Capítulo 9: A ex.

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Onze

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Onze. De zero a dez, onze é o nível de raiva que eu estou sentindo de Ethan Reed agora - o que é um número um pouco alto, considerando que eu geralmente estou entre oito e nove.

— Eu preferiria ter nascido cego a ser obrigado a ver isso — bufo olhando a cena que se desenrolava na minha frente.

Bem ao lado do bebedouro do primeiro andar, estava Ethan Reed e — minha odiosa ex-namorada — Ashley, aos beijos e toques apaixonados. Há uma semana atrás esse tipo de situação seria completamente aceitável, mas depois de tudo o que aconteceu, não consigo deixar de achar tudo isso muito estranho.

— Eles estão se beijando faz 10 minutos. Isso é quase que biologicamente impossível —continuo, fazendo uma careta.

— A vida sexual do Reed deve ser super agitada, eu invejo ele — comenta Aidan, deprimido.

Olho de relance para o lado e vejo Tripe Bulls se aproximar. Arregalo os olhos e cutuco Aidan nervoso.

Eu nunca fui muito fã de Tripe Bulls, não por causa dele ser gay ou por ter uma queda por mim, eu só não gosto de ter um cara de quase dois metros de altura, escandaloso e inconveniente, correndo atrás de mim nos corredores do colégio.

— Olá meninos! — diz Tripe muito animado como sempre. Eu reviro os olhos. — Vejo que já descobriram do novo casal do momento. Eles não são lindo juntos? Me sinto como um cúpido do amor, afinal, se não fosse pela minha festa, eles não estariam juntos agora.

Me sinto ainda mais incomodado e com raiva depois do comentário de Tripe.

— Isso foi tudo um plano seu, não foi? Me separar da Ashley para alimentar essa sua paixão gay impossível por mim — rio sem humor. — Devo admitir que foi um plano brilhante juntar minha namorada e meu arqui-inimigo, eu só queria ter juntado os pontinhos antes.

Alguns alunos já nos olhavam curiosos, incluindo Ethan Reed — que havia parado de enfiar sua língua na boca de Ashley para prestar atenção no caos que eu havia montado.

— Liam, o que deu em você? — sussurra Aidan colocando sua mão no meu ombro.

Tiro a mão de Aidan do meu ombro e ajeito minha mochila nas minhas costas. Eu não fazia ideia do porquê de eu estar fazendo aquilo.

— Você é patético! — grito para Tripe Bulls e quando seu rosto se contrai em total confusão e medo. Eu finalmente percebo o quão insano eu estava sendo.

— E você é um idiota nascisista! — grita Tripe de volta, antes de se virar e ir embora batendo os pés.

O sinal do primeiro tempo toca e eu - assim como todos os outros alunos — nos dirigimos as nossas respectivas salas de aula.

O dia só está começando e eu já estou cogitando suicídio.

[•••]

Eu não sei o que deu em mim hoje, mas pelas minhas contas a professora de biologia precisou chamar minha atenção quatro vezes durante aula por eu estar muito absorto. Mas o que eu posso fazer se não consigo prestar atenção numa aula sobre Complexo de Golgi quando tem coisas bem mais complexas acontecendo na minha vida?

Agora eu teria aula de química e graças a minha má sorte, Kieran — que costuma ser minha dupla no laboratório — está doente e isso significa que eu serei obrigado a me sentar com outra pessoa e fingir simpatia.

E para piorar ainda mais a situação, eu estou atrasado para a aula.

Quando chego na sala, a porta já estava fechada e a professora já gesticulava para a sala praticamente lotada. Bato na porta e com um olhar raivoso, a professora permite que eu entre.

Entro e olho ao redor buscando um lugar vazio, e para a minha — não vou nem dizer má sorte porque está mais para carma — péssima sina, o único lugar vago era na última fileira e bem ao lado de Ethan Reed — que se sentava na janela e olhava distraído pelo vidro a chuva que caía no lado de fora.

Num suspiro, caminho até lá e me jogo na cadeira ao lado de Reed. Ele parece nem notar a minha presença ou pelo menos fingi que não notou.

— Como eu estava dizendo antes do Sr. Martin interromper a minha aula — diz a professora de quimica num suspiro. Alguns alunos de viram para trás e olham para mim, fazendo com que eu me encolhesse na cadeira envergonhado. — Eu percebi que as notas da turma na prova foram bem ruins e como estou de bom humor, resolvi passar um trabalho em dupla durante a aula para aumentar a nota de vocês.

Alguns alunos começam a sussurrar e a comentar sobre a notícia animados.

— Tudo bem, de nada, agora sem exaltação porquê eu preciso explicar o trabalho — grita a professora, sessando a confusão. — Vocês já estão sentados em duplas, o que facilita as coisas para mim...

Levanto a mão para falar, interrompendo a professora.

— Eu posso trocar de dupla? — pergunto.

Eu me nego a ter que trabalhar com Ethan Reed.

— Não. — Responde a professora de saco cheio. — Continuando. Vocês vão encontrar sobre a bancada de vocês as instruções e os instrumentos que vocês poderam utilizar na experiência. Agora se reúnam com a sua dupla e comecem a trabalhar. Se tiverem dúvidas, estarei na minha mesa.

A professora sorri e se vira para sentar na sua mesa.

Fecho os olhos e afundo meu rosto nas minhas mãos. E quando volto a abri-los, vejo que Ethan já havia saído de seu estado catatônico e agora folheava as instruções do trabalho.

— Vou fingir que não me senti ofendido — ele fala sem olhar para mim.

Acredito que ele esteja se referindo ao meu pedido para a professora.

— Pensei que fosse querer o mesmo. Quero dizer, deve ser estranho ter que fazer um trabalho com o ex da sua atual namorada — falo tentando soar indiferente.

— Sobre isso, o que foi aquele seu surto mais cedo? — ele pergunta colocando a folha sobre a bancada e me encarando com suas safiras azuis desnorteantes. — Talvez você devesse procurar um psicólogo, quem sabe ele possa te ajudar a resolver esse seu problema com a raiva.

— Eu acho que apenas preciso extravasar um pouco, quem sabe socar a sua cara pela segunda vez possa ajudar.

Ethan Reed levanta as mãos em rendição e eu suspiro.

— Desculpa — peço tentando ficar calmo. — Eu estou muito pilhado ultimamente e não faço ideia do porquê.

— Sério? Porque eu acho que sei o porquê — comenta Ethan soando irônico. — Para falar a verdade, depois do que aconteceu entre a gente, eu também ando pilhado, nem sequer consigo dormir.

— Não vou falar sobre beijo, aquilo é passado e precisa ser esquecido — murmuro baixo o suficiente para que ninguém pudesse ouvir.

— Eu não falei nada sobre o beijo — diz Ethan sorrindo de lado. — Se não quer falar sobre isso, vamos falar sobre o trabalho. O que acha de colocarmos a mão na massa?

Ethan arregaça as mangas de seu moletom preto.

Inimigos de infância (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora