Capítulo 11: O confronto.

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Enfio a chave na fechadura da porta e a giro, destrancado-a

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Enfio a chave na fechadura da porta e a giro, destrancado-a. A empurro e entro dentro de casa.

Tudo estava muito escuro, mas eu podia ouvir o som da Tv vindo da sala, então caminho até lá em passos relaxados.

- Liam, querido, aonde estava? - pergunta minha mãe assim que coloco meus pés na sala de estar e entro em seu campo de visão.

- Aonde está o papai? - pergunto seco, quando percebo que ele não está na sala.

- Ele está no escritório trabalhando, por quê? - Ela responde um pouco confusa.

Eu não posso ficar mais um minuto no mesmo ambiente que essa versão distorcida da mãe que eu achei que tivesse.

Assinto com a cabeça e viro meus tornolezos para subir a escada que dava ao segundo andar.

Piso em cada degrau com cautela e me esforço ao máximo para parecer calmo e confiante. Mas quando chego ao final da escada e já consigo ver o escritório do meu pai no final do corredor, sinto meus pés vacilarem e a coragem que eu havia adquirido do caminho da casa de Cody até aqui, se esvair do meu corpo gradativamente.

Não vou mentir, eu tenho medo do meu pai; sempre tive.

Mordo o interior da minha bochecha e sigo em frente. Me sinto a caminho do purgatório.

- Posso entrar? - pergunto batendo no batente da porta.

Christopher levanta seu olhar para mim e tira os óculos que usava, jogando-os sobre a mesa repleta de papéis. Ele parecia esgotado e precisando urgentemente de um café.

- Veio me chamar para o jantar? Diga que sim, estou faminto.

Ele faz mensão a se levantar, mas eu sinalizo para que ele continue sentado.

- Não vim aqui por causa do jantar.

- O que foi então? - ele pergunta arqueando as sobrancelhas grossas. - Está tudo bem? Você está estranho.

- Eu sei de tudo. - Solto de uma vez só.

Meu pai se inclina para frente e apoia os cotovelos sobre mesa. Ele não demonstra nenhuma mudança de humor ou nervosismo, quando diz:

- Do que você está falando?

- Não se faça de desistendido, por favor, estou cansado disso. - Suplico, com a voz arrastada. - Por que vocês não me contaram?

- Eu ainda não sei do que você está falando. - Ele insiste e eu passo as mãos pelos meus cabelos.

- Chega de mentiras! - grito e meu pai respira fundo.

- Você era novo demais. Não entenderia. - Ele finalmente assume.

Cody havia falado a verdade. Parte de mim sabia que ele havia falado a verdade desde o começo, mas uma parte de mim ainda torcia para aquilo tudo ser uma piada de mal gosto, onde a minha mãe não era infiel e meu pai não era corno.

Sinto meus olhos queimarem e encherem de lágrimas, então evito olhar para o meu pai enquanto falo.

- Por que você continuou com ela? Vocês ainda se amam por acaso? - questiono.

- Tem coisas que você ainda não consegue entender, Liam. Quando você tiver sua família, seus filhos, você verá que existe coisas mais importantes do que uma traição, coisas em risco. - Ele suspira. - Seu irmão já era maior de idade, mas você era apenas uma criança, acabar um casamento de anos por causa de uma noite poderia ter te trazido muitos traumas.

Desculpas, desculpas e mais desculpas.

- Realmente, eu não consigo entender. Acho que nunca serei capaz de tal façanha. - Volto a olhá-lo. - Quando vocês pretendiam me contar?

Com o olhar culpado do meu pai recaído sobre mim, chego a conclusão de que às vezes não saber sobre algo pode te poupar de muito desgosto; até mesmo vindo dos seus próprios pais.

- Certo, tanto faz. Eu estou saindo.

Me viro para ir embora e hesito um pouco em sair da sala, mas quando ouço um suspiro pesado atrás de mim, aceito isso como um empurrão para que eu saia antes que acabe falando coisas que eu me arrependeria depois.

- Avise para a mamãe que irei dormir fora - falo sem me virar. - E acho melhor você voltar a pagar faculdade do Cody, isso é claro, se você quiser ter algum tipo de relação com pelo menos um dos seus filhos.

- Aonde você vai? - ele grita atrás de mim.

- Eu não sei e mesmo que eu soubesse, isso não seria da sua conta.

Volto a andar e me apresso para descer as escadas e sair de casa sem ser interceptado pela minha mãe e suas perguntas que eu não quero responder.

Quando finalmente bato a porta de casa, sinto a brisa gelada do inverno alcançar meu rosto, me fazendo ter calafrios. Em pensar que em menos de quatro dias já será inverno...

Solto o ar que eu nem sabia que estava prendendo e observo a fumaça sair da minha boca. Eu deveria ter pegado um casaco decente antes de sair de casa.

O que eu faço agora? Eu poderia ir até a casa do Cody, mas não sei se quero vê-lo até a segunda ordem.

Penso comigo mesmo.

Olho para o outro lado da rua e percebo que a luzes da casa de Ethan estão acesas.

- Que se dane!

Atravesso a rua e passo pelo pequeno jardim da frente até a gigantesca porta de madeira.

Ainda um pouco incerto sobre fazer aquilo ou não, toco a campainha e espero alguém vir abrir a porta. E quando ouço som de chaves e da tranca sendo aberta, cogito dar meia volta e ir embora correndo. Como eu costumava fazer quando era criança para importunar os vizinhos.

- Liam? O que está fazendo aqui? - pergunta a figura de Ethan Reed, surgindo por detrás da porta quando ela é aberta.

Ele vestia apenas - literalmente - uma calça de moletom cinza e tinha os cabelos bagunçados de quem acabou de acordar.

- Eu... Você está sozinho? - pergunto um pouco constrangido.

Olho para baixo e acabo reparando no volume que se formava na calça de Ethan. Eu não queria olhar, mas é inevitável, quase tão inevitável quanto as minhas bochechas começarem a queimar por eu estar olhando para Ethan dessa forma.

- Minha mãe viajou com a Clary para a casa dos meus avós. Só voltam na segunda. Então, sim, eu estou sozinho. - Ele diz sorrindo de lado. - Está tudo bem?

Desvio meu olhar daquele lugar libertino e olho para Ethan.

- Para falar a verdade, não. Eu meio que acabei de discutir com o meu pai e não quero voltar para casa. Não depois do que eu descobri hoje. - Mordo meus lábios e percebo que eles estão rachados por causa do frio. - Você não teria um quarto?

Ethan Reed parece tenso por um momento, mas logo dá um passo para trás, liberando um espaço para que eu entre.

- Mi casa, es tu casa. - Ele diz com um péssimo sotaque espanhol.

Passo por Ethan e sinto quando ele segura meu braço e sussurra no meu ouvido:

- Os erros dos nossos pais são apenas deles, não nossos.

- O que acha de vermos aquele filme que você está me devendo? - pergunto mudando de assunto.

- Acho ótimo.

Ethan Reed fecha a porta atrás de si.

Inimigos de infância (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora