No fim de semana seguinte, Gabriel e Giovanna saíram conforme sempre faziam. Dessa vez, porém, Gabriel ficou quieto durante toda a noite. Isso incomodou Giovanna, mas ela não o forçou a falar. Apenas no caminho de volta é que Gabriel resolveu quebrar o silêncio.
— Giovanna, eu preciso saber uma coisa...
— O que é, Gabriel? Aconteceu algo? Você estava tão sério hoje...
— Gostaria que você me abraçasse...
— O quê? Abraçar? — Giovanna estranhou o pedido, mas lhe deu um abraço bem aconchegante, encostando a cabeça em seu peito.
Gabriel a apertou contra ele por um bom tempo, como se esperasse que algo acontecesse.
— Agora... Você poderia me beijar? — pediu ele.
Estranhando ainda mais seu comportamento, Giovanna o beijou no rosto, com bastante carinho.
— Quero dizer... Outro tipo de beijo...
Giovanna ficou corada, pois até aquele dia, eles ainda não haviam se beijado como Gabriel estava sugerindo. Na verdade, até aquele dia, por mais incrível que parecesse, ela ainda não havia beijado ninguém assim. Embora fosse um comportamento incomum para uma jovem de sua idade, ela procurava seguir os conselhos de seus pais.
— Desculpe-me, Gabriel, eu não sei se deveríamos... Tem tão pouco tempo que estamos namorando.
— Pouco tempo? Já namoramos há uns três meses! Não é suficiente? Mas, tudo bem... E um selinho? Pode ser?
Timidamente, Giovanna se aproximou novamente de seu rosto e lhe deu um selinho, atendendo ao seu pedido. Estranhamente, Gabriel fechou os olhos e ficou assim por alguns segundos, o que só aumentava cada vez mais a curiosidade de Giovanna. Por fim, ele abriu os olhos, olhando ao redor como se esperasse por algo diferente.
— É... Acho que já é o suficiente — concluiu, parecendo estar decepcionado. — Eu queria dizer que... que gosto muito de você, Giovanna.
— Eu também gosto muito de você, Gabriel.
— Mas é só isso! Cheguei à conclusão de que meus sentimentos por você não se comparam em nada com os dele.
— Dele? Dele quem? Do que está falando, Gabriel? Não estou entendendo nada!
— Existe uma pessoa que te ama mais do que tudo nesse mundo, Giovanna. E esse cara não sou eu... Eu bem que queria ser, mas nunca serei capaz de superar o amor dele por você.
— Ainda não estou te entendendo, Gabriel...
— E tem mais, acho que você também o ama, só que não percebeu isso ainda.
— Para com isso, Gabriel! Você não está dizendo coisa com coisa hoje... Está me assustando.
— Quando chegar a hora, você vai entender, Giovanna. — Gabriel sorriu e a beijou no rosto, um beijo de despedida. — Sinto muito, muito mesmo, mas o nosso namoro termina aqui, Giovanna. Foi um grande prazer conhecer você, mas esse lugar não me pertence. Estou me rendendo diante do verdadeiro amor. Aguarde mais um pouco... Você irá reconhecê-lo...
— Mas... Mas...
Gabriel montou em sua moto, deu a partida e começou a se distanciar vagarosamente.
— Não se preocupe, ele vai fazer de você a pessoa mais feliz do Universo. Torço por isso. Adeus, Giovanna!
Sem entender absolutamente nada, Giovanna se sentou na calçada de sua casa e pôs-se a chorar em silêncio. Ela não esperava que o seu relacionamento com Gabriel pudesse acabar assim, tão repentinamente. Eles pareciam felizes um com o outro, o que poderia ter dado errado?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Na Frequência do Amor
General FictionMiguel dos Anjos é um jovem que, como qualquer outro adolescente tímido da sua idade, passa a maior parte de seu tempo no lar, lendo livros e quadrinhos, e que, quando dorme, tem sonhos estranhos onde voa prazerosamente pelos céus. Sua vida normal s...