10 - Alexis

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SEGUNDA SEMANA

Oliver se mostrava cada vez mais estúpido. Depois da ceninha patética na cozinha, eu resolvi seguir a questão que rondava meu cérebro: iria com tudo pra cima dele e aproveitaria cada dólar de sua conta. Ainda teria dois benefícios, um é que poderia continuar perto de Faith e vê-la crescer e o outro, teria Oliver esquentando minha cama todas as noites. Ele não era meu dono, para decidir com quem eu deveria conversar ou não.

Desde cedo aprendi a não deixar nenhum homem no controle da minha vida, porque o único exemplo de homem que tive dentro de casa, meu pai, não conseguia controlar nem a própria vida dele, quanto mais da família. Ele era um beberrão, que surrava a mim e a minha mãe, nos culpando dos problemas de sua vida. Eu não a defendia, porque era tão ruim quanto ele também.

Eu nunca levantaria a mão para Faith, porque dentro de mim existe um grande amor por aquela pequena. Ainda continuava pensando naquela noite que decidi colocar meu plano contra Oliver em prática, derramei suco em mim mesma de propósito. Estar sem sutiã ajudou, afinal de contas. Ver a sua cara estática, babando com a visão dos meus seios, não tinha preço. A cereja do bolo foi esquecer a babá eletrônica, para que ele viesse me devolver. Deixei a porta aberta e ouvi seu gemido quando me viu no box. Isso seria realmente divertido.

Denise gargalhou ao telefone quando contei, mas me disse para ter cuidado, porque tudo poderia acabar muito mal.

- Escuta amiga, ainda dá tempo de você desistir desse plano. Eu consigo um emprego no jornal pra você... – ofereceu mais uma vez e eu revirei os olhos.

- Den, o que eu vou fazer lá? Servir café? Nesse caso o café já tem que estar pronto, porque nem isso eu sei fazer. – brinquei e ela riu do outro lado da linha.

-Isso vai dar merda Alex, você precisa sair daí enquanto é tempo.

- Já disse que não vou Den, quer parar por favor? – pedi pela milésima vez – Eu gosto de cuidar da Faith, ela é um bebe lindo e é super calminha. O salário é bom, o meu quarto deve ser maior que todo o meu apartamento e de quebra, tem Oliver. – falei maliciosa e ela bufou.

- Quem brinca com fogo pode se queimar viu, Alexis...

- Você falou tantos bordões durante essa conversa que faltou só o "quem avisa amigo é"! – joguei a cabeça para trás, gargalhando. Eu adorava provocar Denise, ela caia na pilha fácil demais.

- Tá, judia mesmo. Depois não adianta vir chorando aqui pro meu ombrinho não e nem pedir meus waffles com calda de morango, porque não vou fazer! – tentou soar séria, mas riu no final.

- Oh, eu preciso desligar. Tudo certo para sexta né? – falei enquanto terminava de dobrar as roupas de Faith, guardando-as logo em seguida na cômoda. – Finalmente vou ter uma folga, não vejo a hora da gente sair juntas de novo... – falei animada.

- Claro, consegui colocar nossos nomes na lista vip da nova boate que abriu no Soho. Sexta-feira é dia, bicht! – gritou e eu afastei o telefone do ouvido rindo. Me despedi dela com tristeza, sentia tanta falta de Denise.

- É, mais agora eu tenho você, não é delicinha? – falei com voz de bebê, tirando Faith do berço. – Hm... acho que alguém precisa de um bom banho. – tirei seu macacão rosa e assoprei em sua barriga. Ela riu animada e eu repeti aquilo umas cinco vezes. Não conseguia me cansar daquele som.

Enchi a banheira do quarto dela, enquanto ela estava apoiada em meu colo. Seus brinquedos favoritos na hora do banho eram os personagens do filme Procurando Nemo, todos de borracha. Fiquei quase meia hora brincando com ela, a menina adorava uma banheira. Era só sorrisos. Fiz nossa rotina pós banho, deixando-a perfumada. Levei ela para o meu quarto e deitei com ela na cama, cercando-a de travesseiros. Comecei a ler um livro do Dr. Seuss, mas depois de dez minutos, nós duas havíamos caído no sono.

Agora todos os dias depois do almoço, eu tirava uma soneca com Faith. Na sexta feira, o dia da minha folga, era para eu supostamente nem precisar me aproximar dela, mas eu não consegui deixar a nossa rotina de lado, então adormecemos juntas de novo. Só que dessa vez, acordei com algo cutucando meu braço.

Me mexi devagar, para não acordar a pequena e vi Oliver parado com uma cara nada boa do meu lado.

- Oh, perdão Sr. Oliver. Não precisa se preocupar,Faith está segura aqui comigo... - tentei explicar o porquê da filha dele estar na minha cama e não em seu próprio berço, e ele ergueu a sobrancelha.

- Eu sei muito bem que Faith está segura Alexis, só não entendo o que faz aqui.

- Eu...não entendi. - falei confusa, passando a mão pelo rosto, ainda tentando despertar.

- Hoje é sua folga Alexis, não é seu dever cuidar de Faith. María daria conta do recado e eu cheguei cedo justamente pra isso também. - falou suavamente enquanto me encarava.

Eu me sentei calmamente na cama e olhei a hora no relógio da mesa de cabeceira. Ainda eram três horas da tarde, caramba, ele realmente chegou cedo!

- Perdão, mas é que criamos uma rotina e eu fiquei com medo de que a Má não conseguisse dar conta. - sorrio forçadamente, enquanto pego Faith adormecida em meus braços e a levo para o seu berço. Sinto a presença de Oliver atrás de mim, ele se aproxima do berço, admirando a filha dormir.

- Não tem problema, mas não quero que se repita. Você tem direito a sua folga e eu não quero que abra mão disso. - ele diz ainda sem me olhar, passando a mão suavemente pelos cabelos negros da filha.

Merda, fica cada vez mais difícil seguir com meus planos quando ele é tão legal assim!

Resolvo colocar algumas coisas espalhadas pelo quarto no lugar, antes de ir para o meu próprio quarto.

- Tem planos pra essa noite? - pergunta e eu me viro para olhá-lo.

- Uhum, vou sair com uma pessoa. - resolvo provocá-lo.

- Um encontro? - ele insiste, tentando disfarçar a curiosidade.

- Talvez, não sei se posso chamar de encontro porque já saímos tantas vezes... - me viro de costas novamente, segurando o riso.

- Posso saber onde vai ou é segredo também? - sinto ele atrás de mim e seguro a respiração por vários segundos antes de responder. Dou um passo para trás e sinto seu corpo colado ao meu. A respiração dele em meu pescoço me deixa excitada.

- Bem, como é minha folga, creio que isso não seja da sua conta, né? Até amanhã Sr Hall. - me viro e o olho nos olhos. Estamos tão próximos que nossos lábios quase se encostam. Vejo Oliver aproximar sua boca e passo minha língua em volta da minha suavemente. Mais aí lembro do meu objetivo e quebro nosso contato visual, indo diretamente para o meu quarto.

Assim que fecho a porta, me amparo nela, com os olhos fechados. Minhas pernas estão como gelatina e sinto un calor abaixo do meu ventre.

- Oh bom Deus, isso vai ser difícil... -sussurrei.

Uma Babá em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora