Capítulo 7

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Miguel fez exatamente o que seu pai lhe disse, permitiu que o poder de seu amor por Giovanna o conduzisse diretamente até ela. O termo escolhido por Sr. Francisco parecia bem apropriado, pois a impressão que Miguel tinha era de que estava mesmo sendo arrastado por uma poderosa "onda", e que esta ficava cada vez mais forte ao passo que se aproximava de Giovanna.

Sentindo-se mais confiante, Miguel esticou os braços para frente como fazem os heróis dos quadrinhos ao voar, acreditando que ganharia mais velocidade. E funcionou. Por sorte, já havia anoitecido, assim, qualquer um que olhasse para o céu, só veria um vulto passar.

O rumo que ele estava tomando era o mesmo que fazia todos os dias quando ia para a escola. Seria mera coincidência? Logo descobriu que não, pois, ao avistar o prédio da escola, notou uma estranha claridade vinda de lá.

Não pode ser! A escola está pegando fogo!, pensou Miguel, aterrorizado diante do significado daquilo e finalmente compreendendo até que ponto Júlio estava disposto a ir movido por sua crueldade e seu desejo de vingança.

Júlio estava incendiando a escola com Giovanna dentro. Miguel sentiu pavor ao imaginá-la no meio das chamas. Instintivamente, esticou-se o máximo que pôde, impulsionando o corpo para frente e atingindo maior velocidade. Precisava ser mais rápido se quisesse encontrar sua amada com vida.

💓💓💓

Minutos antes, Júlio saíra do carro arrastando Giovanna pela blusa. Estavam diante da escola na qual passara pela maior humilhação de sua vida. Sentia ódio ao ver aquele prédio, não suportava lembrar-se de como havia sido expulso dali e de como isso arruinou os seus negócios. Por essa razão, decidiu livrar-se dele também. Se não podia entrar mais ali, então ninguém mais entraria. Além disso, destruí-lo seria um ótimo lembrete de que não deviam mexer com ele ou com seu pai. Daquele dia em diante, deveriam ser mais temidos do que nunca antes.

Um de seus capangas ia à sua frente cortando os cadeados e abrindo os portões e portas da escola. Enquanto isso, outro retirava diversos galões de gasolina e caixas com explosivos do porta-malas do carro. Giovanna ficou pálida quando viu tudo aquilo e começou a chorar.

— Ah! Agora está se borrando de medo, não é? Cadê aquela coragem toda que demonstrou naquele dia, me encarando e me xingando? — esbravejou Júlio, enquanto a conduzia para dentro da escola de maneira bruta. — Você é a principal culpada por toda a humilhação que passei aqui. Por isso, você assistirá de camarote o fim dessa escola. E isso vai ser a última coisa que verá também.

Por algum motivo, Júlio escolheu uma das salas no terceiro andar, e após amarrar as mãos e os pés de Giovanna de modo que ela não pudesse se mover, deixou-a deitada no chão, bem no fundo do aposento. Em seguida, um dos homens entrou trazendo consigo os explosivos e a gasolina.

— Quer que eu derrame gasolina sobre ela? — perguntou perversamente.

— Não. Não quero que ela morra depressa. Quero que tenha tempo suficiente para se arrepender amargamente pelo que fez comigo. Ela disse que não sentia medo de mim, pois agora vai sentir é terror de mim.

Júlio ordenou que se amontoassem os explosivos no meio da sala, de frente para Giovanna. Depois ele mesmo tomou um dos galões e começou a derramar o combustível pelo chão, mas não diretamente sobre os explosivos, para que a explosão não ocorresse logo. Dessa forma, Giovanna iria vivenciar o incêndio desde o início até a explosão final, que causaria sua morte. Ela nunca havia imaginado que existisse alguém tão mau assim, e muito menos que um dia se tornaria vítima dessa pessoa.

Em uma última tentativa, Giovanna implorou a Júlio que desistisse daquilo e a deixasse ir embora.

— Por favor! Não faça isso! Nunca tive a intenção de prejudicá-lo. Naquele dia, eu apenas queira impedir que você humilhasse o Miguel. Eu nada sabia dos seus negócios... e nem imaginava que acabaria expulso. Ainda é possível corrigir as coisas, você não precisa continuar agindo assim...

Na Frequência do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora