Capítulo 8

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Sr. Francisco subiu o Morro do Corumbá escoltado por homens que trabalhavam para o traficante Ronaldo. Havia armas apontadas para ele de todos os lados. Custou muito convencê-los a levá-lo até o chefe. Após se certificarem que ele não estava armado e que não representava nenhum risco, passaram um rádio para Ronaldo, que autorizou sua entrada.

Quando Sr. Francisco chegou diante de Ronaldo, ele o aguardava sentado em uma poltrona luxuosa, segurando um copo de bebida e fumando um charuto. Sr. Francisco só o conhecia de nome, nunca o tinha visto antes, por isso ficou surpreso com sua aparência. Ronaldo tinha cabelos compridos e cacheados, meio grisalhos, e usava barba. Vestia-se bem, usando calça jeans de boa marca, camisa de linho, sapatos de couro e óculos escuros Ray-ban, além de cordões, pulseiras e anéis de ouro puro. Era evidente que usufruía o melhor, graças à sua vida de crimes. Aparentava ter pouco mais de cinquenta anos de idade, sendo mais velho que Sr. Francisco. Mas era robusto, com músculos bem definidos proporcionando-lhe uma aparência mais jovial. Mesmo assim, Sr. Francisco não se intimidou. Sua determinação de proteger seu filho alimentava a coragem que o conduzira até ali.

Júlio entrou logo em seguida, ficando de pé ao lado do pai, que o havia chamado. Examinou Sr. Francisco com curiosidade, pois nunca o tinha visto por ali.

— Pois não? Quem é o senhor? E por que está aqui? — Ronaldo o interrogou com ar de superioridade.

— Meu nome é Francisco. Sou pai do jovem Miguel... O jovem que seu filho tentou matar meses atrás — apresentou-se, percebendo que Júlio fechava a cara, seu semblante era de ódio. —­ Vim aqui fazer-lhes uma proposta, para que deixem meu filho e sua amiga em paz — concluiu destemidamente.

Ronaldo arregalou os olhos levantando as sobrancelhas, assombrado diante da coragem daquele homem. Nunca tinha visto algo parecido durante toda a sua vida de crime. Ou aquele homem era louco, ou não temia nada. Júlio, por outro lado, começou a ranger os dentes ao saber que seus atos de vingança não se concretizaram como havia planejado. Sua vontade, naquele momento, era matar o pai de Miguel ali mesmo, como uma forma de compensar seu fracasso.

— Admiro muito a sua coragem de vir até aqui e falar com tanta franqueza, Francisco. E agradeço pelo respeito também — Ronaldo falou educadamente. — Em sua posição, eu entraria aqui xingando e ameaçando qualquer um que tivesse tentado matar meu filho... Por isso o senhor tem toda a minha atenção. Então, o que o senhor tem a propor? Mas, antes que diga, tenho que avisá-lo... ­— Ronaldo inclinou-se para frente, assumindo uma postura de ameaça. — Se o que disser me agradar, você sai daqui com vida, e talvez poupamos a do seu filho. Mas, se eu não gostar, morre você, seu filho morre e o restante da sua família também. Estamos entendidos?

— É isso mesmo! — aprovou Júlio, satisfeito com a ideia.

Sr. Francisco engoliu em seco ao ouvir aquilo, porém, não dava mais para retroceder. A partir de então, não só a vida de Miguel estava em jogo, mas também a de toda a sua família.

— Tenho uma coisa que poderá trazer muito mais lucro do que o negócio que você administra. Trata-se de algo que nunca tentei por falta de recursos financeiros, mas, como percebi, dinheiro não é problema para você...

— Do que se trata? Diga logo! Sem rodeios!

— Eu inventei um dispositivo que é capaz de extrair hidrogênio da água e utilizá-lo como combustível. É tão econômico que um carro pode rodar até duzentos quilômetros com apenas um litro de água. Imagine o lucro que poderá obter com isso... Poderá ser adaptado em diversas formas de transportes, tais como motos, ônibus e, talvez, até aviões. Em pouco tempo você se tornará um dos homens mais ricos do mundo. Eu lhe dou o projeto e os protótipos, e em troca só peço que deixe minha família e a de Giovanna em paz.

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