Capítulo 4

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Kara Danvers

Sim, eu estava nervosa e suando. Escolhi deixar Elisa com Winn, afinal eu não a levaria em algo relacionado ao trabalho, principalmente na casa de alguém que eu sequer conheço. Suspirei nervosamente, ajeitando minha blusa pela milésima vez e pegando o que faltava, além da enorme bolsa da Elisa. Certo, agora eu precisava pegar o ônibus até a casa do meu amigo, conseguir passar no mercado para comprar meu almoço e correr para a casa do senhor Luthor.

─ Vamos, baixinha? ─ Elis sorriu para mim e seus olhinhos verdes brilharam. Coincidentemente, eles me lembravam uns certos olhos verdes penetrantes e inconfundíveis.

─ Mamãe, o tio Winn tem tevelisão?

─ Eu acredito que sim, filha e o certo é te-le-vi-são ─ segurei em sua mão para podermos atravessar a rua.

─ Foi o que eu falei.

Elis correu para o colo de Winn, ao vê-lo abrir a porta e mostrar o video-game que estava ligado à enorme TV na parede. Traidora, nem sequer me deu um beijo e que vai sentir minha falta. Me despedi, fazendo o famoso drama antes de sair e deixando as orientações sobre a alimentação da nossa menina. Corri para o ponto de ônibus, ofegando apenas em percorrer duas quadras. Meu deus, eu estava totalmente sedentária, puta merda.

Como eu previa, passar no mercado foi apenas uma ilusão da minha cabeça, pois eu sou a pessoa mais atrasada dessa cidade. Rumei direto para mansão dos Luthor, com o estômago já roncando e quase cochilando na viagem que me levava até meu novo emprego. Os ricos tinham dessas, né? Morar longe, em bairros onde aparecem só suas mansões, carros de luxo e piscinas imensas com escorregador. Acho que até as crianças devem cheirar diferente, brincar com as barras de ouro como se fosse legos. Ok... exagerei. Ou talvez não.

Será que Lena foi uma criança assim? Ela devia usar aqueles vestidinhos de veludo vermelho, sapatinhos de verniz e os cabelos perfeitamente presos. Lena provavelmente era a criança mais bonita da época dela, não tenho dúvidas e deve ter sido também aquelas meninas populares que viram líder de torcida e namoram o capitão do time. Totalmente clichê, eu sei, mas eu não podia evitar pensar nisso.

─ Senhorita Danvers? ─ ouvi o motorista me chamar. Me levantei prontamente ─ esta é a rua ─ apontou para a nossa direita.

─ Muito obrigada, eu certamente iria me perder ─ sorri ─ bom trabalho e tenha um bom dia! ─ gritei ao sair correndo.

Caminhei as três quadras indicadas, observando os números devidamente grafadas nas casas e fiz uma anotação mental de gastar menos com pizza e donuts, certeza que eu podia comprar uma mansão dessas só com o tanto de dinheiro gasto em porcaria. Mas entre uma mansão e a minha pizza, bom eu escolheria uma com dupla camada de queijo. Adentrei o pequeno portão, admirando as flores espalhadas pelo jardim e... caramba, eles têm uma fonte no jardim! Uau, eu queria ser rica assim.

─ Bom dia ─ uma moça vestida de uniforme de empregada de novela das oito me cumprimentou sorrindo ─ posso ajudar?

─ Bom dia. A senhorita Luthor disse que era para eu chegar agora e... bom, sou a nova enfermeira chefe do senhor Luthor ─ expliquei.

─ Ah sim, mas Diana teve que sair e creio que não poderá te atender ─ eu não acredito que passei fome à toa e ainda fiz essa viagem longa para caralho... ok, respira ─ ela precisou ir até a farmácia.

─ Tudo bem, Sara ─ quase tive um AVC ao ver Lena aparecer atrás da empregada ou era enfermeira? Existe um catálogo de uniforme? Eu teria que usar um? Foco, Kara! ─ como não consegui avisar a tempo, eu mesma mostrarei a casa para Kara ─ engoli seco e respirei fundo. O que essa mulher fazia comigo? ─ algum objeção?

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