Capítulo 34

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  Boa leitura!

obs: cap narrado em terceira pessoa.  

Narrador

"Era uma vez, nós tínhamos tudo isso em algum lugar no fim da linha nós fomos e o perdemos. Nós assistimos um tijolo de cada vez cair. Estou arrasada aqui essa noite e querida, ninguém mais pode me consertar; só você. Oh, ninguém mais pode me consertar, só você..."

Havia se passado minutos? Horas? Dias? Kara não sabia dizer. Seu cérebro não estava conseguindo acompanhar o tempo, na verdade, ele sequer conseguia funcionar devidamente. O quarto estava escuro, indicando que a noite já tinha caído sobre National City, e Lena havia dormido após a enorme chuva de emoções que tinha passado. Ambas estavam deitadas sobre a antiga cama da morena, Kara a segurava tão firme que nenhuma das duas eram capaz de se mover. Seu medo era de soltá-la e Lena desabar. O rosto de sua namorada estava manchado pelas lágrimas, os olhos rodeados de um vermelho claro agora e seus cabelos caíam sobre sua face.

A loira não conseguia se perdoar pelo o que tinha acontecido, no entanto, ela não esperava que a senhora Luthor fosse capaz de tal coisa. Nunca passou pela sua cabeça que Lilian fosse esse tipo de pessoa, que busca vencer acima de qualquer outra coisa, mesmo que isso custe a felicidade dos outros. A felicidade da sua própria filha. Não fazia sentido, não podia ser verdade. Kara se sentia profundamente culpada, porém nada disso era culpa dela. Ela quis contar, ela quis fazer o certo, mas nem sempre as coisas funcionam da forma como se planeja.

Lena se mexeu sobre a cama e os braços da loira formigaram em seguida. Ela estava tão tensa e segurando a outra tão firme que sequer se lembrou que precisava deixar suas veias carregarem sangue para o resto dos outros membros. Kara se moveu junto e seus olhos acompanharam as pálpebras de Lena lentamente se abrirem, revelando um verde cristalino embaixo delas. Verdes que tiravam o fôlego da Danvers mais nova.

A morena os fechou rapidamente, se lembrando instantaneamente de tudo o que tinha acontecido. Sua mãe, os envelopes, as verdades. Elisa. Elisa era sua filha. Seria isso verdade?

─ Shhh ─ Kara a puxou para mais perto ao ver que Lena voltava a chorar. A morena escondeu o rosto no ombro da outra por breves segundos antes de se afastar.

─ Me diz que é mentira ─ sua voz rouca mal escapou dos seus lábios trêmulos ─ eu... eu preciso saber o que é verdade.

─ Lena ─ sussurrou incerta. Ela não queria piorar nada, não queria que tudo aquilo voltasse a doer na mulher que amava. Mas não tinha mais como adiar.

─ O que ela disse, o que minha mãe disse... ─ murmurou. Seus olhos voltaram a encarar a loira a sua frente e seu coração rapidamente se acalmou ao encontrar aquela íris azul que tanto lhe lembravam do oceano. Se ela fechasse os olhos e se concentrasse, seria capaz de ouvir as ondas batendo na praia.

─ Eu...

─ Eu não acredito nela ─ interrompeu a loira ─ eu não acredito, mas eu preciso ouvir a verdade de você.

A forma como Lena reafirmou sua confiança foi suficiente para Kara resgatar o último suspiro de coragem dentro de si. A dor precisa ser sentida, foi o que a pequena Danvers ouviu durante toda a sua vida. Independente do motivo, da causa, da circunstâncias; ela precisa ser sentida. Não há nada de errado em dizer que está quebrada, em dizer que sente dor e chorar quando isso te rasgar por dentro. Quando ela ainda era uma criança, sua mãe repetida vezes explicou que não importa o tamanho da dor, uma hora ela vai embora. Mas enquanto você a guardar dentro de si, ela vai continuar latejando. É você quem a mantém acesa dentro da sua alma e não o contrário, mesmo que ela te faça sentir mais humana, talvez até mais viva.

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