E assim havia se passado um mês desde que Kit me tirou da civilização e me trouxe para cá. Não poderia mentir pra mim mesma, eu sentia muita falta dele.
Todos os dias, todas as horas, todos os minutos...toda porra do dia.
E Faith, meu Deus...aquela garota havia se tornado um pedaço de mim em tão pouco tempo. Como isso era possível? Nós passávamos praticamente 24hr por dia juntas e eu nunca conseguia me cansar.
Comecei a me lembrar de quando havia chegado na cobertura. Eu era totalmente louca mesmo. Como pensei que poderia cuidar de uma criança se eu nem mesmo havia tido contato com uma?
Foi irresponsabilidade da minha parte, devo admitir. Mas Denise me avisou e eu não quis ouvir. Ela disse mil vezes que ia dar merda, mas eu escutei? Não, mais uma vez eu me recusei a ouvir a voz sábia da minha melhor amiga e agora estou aqui, no fundo do poço, de coração partido e com saudade de uma criança que não é minha.
Eu sentia falta dos olhos verdes dele. Dos beijos que ele me dava pela noite, quando estávamos a sós na cama e quando fazíamos amor. Se eu fechar meus olhos, agora, nesse minuto, ainda consigo ouvir as palavras que ele sussurrava em meu ouvido, o seu toque gentil, o calor da sua pele, seu cheiro...
Sentia falta do sorriso que ele sempre carregava no rosto e que se alargava ainda mais quando via Faith. De vê-lo dormindo, quando ele pensava que não estava sendo observado e fazer carinho em seu cabelo, enrolando os pequenos cachos em meus dedos quando ele esquecia de cortar.
Mas junto com essas lembranças, também vem a dor que chegava a sufocar, de tão forte. As mentiras que ele contou, o modo frio como calculou me torturar por meses, ou até mesmo anos. Eu me pergunto todos os dias, de tudo que vivemos nesse pouco espaço de tempo, sobre o que era verdadeiro e o que não era.
Meu coração está em uma balança, totalmente inclinado para o lado das mentiras.
- Alexis, chega! Você precisa ir para casa... – A voz do Kit soou autoritária pela primeira vez. Eu o ignorei.
- Eu não tenho casa, Kit Kat. – Falei, chamando-o pelo apelido que escolhi desde o segundo dia aqui. – Você quer mesmo que eu vá embora? Se eu tiver incomodando, posso arrumar outro lugar. – Dei os ombros, um pouco sentida.
Realmente eu não tinha mais amigos em Nova York, mas ele não precisava saber. Ele suspirou e me deixou sozinha novamente. Eu era uma puta de cabeça dura. Me julguem.
Não tinham sido dias fáceis, não mesmo. Mas em todos eles eu podia me sentar na cadeira de balanço da varanda e admirar o mar. Sentir o vento nos meus cabelos, os grãos de areia nos meus pés e o cheiro do mar invadindo a minha mente. Podia sonhar e imaginar que era feliz.
A febre sempre vinha pela noite e só cedia com medicação. Eu havia perdido peso, muito peso. 8? 11? 12 quilos talvez...Não sei ao certo. Não me lembro também da última vez que consegui comer mais que um pedaço de maça, sem colocá-lo para fora. É como se o meu corpo estivesse rejeitando cada pedaço de 'vida' que eu tentasse colocar para dentro, ele não queria mais ser nutrido, alimentado.
Eu sabia que estava fraca, no limite. Mas naquela altura, nada me motivava mais.
Quanto mais eu pensava sobre os meus problemas, minha doença, minha vida...mais eu conseguia me afundar em mim mesma.
Me recusei a usar qualquer tipo de roupa que não fosse moletom e Kit se prontificou a compra-los para mim. Não era de marca, nem nada disso, mas eram confortáveis o suficiente para que virasse meu uniforme oficial, pra não dizer o mínimo.
Kit não parecia perceber que meu peso estava cedendo. Todos os dias eram como se eu pisasse em ovos e ele fosse descobrir a qualquer momento sobre o meu problema.
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Uma Babá em Minha Vida
RomanceOliver Hall era o CEO de uma grande companhia de aplicativos em Manhattan. Fizera sua fortuna trabalhando duro e depois de ficar viúvo, precisava de alguém disponível para cuidar da sua filhinha de seis meses. Alexis era uma jovem, sonhadora e opor...