - pergunto.
- Eu o encontrei hoje...- o olho confusa. - O meu pai. - meu queixo vai ao chão! Eu não podia acreditar, pelo o que eu havia entendido eles não se falavam a anos, como agora ele simplesmente resolve sair para jantar com o "pai". - Na verdade é uma história um tanto confusa, ele é bem insistente.
- Aquele cara no seu quintal hoje de manhã... - acho que estou ligando alguns pontos.
- Sim, era ele. Não faço ideia de como ele descobriu onde eu morava, mas foi por isso que eu fiquei tão irritado hoje cedo. - ele abaixa o olhar. - Eu não queria te envolver nessa confusão.
Christoffer com certeza era o tipo de cara com um passado um tanto, como posso dizer... Pesado. Entendo o fato dele não sair me contando sobre sua vida, afinal nem eu saio contando, me sinto um tanto mal por pedir tanto para ele me contar a verdade sendo que nem eu mesma fiz muito isso, sei bem que minha vida "difícil" não chega nem aos pés da dele, mas posso imaginar como deve ser um porre conversar sobre isso com alguém.
- Tá tudo bem. - eu digo. - Não precisa me falar tudo agora, só não me afasta mais, ok? Você tem que me prometer que não vai me afastar desse jeito!
- Eva...
- Christoffer essa decisão é minha, e eu decide que vou ficar, pode me prometer isso por favor?
- Ok... - ele estala a língua. - Você é muito teimosa!
- É um dos meus charmes. - digo jogando o cabelo pra trás.
Ele sorri torto, seguro seu rosto nas minhas mãos e o puxo para um beijo calmo, que logo é interrompido pelo barulho da porta se abrindo.
- Mãe.
Digo me levantando rápido, Chris faz o mesmo.
- Oi senhora Monh. - ele estende a mão e minha mãe com sua cara, sem disfarçar nem um pouco, confusa aperta a mesma. - Sou Chris.
Ela me olha e depois volta seu olhar para ele.
- Você namora ela?
Meu Deus! Posso morrer agora?!
- Mãe, eu...
- Sim... - ele me interrompe - Eu namoro a sua filha.
Olho para ele, sinceramente, surpresa e, provavelmente, com um sorriso bem bobo no rosto.
- Bom, ok. Eu vou estar lá dentro se precisarem de mim.
Ela entra, levo minhas mãos os rosto. Se vergonha fosse arte, eu seria expert.
Sinto sua mão me puxar pela cintura.
- Até que não foi tão ruim. - diz rindo.
Levanto os olhos e encaro os seus.
- Então, sou sua namorada?
Ele estala a língua.
- Achei que fosse óbvio.
- Idiota! - sorrio e passo o braço em volta do seu pescoço. - Dorme aqui hoje?
- Com prazer... Literalmente. - ele passa a língua em volta dos lábios.
- Com certeza, um idiota!

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