Flares

Capítulo 30

Boa Leitura :)

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"Eu não vou dizer boa noite até que eu faça isso direito. Eu só quero fazer você rir, só quero ver esse sorriso. Querida só estamos aqui por pouco tempo. Eu só quero te abraçar até que adormecemos. Eu quero amor, eu quero nós, eu quero você, eu me quero e eu quero paz.Sim, todo mundo precisa de um lugar, um lugar que é quente e seguro para abrigo deste mundo louco em que estamos. Mas hoje eu vou deixar a chuva lá dentro, eu tirei o seu lugar para se esconder. Me desculpe se eu te fiz chorar de novo"

Samantha Arias

O dia já tinha acabado e Alex ainda não tinha aparecido, para piorar não respondia nenhuma mensagem. São quase oito horas da noite e nada, onde que ela podia ter se metido? Será que... não, ela não iria fazer nada com a Alex. Mantenha a calma, Sam.

Tentei ligar mais uma vez e novamente caiu na caixa postal, não vou negar que estou preocupada, porque eu sei que a ruiva não tinha planos além dos que ela me dissera pela manhã, falar com o advogado, buscar as coisas em sua casa e bom, espero que tenha conseguido e que nada tenha saído tão errado. Meu medo era dela ter encontrado Maggie no meio do caminho e isso a tivesse desestabilizado. Não posso mentir para mim mesma, ainda tenho receio dela voltar com a esposa, ainda tenho medo dela desistir de lutar e achar que tudo pode mudar para melhor com a morena. Era comum isso acontecer em relacionamentos abusivos e a verdade é que eu não vou poder fazer nada.

Primeiro porque eu sou apenas uma amiga, nada mais que isso, não tenho controle sobre suas decisões e atitudes de ninguém, principalmente as dela, Alex é adulta e sabe o que faz. Porém, mais do que isso, a partir do momento que ela queira reatar com Maggie, adeus amizade também. A morena claramente não gosta de mim, nunca gostou, bom que ela sabe que o sentimento é mútuo. A única coisa que posso fazer é esperar e torcer para que ela seja forte o suficiente para vencer um pouco a cada dia.

A tranca da porta da sala fez barulho e eu dei um pulo do sofá. Se eu não morrer de preocupação eu morro de ataque cardíaco.

─ Alex! ─ a abracei forte, sem nem perceber que talvez eu estivesse desesperada sem motivos.

─ Wow ─ ela riu baixo e me abraçou também ─ também senti sua falta.

E então aconteceu mais uma vez. Alex segurou meu rosto e me beijou. Seus lábios sempre tão macios pressionaram os meus e eu suspirei. Não era nada urgente, nada apressado e tinha tanta paixão, cuidado. Não posso dizer que não gosto, porque eu sentia falta daquilo, de estar com ela, de senti-la comigo, mas até onde Alex iria com isso? E se Maggie a convencesse a voltar? Sei que não é culpa dela, porém Alex não pensaria duas vezes, certo?

No fim, eu ficaria sozinha e com o coração partido mais uma vez. Prometi a mim mesma a não criar expectativas, a não esperar nada em troca, inclusive a amizade, no entanto Alex tinha dado esse passo e isso era perigoso. Senti meu corpo enrijecer e ela percebeu, soltando meu rosto em seguida.

─ Eu sei o que está pensando ─ sussurrou, beijando em seguida a lágrima que tinha escorrido ─ é um grande passo, eu sei, eu sei... mas eu não quero outra coisa, Sam. Preciso de você, preciso saber o que é me sentir importante, amada, respeitada e quero voltar a ser alguém com sonhos, com planos. Quero fazer tudo o que a gente planejou, nossa casa, nossos filhos... e-eu... ─ suspirou ─ eu só quero ficar, para sempre. Me apaixonei pela garota da sala de ciências, pela garota que quebrou o nariz da menina do último ano porque ela estava falando mal de mim, eu me apaixonei pela idiota que caiu de bicicleta e pela mesma idiota que me carregou no colo quando eu torci o tornozelo. Eu ainda estou apaixonada, Sam...

─ Você leu... ─ murmurei incerta.

─ É, eu li e é por isso que eu voltei.

Sem pensar duas vezes, eu a beijei. Dessa vez era urgente, como se meu mundo dependesse disso para se manter em órbita, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário. Meu mundo ruiu da forma mais incrível que poderia haver, derrubando cada muro que eu havia construído durante a vida, me dando expectativas de que um dia, quem sabe, ele fosse ser reconstruído tijolo por tijolo, peça por peça, até os nossos mundos poderem se encaixar novamente.