Capítulo 4

31 4 2
                                    

 — Mamãe... — começou Giovanna, enquanto ajudava sua mãe na cozinha cortando os legumes.

— Sim, Giovanna, o que foi? — respondeu dona Carmen, sem tirar os olhos da panela na qual refogava o tempero do feijão.

— Estou preocupada com o Miguel... Lembra-se dele? Aquele rapaz que me salvou de levar um soco daquele cretino...

— Claro que me lembro! Você sempre fala dele. O que está havendo?

— Estou achando Miguel tão sério ultimamente. Antes conversávamos tanto. Mas de uns dias para cá ele se fechou comigo. Quase não fala. Será que sou tão chata assim, mãe? Será que ele se cansou de ser meu amigo?

— Deixa disso, filha! Você é um amor de menina. Quem não iria gostar de tê-la como amiga? Pelo que me conta desse rapaz, ele parece gostar muito de você. Por que acha que o problema dele seja com você especificamente?

— Porque uns dias atrás eu vi um desenho que ele fez de uma garota... Muito bonita... E eu fiz uma brincadeira que acho que ele não gostou.

— E ele ficou zangado com isso?

— Bem... Ele ficou todo desconcertado. Corou de vergonha. Negou que tivesse algum interesse nela. Deu a entender que gostava de outra pessoa...

— Outra pessoa? Será que... Quer dizer... — Dona Carmen pausou pensativa enquanto misturava o tempero no feijão cozido.

— O que foi, mamãe?

— Será que esse menino não está apaixonado... por você?

— O quê?! O Miguel? Não! Que nada! Somos como irmãos, mamãe! É exatamente isso: o Miguel é o irmão que nunca tive! E sei que ele também pensa assim. Ele jamais se apaixonaria por mim... Além do mais, outros da nossa turma já notaram como ele olha para a garota do desenho. Ela é muito mais bonita do que eu. Sem chance de ele estar interessado por mim, mãe!

— Tá... Sei... — respondeu dona Carmen, não muito convencida. — Mas, ainda assim, não acho que ele esteja cansado de sua amizade. Talvez seja um motivo particular. Quem sabe não esteja enfrentando um problema familiar e tenha vergonha de te contar? Pode ser que seus pais estejam se divorciando, ou então seu irmão tenha se envolvido com drogas...

— Ai! Que horror, mamãe! Será? Coitadinho dele! Eu morreria se você e o papai estivessem pensando em se separar.

— Deus me livre e guarde, filha! Vire essa boca pra lá! Eu e seu pai nos amamos muito, só a morte seria capaz de nos separar!

— Eu sei, mãe! São apenas suposições... Mas não acredito que seja isso. Miguel demonstra muita admiração pelos pais e pelo irmão.

— Então, por que não pergunta a ele? Já fez isso?

— Já! Mas sempre que pergunto ele diz que está tudo bem. No entanto, continua amuado.

— Então seja mais direta, se isso a incomoda tanto. Pois, se ele a considera como amiga, vai acabar desabafando com você. Se fizer isso, tenho certeza de que as coisas voltarão a ser como antes.

— Está bem, mãe. A senhora tem razão. Hoje mesmo, durante o intervalo, irei forçá-lo a me dizer o que está acontecendo.

💓💓💓

Depois que chegou à escola, Giovanna não tirou os olhos do relógio, aguardando ansiosamente o intervalo do recreio. Precisava descobrir de uma vez por todas o que estava acontecendo com seu amigo. Extrairia dele a verdade, custasse o que custasse. Miguel percebeu quanto ela estava inquieta, mas em momento algum lhe passou pela cabeça que fosse por sua causa.

Na Frequência do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora